segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Aiiiii... NÃOOOOOOOOOOOOOOO... ME FLAGRARAM, PRODUÇÃO?


E quando eu paro pra pensar no que foi essa segunda noite de preparação... UAU... no quanto esperavam e no quanto eu esperei pra finalmente colocá-la em palavras...
MAIS UAU AINDA!!!
Mas o espanto não mora só nessa expectativa tão minha, quanto sua: nossa... de começar logo... mas já vem pelo começo em si: quando chegamos vimos estranhos, pessoas estranhas e logo um burburinho se formou no ar... teorias das mais conspiratórias e delírios de toda sorte... – e azar...
No fim das contas, não vou precisar com exatidão os momentos, de um jeito que diga o que aconteceu antes do que, então sintam-se livres pra imaginar e ir além junto comigo dessa vez... preparados?
Lá vou eu!... Depois desse primeiro impacto diante de estranhos – que eu vou explicar lááá na frente quem são, o que são e pra quê estão aqui... o que realmente importa saber é: estavam lá pra nos flagrar e não eram paparazzi – e de alguma conversinha preliminar com o Jeam, fui colocada em trio com dois grandes amigos e colegas de cena mais um ser inédito – alguém com quem estudo, mas nunca estudei... deu pra entender?... não?... um colega, que nunca chegou a ser de cena... agora posso voltar? – e formamos o que era pra ser alguém condenado entre aspas com dois algozes e um defensor.... na primeira levantada – por livre e espontânea pressão e vontade – de mão se escolhia o condenado – personagem contador da grande história, personagem do texto – e eu que posso dizer... hesitei e o ser inédito levantou a mão.... ele se tornou o alvo da roda que formaríamos entre nós. Numa segunda chance – que parecia ser oportunidade – eu levantei a minha mão de imediato e me tornei a defensora – que graça... porque eu não fiquei quieta hein?... agora alguém duvida da minha alma de vilã indomável?... preciso aprender a me domar e a ser mocinha... mas enquanto isso não acontece... – e os outros dois – queridos – colegas se tornaram algozes – muito mais divertido... tá, parei – e enfim, começamos a brincar pra valer: de policial e bandido – e sem trocadilhos, mesmo tendo um realmente oficial entre nós – numa caçada divertida, tentando fazer o pobre diabo se trair e se confessar dando o maior passo de todos que alguém no mundo podia dar... e francamente?
Fiquei um tanto desapontada com nosso pobre diabo na roda... ele estava muito engessado, parecia uma múmia enfaixada no texto, era como se uma folha de papel fizesse parte dele, como se a vida dele dependesse de escapar o rabo do olho pra aquelas linhas impressas cheias de letrinhas – era muito desespero pra pouca causa... e eu como advogada e defensora, imagina como ficava?... não ficava, EXATAMENTE!.... brochava...  – mas enfim... entre mortos e feridos – e, inclusive, a passadinha de diabinho do Jeam pra fazer o menino construir uma relação, um passado e a peça mais importante do jogo mais as nossas instruções pra chegar à esse tesouro – salvaram-se todos!... eu acho...
Passamos dessa pra uma melhor, fomos pro chão... agora? Fomos... só não sei se agora... mas é agora que vai, eu vou: sentei no chão – eu e geral – primeiro pra ouvir o Jeam cantar trechos do texto em nossos ouvidos feito música, que nós tínhamos que dançar – traduzir no corpo em movimento as palavras, as pequenas histórias de cada trecho – e sabe como eu fiz?... dancei?... pensa numa mulher se contorcendo, indo da posição fetal à posições que eu nem me atrevo a dar um nome – nem sei se tem um – agora eleva isso ao cubo e abra bem seus olhos, para encarar a realidade – capturada da que capturaram...




Sentiram?... e em segundo, paramos pra ver o Jeam demonstrar uma tática muito da engenhosa de se preparar um ser para se atingir uma intensidade além do que podem imaginar em alguns instantes, vai parecer um tanto polishop ou personal trainner da minha parte, já vou avisando que só dá pra ser assim, só lamento, prestem atenção: é só ficar de quatro no chão e ir se esticando aos poucos no chão, como quem quer se deitar de bruços – sem nunca chegar à – porque o segredo é justamente é viver essa tortura, essa agonia de sentir até o cotovelo espraguejar – no seu pensamento – e quando você não suportar mais e quiser se libertar – literalmente – do sofrimento físico – deixo bem claro – existe uma única palavra mágica que pode te soltar dessas amarras que a técnica e a preparação diabólica do Jeam te impõem... três letras e uma única sílaba... aquela que você quando era bebê aprendeu antes do que qualquer outra e sem ela jamais aprenderia nada nem começaria a cena de agora: NÃO. Mas não era qualquer não, era um não que traduzisse em som toda a dor e o sofrimento que seu corpo passou por culpa do esforço sacana que você fez ele passar, era esse o propósito... e nós vimos o Jeam servir de modelo, de cobaia... de exemplo – quem diria.... brincadeirinha... nunca deixou de ser...
E, depois dele, era a nossa vez... detalhe pequenininho pra uns e enoooooooorme pra outros: estávamos sendo filmados – e nada daquele sorria... sob pena de ser degolado pelo preparador – no pior e melhor momento.... dependendo do ângulo de quem vê.. ou não... estava eu de quatro, querendo me esticar.... quase me esticando.... esperando a dor chegar, praticamente uma grávida esperando a contração e quando ela vem, sabendo, porque alguém sempre diz, que tem que fazer força, toda a força que tem e que não tem... Aqui a minha contração era a traição dos meus músculos do braço, podiam ser os joelhos, mas foram os braços, definitivamente eles... e quando eles não me suportassem, não me agüentassem mais – meu peso – eu iria fazer uma força... a força tamanha de um NÃOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO só meu: esgoelado, arranhado, berrado, doído, sofriiiiiiiido... era um monólogo inteiro cabendo em um som – assim como meu grande amigo e galã Jamil Vigano sabiamente disse no fim...
Mas não chegamos nem nos aplausos.... portanto, preparem-se para fortes emoções – mais fortes ainda do que as que eu já confessei – voltamos a formar uma grande roda e em mais um momento altamente inspirado, nosso preparador mor e mestre Pierre acenou com um simples pedido com requintes de intimação – oportunidade – de ter alguém no centro das atenções da roda imediatamente e eu já sei o que vocês estão pensando e eu também pensei nisso... pensei em me levantar, mas a prudência me segurou no pedaço de chão que ocupava e lá se foi a Bella, mais um ser foi convocado e lá se foi o Tiago – meu fiel leitor – e mais uma vez alguém foi chamado e eu já estava a postos e fui de uma vez – aleluuuuuia.... é, eu escutei daqui, seus exageradinhos!... E enfim, mais um, o último – um dos meus companheiros de cena prediletos, o Everson – se juntou à nós... pra quem se perdeu nas contas, fechamos em quatro seres abomináveis no centro das atenções.
O primeiro casal formado – não com essa intenção, se acalmem aí, porque a cena não pedia – pela Bella e o Tiago que seriam os acusados – os pobres diabos culpados, cada um no seu quadrado – por mim e pelo meu companheiro Everson, respectivamente – pra vocês verem que nem tudo é o que parece, os casais se desdobraram em duplas invertidas e do mesmo sexo, como ninguém previa... e quando é que a gente prevê alguma coisa?
Enfim, inicialmente era pra eu provocar a Bella, fazer ela confessar um crime quer ela tenha cometido ou não – dentro do script, vale dizer – fazer ela se trair.... e eu não poupei ela nem esforços meus e fui pegando ela pelo braço, sacodi, desafiei – excelente – e eu não via mais ninguém além dela e da minha sede de fazer ela cair do cavalo... – isso quer dizer que eu desconfio que os meninos do lado foram pelo mesmo caminho.... só desconfio... – até que o Jeam mandou partir pra cima e ninguém sabia o que fazer.... ele foi e desenhou que era pra ficar por cima da pessoa, de quatro, com chance de imobilizar – eu nem preciso dizer que adorei, preciso?...praticamente uma campeã de MMA falando, se sentindo no octógono... – os meninos – nessa hora de receber as instruções eu vi – que eram os mais envergonhados e constrangidos, perderam pra nós, donzelas, quem diria? Eu me aproveitei da situação, queria mais era ver o circo pegar fogo e quando eu recebi o aval – porque eu perguntei com todas as letras o limite – do Jeam, que disse que só não queria ver arranhão e puxão de cabelo, eu me realizei: parti pra cima da Bella como ele mandou, agarrei ela pelos pulsos e fuzilando com o olhar, metralhando com as palavras, fazendo questão de não deixar ela sequer ter tempo de pensar no que ia falar ou dizer, querendo que ela se traísse.... e ela podia revidar, mas teve medo de me machucar – bonitinha ela né gente... e eu que antes cravei as unhas nos braços dela e fiquei sacudindo, nem pensei em poupar.... sou uma ogra mesmo.... – e no fim, ela realmente não conseguia mais pensar, não sabia mais como reagir, eu fui a arma, o Jack Bauer, o Capitão Nascimento em forma de gente e foi revigorante pra mim, esses instantes, essa cena, essa tática de....
Pressionar, qualquer estúpido consegue, mas fazer isso sem perder as estribeiras, isso requer um nível um pouco acima... e se permitir pressionar, níveis além também! Quer dizer que o que eu fiz não teria sido a metade sem o que eu recebi de volta da Bella – em mais uma parceria sensacional – claro que eu tive o estímulo – não tive medo de partir pra cima – e eu abracei o desafio, e, quis desafiar, mas um desafio não é nada sem o outro lado: o desafiado. Ali era tudo muito claro – agora que estou aqui, óbvio, que não ali no calor do momento – que a intenção era se sentir acuado ao ponto da verdade vir à tona, fosse ela qual fosse... era gerar um campo de pressão, onde até o pensamento fosse barrado, qualquer capacidade mínima de se racionalizar uma maneira de se defender, tudo passava a ser nosso, físico, parte a parte, extremamente natural, desde a frieza do chão contra as costas até o peso de quem estivesse por cima – creio eu que foi muito bem calculado e pensado, pra causar a pressão física, a sensação fiel de realidade ao que estávamos experimentando... todos os pontos ao Jeam, por isso... realmente genial da parte dele, ou de quem ele aprendeu com.... enfim... – e pra quem estivesse por cima, a sensação de pesar, e, por, pesar de sentir o poder, se sentir poderoso, por saber que está sob controle, controlando a vontade e a ação do outro a seu favor, se a intenção era fazer com que se traísse, era só pressionar com precisão, entupir os ouvidos e os olhos de informação, que nunca cessa, acusação que nunca termina, tendo razão ou não....
E sabem no fim, o mais me impressionou? Quando tudo se acabou, até o Jeam já tinha passado por nós, tentado arrancar o texto da Bella e ela não conseguia nem falar nem pensar, e tudo já tinha passado, já estávamos sentados conversando sobre como tinha sido tudo e ela me disse, sentadinha do meu lado, já não sei se antes ou depois, ela falou – desconfio que antes, porque agora me lembrei que foi depois disso que ela sentiu que devia falar – falou pra mim... – é estou repetindo, pra ver se eu, mesmo hoje, ainda acredito que escutei mesmo essas palavras – "sem você, eu não teria conseguido naquela hora" e isso vale mais que mil feedbacks... eu me senti grande, enorme, importante, alguém de verdade... uma atriz de verdade.... uma companheira de cena de verdade...
E depois eu falei à câmera como tinha sido tudo e ela capturou... na verdade tudo que eu senti... e foi ao ar... nem tudo que capturaram de nós em ação, é verdade... mas fomos parte de um programa que iria, como eu, mostrar o que o Jeam é capaz de fazer pra formar quem quer ser – ou acha que é – em ator... atriz como eu, de verdade!

0 comentários:

Postar um comentário

Making of do Making of

Making of do Making of
Eu queria falar, dizer tudo que sentia, vivia, guardar de algum jeito cada pequeno detalhe, que me transformava em uma mulher, uma Atriz. Assim, eu criei esse espaço... tão meu.... seu.... nosso.... Aqui, eu tenho a minha coxia em forma de livro... um livro aberto de minha autoria — Renata Cavalcante, 28 anos, carioca da gema, prazer.... — narrando os bastidores da minha memória viva desde a preparação de Jeam Pierre até me tornar atriz da Cia. Grito de Teatro de Santa Catarina, numa evolução que vai do querer ser profissional a ser oficialmente reconhecida como tal — o antes e o depois do DRT, aqui pra você!

Ibope