segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Eu e o grande evento da minha vida, o grande evento da minha vida e eu...


Não me aguento de tanta inspiração, mais um tantinho assim e eu saio feito uma pluma ao vento. O que foi encontrar todos os alunos de Jeam Pierre e Tonio Carvalho? Ahhhhhhhhhh...
Ok. Antes de qualquer coisa, silêncio é um artigo de luxo dispensável pra mim, embora ele permaneça a me rondar pela última quinta ter sido como foi... para quem não sabe eu sofri de um mal súbito e fui intimada a faltar pela primeira vez – parecia que tinham me arrancado um pedaço... me senti sacrificada – mas entre mortos e feridos, eu me salvei e estou aqui pra contar a história e que história...
Dessa vez não vou falar de Jeam e suas técnicas, como me prepara, embora ele estivesse envolvido nesse processo que vivi de qualquer maneira. Não é uma aula, não será a minha última quinta a bola da vez... será meu último domingo, meu encontro com os abomináveis de Jeam Pierre e o grande Tonio Carvalho.
Para quem é de fora, abominável é a forma carinhosa com que o Jeam nos chama ao invés de alunos, afinal pra quê chamar de aluno, se em latim é sem luz mesmo? E luz nós temos.... ok, alguns, porque o Sol não nasce pra todos...
Mas enfim, retornando... estar num recinto abarrotado de atores e atrizes faz bem pra pele, lava a alma, renova as forças e inspira... e como estou inspirada e leve.... me senti e me sinto menos louca e nem um pouco só....
Me cercaram num hospício de loucos que tem o mesmo sonho que eu, maior do que nós mesmos, vai além e nos faz ir além da maioria. Quem sabe, seja por isso que assuste tanto os de fora, vulgarmente conhecidos por normais...
O contato com todos eles – uns mais, outros menos – foi um combustível pessoal, me senti e ainda estou me sentindo... a felicidade dispensa palavras, eu já disse... mas quem sou eu pra dispensá-las?
Conheci e reconheci talentos natos, personalidades marcantes e cativantes – duas em especial. Me diverti e dancei como não dançava há muito tempo.... num tempo onde eu queria substituir a Scheila Carvalho – que era minha ídola  – e ser a morena do Tchan, sabendo de cor todas as coreografias, com direito à show, fechando rodinha ao meu redor, só pra eu dançar, quando ia à praia.... e não, eu não tinha começado a fazer teatro nessa época....
Tive meu direito à showzinho dançando Jamil e Uma Noites, indo até o chão, quebrando tudo.... literalmente. Eu quebrei tudo, quebramos tudo e botamos o terror, fizemos do sonho do Jeam o nosso, e daquele encontro, um grande encontro, o maior evento do ano e da minha vida, e sei que não falo só por mim nesse momento.
Agora exclusivamente para mim, nunca me imaginei num evento desses, nem que existia... mas existe e não eu precisei me beliscar para me convencer disso. Matei minha vontade de ter uma aula de canto, mesmo que em formato de Workshop, que eu tive o prazer de ter com um conterrâneo, carioca como eu, escutando a voz de casa – que se estendeu na voz do Tonio. Depois, a outra vontade louca – que eu nem sabia que tinha – de dançar, roubar bexigas dos outros no ar e gritar, porque se eu não larguei mão da garganta na aula de canto, eu definitivamente não ia sossegar se não fizesse isso na grande dinâmica que concentrou todos os abomináveis entre quatro paredes. E eu fiz, ficando extremamente rouca.
Rouca para encontrar com ninguém mais, ninguém menos que Tonio Carvalho, o diretor da Oficina de Atores da Globo. Uma sumidade. Um homem que exala sabedoria, realmente especial. Foi mágico, conhecer alguém com tanta bagagem e que transmitia a mesma paixão louca que sentimos por essa profissão que ninguém entende. E se não deu pra ninguém entender ainda, seja de fora ou de dentro do meio, é porque não se é para se entender esse ofício, e sim senti-lo. E o que se sente? Prazer. Se você não tiver ele, você não faz parte, definitivamente, desse nosso meio. Essa foi uma das grandes exclusivas que o Tonio nos deu. Ele trouxe a inspiração para voltar a ser criança e trabalhar como se fosse abrir os olhos, com os olhos de um bebê que desconhece o mundo e a vida, capaz de experimentar sem medo de errar.
É impossível colocar em palavras, todas as palavras dele e o que elas significam. Elas foram de uma intimidade, que me tocaram profundamente, me fizeram ter certeza de que eu não estava errada, quando finalmente percebi que a brincadeira era séria e que eu queria me envolver e mergulhar nessa intensidade tamanha de que sou feita... mundo, vasto mundo, maior e mais complexo dentro de mim do que o exterior que me cerca  – inspiração mais que evidente na fala da minha colega de cena, Ana – e me emprestar à outro alguém que tiro de dentro desse mundo tão meu pra viver, compartilhando com vocês na forma do que chamam de personagem...
Esse, enfim, é do que nosso ofício é feito: ser humano, mais humano que muito ser, isso em dose dupla... tripla... até se perder nas contas...
É o ar... é meu ar.

1 comentários:

Juhjuh at: 8 de agosto de 2011 às 18:04 disse...

lindo mana! <3 vibrante igual vc
beijo grandao

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Making of do Making of

Making of do Making of
Eu queria falar, dizer tudo que sentia, vivia, guardar de algum jeito cada pequeno detalhe, que me transformava em uma mulher, uma Atriz. Assim, eu criei esse espaço... tão meu.... seu.... nosso.... Aqui, eu tenho a minha coxia em forma de livro... um livro aberto de minha autoria — Renata Cavalcante, 28 anos, carioca da gema, prazer.... — narrando os bastidores da minha memória viva desde a preparação de Jeam Pierre até me tornar atriz da Cia. Grito de Teatro de Santa Catarina, numa evolução que vai do querer ser profissional a ser oficialmente reconhecida como tal — o antes e o depois do DRT, aqui pra você!

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