segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Las Usurpadoras y el cinturón de la preparación del Diablo!


A essas horas já era pra ter acabado, né? Texto finito – afinal já gravamos, assistimos, recebemos feedback, e não é sempre aí que terminam os trabalhos?
E quem disse que acaba quando termina?
Aqui é tudo sempre imprevisível, não se esqueçam.... a instabilidade é o nosso sobrenome menor, porque o maior é pressão. Então, não, não acabou quando aparentemente terminou, porque terminamos não com um ponto final, mas com reticências nosso último encontro, que iam além dos três pontinhos, eram uma promessa: íamos sentir como essa cena ia ficar boa de verdade.
Entrou na arena, de um lado a prepaaaaaaraçãoooooo de atooooooores, e do outro nós. E do embate dos dois: o Advogado do Diabo nos fez enxergar e entender por meio de interrogatórios, quem era o ser que estávamos representando, sua personalidade, seus ideais e principalmente a sua versão da história, sua bagagem e a definição da sua real posição perante à personagem que iria confrontar em cena.
Essas respostas, eu encontrei sozinha e em acareação com a minha colega de cena. Os moldes pareciam esses mesmo, como se brincássemos de policial e bandido – pelo menos eu me sentia bandida... UUUUUUIIIII... e sabia que era! – e estávamos mesmo, buscando primeiro em si, depois no outro, num trabalho que parte de dentro pra fora e reflete. E que além de reflexão de si, provoca a reflexão no outro também.
Não só a ruindade da minha personagem que quando viu a da frente se debulhando em lágrimas, pensou imediatamente ahhhhh vai chorar? – no tom mais sarcástico que vocês puderem imaginar – ... chamou ela de otária e se sentia mais malandra e esperta do que nunca, mesmo que não ultrapassasse a linha do deslumbre e da cegueira por ambição... fuzilava com o olhar, com ar de “superioridade” diante da fraqueza da outra. Se achar por cima da carne seca, comendo filé mignon.... ela não prestava, continuando a mesma VAAAAACAAAAAAAAAAA de antes, com um bônus – que não deixa de ser ônus – ela foi turbinada pela preparação dos diabos de Pierre, que deixou a personalidade dela tão dilatada, que chegou o meu racional apitar junto dela, me impedindo de inverter ela, subverter a sua vontade, voltar atrás e fazer dela, arrependida – ela não aceitou e nem eu confesso, eu defendo a minha cria, minha obra... e além do mais a dramaticidade era tanta na minha frente, que eu mesma não ia tolerar ao quadrado.
Era todo um conflito de interesses, vontades e personalidades, embasado pela análise fria das minhas intenções junto das intenções que a minha colega me apresentava, chegamos à conclusão – eu e ela – de que não suportaríamos nem um minuto, nem dentro, nem fora de cena. Minha colega se demonstrava abalada de uma forma, que se eu baixasse a crista da minha personagem, cairíamos na Usurpadora... no embate das Paulinas ao quadrado... no Apocalipse.... em 2012, no fim dos mundos.... então era melhor pra minha sanidade pessoal – profissional – e principalmente de quem estivesse de fora, que eu continuasse sendo a minha cover de Paola versus a Paulina Carla dela.
A nossa graça estava justamente no antagonismo, no meu olhar que fuzilava, no riso frouxo de deboche, nas mãos e na agressividade dela, me respondendo, na raiva que ela tinha nos olhos junto da ferida que eu tinha aberto e que fazia questão de deixar em carne viva. A provocação e o revide é que faziam da nossa cena interessante e da nossa dinâmica mais dinâmica que a própria.
As dinâmicas, os exercícios a que fomos expostas e testadas, deram uma forma mais clara, mais bem definida, certeza, enfim, uma alma. Tínhamos agora um pano imenso de fundo, que fomos tecendo aos poucos, a cada comando, a cada movimento. Construímos, essa é a palavra, o verbo que conjugamos.
Foi o que nos ensinaram todas as táticas do Jeam: a criar uma cabeça, uma mente e a consciência de uma história, além de respeito às vontades da sua personagem e às suas próprias também – tolerar, intolerando – transgredir, sabendo bem os limites que erguemos e pré-estabelecemos.... e eu até podia continuar conjecturando, mas até o ano já está acabando... – e não, você não está bêbado... pelo menos, eu espero que não esteja, porque leitor bêbado, comenta bêbado... enfim.... o ano já virou faz uns 2 meses já, eu sei, mas aqui, vira é agora!
2011 finda nessa confissão, que só confessei agora que vivi – e até peço desculpas pela falta de maiores detalhes, sempre ando com eles na manga, mas o tempo fez eles escaparem dos meus dedos, contra a minha vontade... e eu tentei hein, não passar por cima... não deixar nada em branco e nada ficou.
A certeza da cena que fiz nesse hoje – que não pertence à hoje – e da personagem que construí, é que foram com corpo e alma. E acabo com ela – a alma – lavada, na certeza até onde fui, foi só o começo e de que vocês não perdem por esperar.... num piscar de olhos.....
Agora, VEEEEEEEM, 2012, VEEEEEEEEEEEEEEEEEM!!!!!!!



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Making of do Making of

Making of do Making of
Eu queria falar, dizer tudo que sentia, vivia, guardar de algum jeito cada pequeno detalhe, que me transformava em uma mulher, uma Atriz. Assim, eu criei esse espaço... tão meu.... seu.... nosso.... Aqui, eu tenho a minha coxia em forma de livro... um livro aberto de minha autoria — Renata Cavalcante, 28 anos, carioca da gema, prazer.... — narrando os bastidores da minha memória viva desde a preparação de Jeam Pierre até me tornar atriz da Cia. Grito de Teatro de Santa Catarina, numa evolução que vai do querer ser profissional a ser oficialmente reconhecida como tal — o antes e o depois do DRT, aqui pra você!

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