domingo, 14 de agosto de 2011

Do país das Maravilhas à mulher-macho – prazer, Alice... Edelcio e o prazer é todo meu!


Você recebe uma provocação... o que faz? Responde à altura. Dependendo da sua idade, sua resposta é instintiva ou inteligente. Raros são os que conseguem fazer a perfeição que é essa combinação – fatal. Independente do tipo de resposta que alcance e de reação que você tenha, passivo é que você não fica. A questão é... se você vai usar o instinto a serviço da inteligência ou a inteligência a serviço do instinto – me emprestando aqui da sabedoria de Glória Perez em uma de suas obras.
E quando a provocação é em forma de texto?
Pois bem, na minha vidinha mais ou menos, mas pra mais do que pra menos – créditos à Jeam Pierre por esse trecho de sabedoria – posso me dar ao luxo de usar meu instinto a serviço da inteligência e transformar tudo em brincadeira – é um dom – mas diante de um texto, não. A brincadeira é séria. Nossa vida não exige planejamento, raciocínio perante atitudes, não, a ponto de encará-las pausadamente e mecanicamente, apelidando de takes, pausas e marcações. 
Quando inventamos de brincar de ser outro alguém, temos um meio – texto – para se chegar a determinados fins... e, para nós, sim, “os fins justificam os meios”.
Viver outro alguém requer estudar esse meio, através dele, entender quem você irá arrancar de si. A partir de uma história que estão te contando, você consegue sentir as emoções, nas entrelinhas, decifrar a história desse alguém. E para isso, você acaba aliando instinto e inteligência, mas principalmente abusa da inteligência a serviço do instinto. Nos programamos para essa nova vida, de acordo com o script.
E o meu script dessa semana gritava. As palavras tinham peso próprio e se faziam vivas de uma forma pouco ortodoxa: eram extremamente profanas, mundanas. E qual era a orientação, Advogado do Diabo? Ignorar e ir para o lado oposto da força: a inocência. E eu fui.
Em meu oposto, busquei a menina que ainda habita em mim e a inocência perdida, criando a partir dela, alguém que diria essas palavras sem a menor noção do peso que elas tinham, alguém acima de qualquer suspeita e que jamais se imaginaria dizendo tais coisas: Alice.
A maior loucura de todas foi que eu acabei me divertindo com ela e sua história, coloquei meus óculos e ensaiei. Agora até sinto uma chama ardendo dentro de mim, é prazer e por mais estranho que possa parecer, é a prova de que ela está viva aqui dentro.
Agora, não vou falar de agora, porque a intenção mesmo é voltar direto pro túnel do tempo: última quinta. Levei a Alice comigo, mas inicialmente ela ficou de canto, pois passamos pouco mais de 1 hora dando um feedback sobre o grande encontro. Passado ele, partimos em grupos menores – meninos versus meninas – para fazer dos nossos monólogos, cena. Com quem estava, eu comecei, colocando a Alice pra fora. CORTAAA. Segundo passo, uma colega de cena fazer do mesmo jeito que eu, só que além de me imitar, tinha que exagerar – fazer uma prima da Alice no superlativo. Confesso que aí eu me diverti. A loirinha que me imitou, minha colega de cena – Isabella – foi no ponto. Depois, troca-troca. Agora tínhamos que estar em grupinhos unissex – homens e mulheres juntos. Com a nova formação, eu novamente representei o monólogo feminino e a Alice deu a ar de sua graça mais uma vez. Depois um dos meninos, colega de cena, foi representar o seu Edelcio e logo tratou de arranjar sua Cilene.
Acabados os trabalhos, terminamos em uma roda. 
E tchaaaaaaaaaaraaaaaaaam... A grande surpresa da noite, o grande momento: tapão na mesa e a brincadeira tava invertida; inversão de monólogos – antes que alguém se perca, menina vira menino e menino vira menina. Uau?
Esse Jeam, ainda me mata. Sei que ele me torturou até me permitir ser macha de uma vez. Eu parecia uma pipoca ambulante até ele finalmente me dar comando de ação, que nem uma criança, inclusive verbalizando Ahhhhh eu quero fazer, Jeam me deixa fazer..... Mas aí tinha um porém, eu tinha que seguir o que me foi apresentado em grupo. Ok. Como mandava o script que me deram, me arranjei com a minha Cilene e protagonizei uma das cenas mais hilárias desses meses todos de aula. Não me reprimi não e expulsei toda a minha testosterona reprimida – que loucuuuuura – entre gargalhadas femininas, por vezes – bem disfarçadas – masculinas – juuuuura  eu falei palavra por palavra com a boca cheia, ali saiu o meu teatro todo pelos poros, sem pudor e eu fui feliz... mesmo sem ter a oportunidade de falar bate cachorra bate...
Aplausos, eu ganhei e feedback garantido de olhinhos que brilharam, me admirando de frente e outros que se arregalaram, sorrisos... um prazer.... imenso e todo meu....
E o que mais essa atriz aqui pode querer? Ir além, mais além ainda...

1 comentários:

Harrison Reis de Sousa at: 14 de agosto de 2011 às 22:12 disse...

Hahahahaha, ai ai essa Renata. Muito boa a sua versão pro Edelcio.

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Making of do Making of

Making of do Making of
Eu queria falar, dizer tudo que sentia, vivia, guardar de algum jeito cada pequeno detalhe, que me transformava em uma mulher, uma Atriz. Assim, eu criei esse espaço... tão meu.... seu.... nosso.... Aqui, eu tenho a minha coxia em forma de livro... um livro aberto de minha autoria — Renata Cavalcante, 28 anos, carioca da gema, prazer.... — narrando os bastidores da minha memória viva desde a preparação de Jeam Pierre até me tornar atriz da Cia. Grito de Teatro de Santa Catarina, numa evolução que vai do querer ser profissional a ser oficialmente reconhecida como tal — o antes e o depois do DRT, aqui pra você!

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