A essas horas já era pra ter acabado, né? Texto finito – afinal já gravamos, assistimos, recebemos feedback, e não é sempre aí que terminam os trabalhos?
E quem disse que acaba quando termina?
Aqui é tudo sempre imprevisível, não se esqueçam.... a instabilidade é o nosso sobrenome menor, porque o maior é pressão. Então, não, não acabou quando aparentemente terminou, porque terminamos não com um ponto final, mas com reticências nosso último encontro, que iam além dos três pontinhos, eram uma promessa: íamos sentir como essa cena ia ficar boa de verdade.
Entrou na arena, de um lado a prepaaaaaaraçãoooooo de atooooooores, e do outro nós. E do embate dos dois: o Advogado do Diabo nos fez enxergar e entender por meio de interrogatórios, quem era o ser que estávamos representando, sua personalidade, seus ideais e principalmente a sua versão da história, sua bagagem e a definição da sua real posição perante à personagem que iria confrontar em cena.
Essas respostas, eu encontrei sozinha e em acareação com a minha colega de cena. Os moldes pareciam esses mesmo, como se brincássemos de policial e bandido – pelo menos eu me sentia bandida... UUUUUUIIIII... e sabia que era! – e estávamos mesmo, buscando primeiro em si, depois no outro, num trabalho que parte de dentro pra fora e reflete. E que além de reflexão de si, provoca a reflexão no outro também.
Não só a ruindade da minha personagem que quando viu a da frente se debulhando em lágrimas, pensou imediatamente ahhhhh vai chorar? – no tom mais sarcástico que vocês puderem imaginar – ... chamou ela de otária e se sentia mais malandra e esperta do que nunca, mesmo que não ultrapassasse a linha do deslumbre e da cegueira por ambição... fuzilava com o olhar, com ar de “superioridade” diante da fraqueza da outra. Se achar por cima da carne seca, comendo filé mignon.... ela não prestava, continuando a mesma VAAAAACAAAAAAAAAAA de antes, com um bônus – que não deixa de ser ônus – ela foi turbinada pela preparação dos diabos de Pierre, que deixou a personalidade dela tão dilatada, que chegou o meu racional apitar junto dela, me impedindo de inverter ela, subverter a sua vontade, voltar atrás e fazer dela, arrependida – ela não aceitou e nem eu confesso, eu defendo a minha cria, minha obra... e além do mais a dramaticidade era tanta na minha frente, que eu mesma não ia tolerar ao quadrado.
Era todo um conflito de interesses, vontades e personalidades, embasado pela análise fria das minhas intenções junto das intenções que a minha colega me apresentava, chegamos à conclusão – eu e ela – de que não suportaríamos nem um minuto, nem dentro, nem fora de cena. Minha colega se demonstrava abalada de uma forma, que se eu baixasse a crista da minha personagem, cairíamos na Usurpadora... no embate das Paulinas ao quadrado... no Apocalipse.... em 2012, no fim dos mundos.... então era melhor pra minha sanidade pessoal – profissional – e principalmente de quem estivesse de fora, que eu continuasse sendo a minha cover de Paola versus a Paulina Carla dela.
A nossa graça estava justamente no antagonismo, no meu olhar que fuzilava, no riso frouxo de deboche, nas mãos e na agressividade dela, me respondendo, na raiva que ela tinha nos olhos junto da ferida que eu tinha aberto e que fazia questão de deixar em carne viva. A provocação e o revide é que faziam da nossa cena interessante e da nossa dinâmica mais dinâmica que a própria.
As dinâmicas, os exercícios a que fomos expostas e testadas, deram uma forma mais clara, mais bem definida, certeza, enfim, uma alma. Tínhamos agora um pano imenso de fundo, que fomos tecendo aos poucos, a cada comando, a cada movimento. Construímos, essa é a palavra, o verbo que conjugamos.
Foi o que nos ensinaram todas as táticas do Jeam: a criar uma cabeça, uma mente e a consciência de uma história, além de respeito às vontades da sua personagem e às suas próprias também – tolerar, intolerando – transgredir, sabendo bem os limites que erguemos e pré-estabelecemos.... e eu até podia continuar conjecturando, mas até o ano já está acabando... – e não, você não está bêbado... pelo menos, eu espero que não esteja, porque leitor bêbado, comenta bêbado... enfim.... o ano já virou faz uns 2 meses já, eu sei, mas aqui, vira é agora!
2011 finda nessa confissão, que só confessei agora que vivi – e até peço desculpas pela falta de maiores detalhes, sempre ando com eles na manga, mas o tempo fez eles escaparem dos meus dedos, contra a minha vontade... e eu tentei hein, não passar por cima... não deixar nada em branco e nada ficou.
A certeza da cena que fiz nesse hoje – que não pertence à hoje – e da personagem que construí, é que foram com corpo e alma. E acabo com ela – a alma – lavada, na certeza até onde fui, foi só o começo e de que vocês não perdem por esperar.... num piscar de olhos.....
Agora, VEEEEEEEM, 2012, VEEEEEEEEEEEEEEEEEM!!!!!!!
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