quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Direto do túnel do tempo...


Difícil negar que eu levei um baque.... que me abalei e que cheguei ao silêncio, pra me encontrar, refletindo diante daquilo tudo que nunca vou me esquecer....
Ficaram marcas, até aqui.... e eu juro que dispensava.... as semanas foram passando e minhas memórias se embaralharam e eu já não tenho mais meus mínimos detalhes, pra brincar.... mas não vou rasgar páginas, colocando elas em branco – porque isso não deixaria de ser...
Quero retomar tudo, as rédeas, desse meu livro aberto, até o ponto em que parei e as reticências que deixei pra trás....
Miniflashback, por favor
...Comecei me inspirando na Beyoncé e essa faixa de trilha sonora dela, me veio de imediato e não foi só pela música em sim, foi pelo clipe – que parece que saiu de dentro do texto – e depois, por ela, que embalava as entrelinhas em que eu acreditava – de negação, hesitação diante do medo de se entregar e se decepcionar.... enfim, incerteza – e dela, eu parti pra dança e encontrei uma, em forma de duelo apresentada pelo Kent, na sétima temporada daquele reality – que vocês conhecem muito bem, e se não vide – uma coreografia contemporânea para dois homens, que tem como fundo a história de dois amigos e uma traição – a punhalada pelas costas – eu me envolvi com o personagem do Kent – o amigo de boa fé, traído.. de camisa branca – porque ele se envolvia com a minha também... e parecia que tudo se encaixava com o maior drama de todos e se envolvia com ele.... com o meu também.... – e eu errei....
Escrevendo, achando que estava seguindo as mais recomendadas instruções, na minha zona de conforto – afinal, eu voltei a escrever.... – eu acabei me desnorteando, pelo norte que eu tentei criar, estabelecer pra mim.... e me arruinei... – até a página vinte....
Diante disso, eu encontrei – como sempre – as forças, a luz e o caminho para me safar, me achar de novo e sobreviver.... Sair dessa posição, dessa inércia, que a minha pretensão, minha falta de preparo e meus nervos me colocaram e me deixaram.... Bateu aquela vontade negra – alimentada pelo meu diabinho interior e o exterior – de fraquejar e abandonar.... mas eu ainda tenho um santo forte, que me ergueu e me levou ao encontro do Cris na noite em que eu gravei esse texto pra valer....
Pra gravar, eu abandonei a minha história, todas as minhas inspirações antigas, desconstruí.... e de repente, não mais que de repente, fui dirigida – antes de tudo, da cena – eu ganhei aquele empurrão, aquele estímulo, que eu precisava, e finalmente vi a luz.... a luz pra construir em cima do que sempre sonhei, mas ainda não tinha a coragem, nem via a oportunidade: ser uma vilã....
E para a minha vilã, requintada de ironia, sarcasmo e doses fartas de ignorância, Adele foi a minha trilha da vez... a música dela era a ideal para embalar essa minha mais nova personalidade, personagem.... e eu não busquei mais dança alguma, porque aquela – do duelo entre os homens – ainda sim, era perfeita para essa minha realidade – subtexto, pra não dizer que nunca usei do termo.... mas vocês só vão entender do que eu estou falando confissões além.... – de traição pelas costas, decepção, dor e mágoa.... 
A diferença dessa vez, é que a “minha” mágoa virava ressentimento e esse ressentimento se tornava ignorância, agressividade, violência em forma de ironia e sarcasmo – a dupla infalível..... 
E eu me aproveitei, tirei vantagem de mim, da minha bagagem  da vilã interior  dos olhos, da força no olhar do Cris e eu consegui.... – com ele, Cristian Moura e sem o boom – nascer de novo.
É.... eu nasci em cena, e sem o tapinha no bumbum, dei meu grito de liberdade e me libertei – soltei a minha voz... ela se desavergonhou, o que, não foi um milagre, já que ela estava trabalhada no sarcasmo....
Eu dei uma sorte imensa, já que foi o Jeam que escolheu nossos parceiros pra cena, e quando ele escolheu o Cris pra mim, eu suspirei – por dentro – e consegui toda a minha desenvoltura.... evolução....
Aliás evolução foi a palavra-chave da nossa noite seguinte, quando sentamos pra receber um feedback – finalmente com cara de retorno – e nos assistir, não necessariamente nessa mesma ordem.... – invertida.
Sentamos pra nos assistir... e eu me vi, no formato de vilã.... uma vilã no início de carreira, cheia de agressividade, amargura e ironia.... – parece repetitivo, mas não dá pra escapar dessa palavra e daquela outra mágica: sarcasmo. Não vi nada de extraordinário, mas eu me ouvi e isso sim, foi extraordinário... minha voz soava em alto e bom som, e não só para o meu eu interior – sendo que nem ele mesmo sequer escutava – as intenções estavam lá, os erros também, mas que se dane... – com o perdão dos maus termos.... 
A perfeição é inatingível, ela está longe, fora do alcance.... é uma mera ilusão e que só faz enlouquecer, quem a persegue... eu quero largar ela de mão – a intenção eu tenho, de resto, só você me vendo de fora pra saber e me dizer se eu reflito ela nas minhas atitudes....
Enfim, ficou mais claro, o Advogado do Diabo resolveu – finalmente – nos dizer tintim por tintim, colocar o preto no branco, todos os pingos nos seus devidos is: fomos alertados para a questão do ritmo, em como trabalhar com a voz para se chegar aonde se quer, e, pra isso, pontuar as intenções, partindo de momentos-chave, que devem atingir quem quer que esteja nos assistindo.... da análise do texto.... como terminar uma frase, entonar e passar batido pelo que não interessa, ser objetivo, enfático, resumindo a ópera: aprendemos a dar ênfase na hora certa, no lugar certo, pra pessoa certa – você, querida platéia, que ainda é a alma do nosso negócio!
Agora aqui, cá entre nós, eu acho que se colocar no lugar da platéia faz a diferença, porque é ignorando todo o processo de criação que te envolve, que você pode saber se está funcionando ou não do jeito que você quer... e que não seja ignorando, mas pedindo uma segunda opinião, que seja, já vai ser valiosa pra você ganhar uma noçãozinha de realidade – coisinha que ator e atriz se desapega.... principalmente quando se envolve demais.... 
Não temos controle – eu não tenho – mas queremos aprender a ter e eu acredito que essa seja uma das formas de se tomar as rédeas....
Voltando aos reclames, tivemos além do aprendizado, as orelhas puxadas uma a uma.... e eu, na minha vez, soube – do que já desconfiava – que precisava de mais ritmo, mais andamento, acabamento no meu gogó de meu Deus – aulas de canto, estou precisada, Jamil... socorro!!!
Ai... e no fim.... – se é que realmente foi no fim e não foi no meio – massagearam o nosso ego – e quando digo nosso, é o meu junto com a minha turma inteira – e a palavrinha mágica saiu dos lábios de Jeam Pierre e nos fez – me fez – ganhar a noite: Evolução.... 
Evoluímos.... quer dizer, que estamos crescendo.... e não queremos mais parar.... – eu não quero.
A noite terminou em uma grande promessa.... a maior de todas..... junto com ela, a palavra do homem voltando atrás.... 
O texto não tinha acabado, íamos gravar mais uma vez.... e com um convidado muito, muito especial....

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Making of do Making of

Making of do Making of
Eu queria falar, dizer tudo que sentia, vivia, guardar de algum jeito cada pequeno detalhe, que me transformava em uma mulher, uma Atriz. Assim, eu criei esse espaço... tão meu.... seu.... nosso.... Aqui, eu tenho a minha coxia em forma de livro... um livro aberto de minha autoria — Renata Cavalcante, 28 anos, carioca da gema, prazer.... — narrando os bastidores da minha memória viva desde a preparação de Jeam Pierre até me tornar atriz da Cia. Grito de Teatro de Santa Catarina, numa evolução que vai do querer ser profissional a ser oficialmente reconhecida como tal — o antes e o depois do DRT, aqui pra você!

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