domingo, 3 de julho de 2011

Me confessando, enfim, feliz....


Demorei pra encontrar as palavras certas pra definir o que foi a segunda gravação pra mim. É difícil definir o que se sente, o que eu senti, só consigo dizer que senti e de repente, meus olhos se encheram de lágrimas e um deles se derrama em uma que cai, rolando pelo meu rosto. Chorei pela primeira vez em cena... e, minha primeira reação foi de querer rir de felicidade, mas me mantive na raiva, na decepção da personagem, que ainda amava e que estava sendo traída, tentando dar um fim em tudo. Assim como ela, eu juntei meus cacos, fui encaixando peça por peça, com trilha sonora e ensaios que se estenderam em duas semanas, desde que terminou a gravação até ir ao inferno e abraçar o capeta, assistindo ali de camarote a minha tragédia...Passaram-se a tempestade do perfeccionismo e do orgulho ferido, e veio a gana de me exibir de verdade, levantar, sacudir a poeira e dar aquela volta por cima. E ela veio do inesperado, desde a dança das cadeiras de parceiro pra entrar no set de gravação até a hierarquia invertida de gravação (deixando meu colega da vez, assumir a marcação).. Me levantei achando que sabia a resposta para a pergunta de 1 milhão de dólares, quando na verdade, fui desafiada a responder uma pergunta que eu mesma já havia me feito aqui um dia e que já tinha respondido... Em frente às câmeras não fugi da raia, e respondi sem fugir do que eu mesma já tive na pontas dos dedos e me perder quando passasse à ponta da língua. O porquê de eu querer ser atriz: viver várias vidas numa só, ir além do que eu sou, ir além... E eu fui, saí do inferno, passei batida pelo purgatório e fui aos céus chorando.... Inesperadamente, sem saber, nem como nem porque, eu chorei, fui além de mim, do que eu esperava, fui atriz.... me senti viva.. estava viva, concentrada desde que me pediram para estar ali de corpo e alma presente, estava ali.... E assistir a tudo isso de camarote, ansiando ver como finalmente surgiu o brilho no meu olhar, como se encheu de lágrimas e como uma delas se derramou e rolou, fez uma outra se derramar de um lado e outra de outro, chorei comigo mesma. Fui feliz como há muito tempo era.... tanto gravando como assistindo à gravação... e finalmente, eu descobri o porque da minha demora para retornar aqui: escrever quando se está triste é muito mais fácil, a tristeza desperta as palavras, e a felicidade, dispensa elas....

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Making of do Making of

Making of do Making of
Eu queria falar, dizer tudo que sentia, vivia, guardar de algum jeito cada pequeno detalhe, que me transformava em uma mulher, uma Atriz. Assim, eu criei esse espaço... tão meu.... seu.... nosso.... Aqui, eu tenho a minha coxia em forma de livro... um livro aberto de minha autoria — Renata Cavalcante, 28 anos, carioca da gema, prazer.... — narrando os bastidores da minha memória viva desde a preparação de Jeam Pierre até me tornar atriz da Cia. Grito de Teatro de Santa Catarina, numa evolução que vai do querer ser profissional a ser oficialmente reconhecida como tal — o antes e o depois do DRT, aqui pra você!

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