Difícil negar que eu levei um baque.... que me abalei e que cheguei ao silêncio, pra me encontrar, refletindo diante daquilo tudo que nunca vou me esquecer....
Ficaram marcas, até aqui.... e eu juro que dispensava.... as semanas foram passando e minhas memórias se embaralharam e eu já não tenho mais meus mínimos detalhes, pra brincar.... mas não vou rasgar páginas, colocando elas em branco – porque isso não deixaria de ser...
Quero retomar tudo, as rédeas, desse meu livro aberto, até o ponto em que parei e as reticências que deixei pra trás....
Miniflashback, por favor
...Comecei me inspirando na Beyoncé e essa faixa de trilha sonora dela, me veio de imediato e não foi só pela música em sim, foi pelo clipe – que parece que saiu de dentro do texto – e depois, por ela, que embalava as entrelinhas em que eu acreditava – de negação, hesitação diante do medo de se entregar e se decepcionar.... enfim, incerteza – e dela, eu parti pra dança e encontrei uma, em forma de duelo apresentada pelo Kent, na sétima temporada daquele reality – que vocês conhecem muito bem, e se não vide – uma coreografia contemporânea para dois homens, que tem como fundo a história de dois amigos e uma traição – a punhalada pelas costas – eu me envolvi com o personagem do Kent – o amigo de boa fé, traído.. de camisa branca – porque ele se envolvia com a minha também... e parecia que tudo se encaixava com o maior drama de todos e se envolvia com ele.... com o meu também.... – e eu errei....
Escrevendo, achando que estava seguindo as mais recomendadas instruções, na minha zona de conforto – afinal, eu voltei a escrever.... – eu acabei me desnorteando, pelo norte que eu tentei criar, estabelecer pra mim.... e me arruinei... – até a página vinte....
Diante disso, eu encontrei – como sempre – as forças, a luz e o caminho para me safar, me achar de novo e sobreviver.... Sair dessa posição, dessa inércia, que a minha pretensão, minha falta de preparo e meus nervos me colocaram e me deixaram.... Bateu aquela vontade negra – alimentada pelo meu diabinho interior e o exterior – de fraquejar e abandonar.... mas eu ainda tenho um santo forte, que me ergueu e me levou ao encontro do Cris na noite em que eu gravei esse texto pra valer....
Pra gravar, eu abandonei a minha história, todas as minhas inspirações antigas, desconstruí.... e de repente, não mais que de repente, fui dirigida – antes de tudo, da cena – eu ganhei aquele empurrão, aquele estímulo, que eu precisava, e finalmente vi a luz.... a luz pra construir em cima do que sempre sonhei, mas ainda não tinha a coragem, nem via a oportunidade: ser uma vilã....
E para a minha vilã, requintada de ironia, sarcasmo e doses fartas de ignorância, Adele foi a minha trilha da vez... a música dela era a ideal para embalar essa minha mais nova personalidade, personagem.... e eu não busquei mais dança alguma, porque aquela – do duelo entre os homens – ainda sim, era perfeita para essa minha realidade – subtexto, pra não dizer que nunca usei do termo.... mas vocês só vão entender do que eu estou falando confissões além.... – de traição pelas costas, decepção, dor e mágoa....
A diferença dessa vez, é que a “minha” mágoa virava ressentimento e esse ressentimento se tornava ignorância, agressividade, violência em forma de ironia e sarcasmo – a dupla infalível.....
E eu me aproveitei, tirei vantagem de mim, da minha bagagem – da vilã interior – dos olhos, da força no olhar do Cris e eu consegui.... – com ele, Cristian Moura e sem o boom – nascer de novo.
É.... eu nasci em cena, e sem o tapinha no bumbum, dei meu grito de liberdade e me libertei – soltei a minha voz... ela se desavergonhou, o que, não foi um milagre, já que ela estava trabalhada no sarcasmo....
Eu dei uma sorte imensa, já que foi o Jeam que escolheu nossos parceiros pra cena, e quando ele escolheu o Cris pra mim, eu suspirei – por dentro – e consegui toda a minha desenvoltura.... evolução....
Aliás evolução foi a palavra-chave da nossa noite seguinte, quando sentamos pra receber um feedback – finalmente com cara de retorno – e nos assistir, não necessariamente nessa mesma ordem.... – invertida.
Sentamos pra nos assistir... e eu me vi, no formato de vilã.... uma vilã no início de carreira, cheia de agressividade, amargura e ironia.... – parece repetitivo, mas não dá pra escapar dessa palavra e daquela outra mágica: sarcasmo. Não vi nada de extraordinário, mas eu me ouvi e isso sim, foi extraordinário... minha voz soava em alto e bom som, e não só para o meu eu interior – sendo que nem ele mesmo sequer escutava – as intenções estavam lá, os erros também, mas que se dane... – com o perdão dos maus termos....
A perfeição é inatingível, ela está longe, fora do alcance.... é uma mera ilusão e que só faz enlouquecer, quem a persegue... eu quero largar ela de mão – a intenção eu tenho, de resto, só você me vendo de fora pra saber e me dizer se eu reflito ela nas minhas atitudes....
Enfim, ficou mais claro, o Advogado do Diabo resolveu – finalmente – nos dizer tintim por tintim, colocar o preto no branco, todos os pingos nos seus devidos is: fomos alertados para a questão do ritmo, em como trabalhar com a voz para se chegar aonde se quer, e, pra isso, pontuar as intenções, partindo de momentos-chave, que devem atingir quem quer que esteja nos assistindo.... da análise do texto.... como terminar uma frase, entonar e passar batido pelo que não interessa, ser objetivo, enfático, resumindo a ópera: aprendemos a dar ênfase na hora certa, no lugar certo, pra pessoa certa – você, querida platéia, que ainda é a alma do nosso negócio!
Agora aqui, cá entre nós, eu acho que se colocar no lugar da platéia faz a diferença, porque é ignorando todo o processo de criação que te envolve, que você pode saber se está funcionando ou não do jeito que você quer... e que não seja ignorando, mas pedindo uma segunda opinião, que seja, já vai ser valiosa pra você ganhar uma noçãozinha de realidade – coisinha que ator e atriz se desapega.... principalmente quando se envolve demais....
Não temos controle – eu não tenho – mas queremos aprender a ter e eu acredito que essa seja uma das formas de se tomar as rédeas....
Voltando aos reclames, tivemos além do aprendizado, as orelhas puxadas uma a uma.... e eu, na minha vez, soube – do que já desconfiava – que precisava de mais ritmo, mais andamento, acabamento no meu gogó de meu Deus – aulas de canto, estou precisada, Jamil... socorro!!!
Ai... e no fim.... – se é que realmente foi no fim e não foi no meio – massagearam o nosso ego – e quando digo nosso, é o meu junto com a minha turma inteira – e a palavrinha mágica saiu dos lábios de Jeam Pierre e nos fez – me fez – ganhar a noite: Evolução....
Evoluímos.... quer dizer, que estamos crescendo.... e não queremos mais parar.... – eu não quero.
A noite terminou em uma grande promessa.... a maior de todas..... junto com ela, a palavra do homem voltando atrás....
O texto não tinha acabado, íamos gravar mais uma vez.... e com um convidado muito, muito especial....
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