sexta-feira, 3 de junho de 2011

And every second I waste is more than I can take... E cada segundo eu que disperdiço é mais do eu posso suportar...


Estou morrendo de vergonha. E pra quem achava que eu não tinha.... minha vergonha ontem foi tamanha, que tenho vergonha até de postar hoje. Estou dramática? Quem sabe é um efeito colateral com delay de ontem... do que poderia.. deveria ter sido e não foi.... Minha tensão foi anunciada antecipadamente via Twitter, minha noite de sono se perdeu e garantiu mais um post. Minha insônia até me lembrou minhas noites pré-estréia no teatro, que sempre eram assim: eu nunca dormia bem. Mas dessa vez foi diferente: eu simplesmente não dormi. Não ensaiei o quanto queria e devia, e todas as vezes que ensaiei não encontrei uma única vez que desse um feeling do tipo "agora tá ficando bom".... muito menos o bom de verdade... não me sentia boa, me sentia tensa.... minha voz não encaixava num texto que pra mim era redondo, tanto lendo quanto mentalizando.... porque pra ser sincera, eu estudei mais no trajeto casa-faculdade, do que em casa... e nesse tipo de cenário, eu não podia erguer a minha voz. Então, pra não correr o risco do constrangimento em público... desnecessário... Eu lia, e tentava me escutar, dentro da minha cabeça, sussurrando pra mim mesma como se dissesse tudo... mas não dizia nada... No chuveiro, também nada funcionava, nem ele me salvava. E enfim, ontem chegou, e eu pra começar bem, me atrasei... Mais tensa? Impossível. Me senti amedrontada o tempo todo. Um porque? Iria fazer o que nunca fiz: um drama. E diante de uma câmera. Começou a me bater todos os fantasmas. Será que eu vou dar conta do recado? Será que não sou nada do que pensava? Enganei todo mundo esse tempo todo? Ou me enganei? Antes, até as palavras do Joaz me vieram a cabeça, que essa é a profissão da insegurança, um ator sempre vai se sentir inseguro. E não sou eu quem sempre se diz segura na insegurança? Essa frase é minha e eu a honrei por anos, não ontem. Me deixei tomar por tudo que podia haver de ruim, e fui péssima. Minha voz não se encaixava nas palavras, prendi minhas mãos nas minhas costas inicialmente, me prendia inteira, estava fora de mim e ganhei um CORTAAA muito bem merecido, alguns puxões de orelha muito bem dados e um empurrãozinho... numa segunda tomada, já estava um tanto mais solta.. mas esquecia, disfarçava respirando, mas errando as viradas, na hora errada.... puxava o ar, como se o ar fossem as palavras que me escapavam do pensamento... e eu pensava? Não.. Eu sofria... essas foram as palavras do meu grande amigo que me acompanhou sala de gravação a dentro... E não era pra sofrer? Eu não tinha um drama nas mãos? Err... era esse o meu grande problema. Nunca dramatizei antes... em cena... (sentiram a ironia? um pequeno toque de humor...) e pra mim ali podia provar se eu era uma atriz de verdade, daquelas que independem da mídia em que estão, elas bastam, ou se eu era só a palhacinha da coxia, a atriz só pra teatro. Não que eu esteja me colocando contra o teatro, que é uma das minhas maiores paixões e que se não fosse por ele, eu não estaria nem aqui escrevendo hoje... Mas é que o meu desejo ao me colocar nas mãos do Jeam, é eu poder. Isso, ter o poder de me sentir inteira sem faltar nenhum pedaço diante de qualquer câmera, set ou um palco que seja, mas ser completa. Entrei nessas aulas com o intuito de evoluir, só assim posso me chamar de profissional um dia e então ser....
Pulei, mas minhas pernas estavam quebradas... fui péssima... estava fora de mim.... mas de três, a última de todas foi a escolhidas pro feedback de semana que vem. E essa minha ópera termina? Daqui a duas semanas, além feedback, quando vou gravar pela segunda e última vez a mesma história. E pra isso vou precisar renunciar...sono... tempo... porque é ele que me falta... comprometimento e perfeccionismo me sobram... aliás ele, o perfeccionismo me deu um encontrão ontem pela primeira vez tão intenso, como eu nunca senti em onze semanas... preciso controlá-lo e me controlar, a ponto de ensaiar e ensaiar e finalmente poder dizer "agora tá ficando bom"...

0 comentários:

Postar um comentário

Making of do Making of

Making of do Making of
Eu queria falar, dizer tudo que sentia, vivia, guardar de algum jeito cada pequeno detalhe, que me transformava em uma mulher, uma Atriz. Assim, eu criei esse espaço... tão meu.... seu.... nosso.... Aqui, eu tenho a minha coxia em forma de livro... um livro aberto de minha autoria — Renata Cavalcante, 28 anos, carioca da gema, prazer.... — narrando os bastidores da minha memória viva desde a preparação de Jeam Pierre até me tornar atriz da Cia. Grito de Teatro de Santa Catarina, numa evolução que vai do querer ser profissional a ser oficialmente reconhecida como tal — o antes e o depois do DRT, aqui pra você!

Ibope