sábado, 11 de fevereiro de 2012

Thuruleft...thuruleft.....


E depois da bonança, vem a tempestade... – se até a gente vira do avesso com o Jeam, que dirá a sabedoria.... – um desafio morre, para dar lugar a outro maior.... para todo o sempre – não é só luxo de Pierre, é a sina de quem realmente quer não só seguir, como perseguir e abraçar a carreira de atriz.... ator... enfim...
Hoje depois de mais uma DR – é, o relacionamento está ficando cada vez mais sério aqui, tão pensando o quê... – de sermos colocados em nossos devidos lugares... – eu aposto que fomos... eu não me lembrooo maaaaais... e não, eu não estou de piadinha com o texto – ganhamos mais um diálogo e uma nova parceria, que antes de ser firmada, formada, enfim... deu lugar à prática de um esporte, que eu já praticava e não sabia: a leitura dramática*!
*lê-se: parar e ler um texto, lendo ele com a intenção de como se já tivesse ele na ponta da língua – mesmo ele estando nas suas mãos, diante dos seus olhos – acompanhada do elenco todo que lê, além de quem contracena-lendo com você...
E enfim, eu li dramaticamente, pela primeira vez, tendo a consciência – agora – de... já que eu já fiz disso, sem saaaabeeeer... há seis e lá vai pedradaaaadaaaa.... – tá, fim do momento paródia de música espontânea.... saudaaaaaaade, Selma – acompanhada do Tiago.
Fizemos a leitura, para termos a primeira impressão – e eu, as minhas primeiras, segundas e terceiras, é claro – do texto. Era mais uma delícia dessa vez: desilusão, fossa, mais dramalhão, só que agora era à dois... – se formariam casais....
E como esse mundo é injusto e quase não existe mais homem pra tanta mulher – a proporção da realidade enfraquece – acabei eu fazendo casal com a Taís. A injustiça nem era tanta, tendo em vista que ganhei a oportunidade de retomar e reforçar uma comunhão que nasceu por livre e espontânea pressão em cena – quem não se lembra da dupla de 2 inesquecível: Alice e Rosinha, formada gravando e ao acaso? Levanta o braço aê!...ahhh é? Não lembra?... mesmo? Então, vai ler, vai meu queriiiiiido... minha queriiiiida! – saí mais no lucro que no prejuízo.... mesmo, que ainda achando que um homem ao meu lado surtiria todo um efeito – pronto, confessei – homem tem força, tem explosão, tem pegada.... mulher é toda melindroosa, delicaaaaada em cena... – tirando eu que arranco pedaço dos meus coleguinha..... mentiiiira!... mas enfim, eu sou mesmo uma exceção à regra feminina... nessas horas profissionais... profissionais, eu disse!... mas enfim...
Chegou a nossa vez de ir para o nosso quadrado e ler juntas no mesmo esquema. De cara, eu seria a mocinha desiludida, desamparada pelo deslumbramento do “machoman” que amei tanto – juuuura?
Aí eu me dei conta de que eu não podia com esse papel... – não nesse momento.... – eu vinha de uma louca bem sucedida, de uma insanidade que me valeu o Redbull que nunca tomei – me deuu asaaaaaaas.....
E eu não queria andar pra trás, não queria morrer de novo em cena... e pra isso eu precisava ser o vilão – era um homem, no script – da história... assim como eu fui no duelo dos veteranos e que infelizmente não foi capturados pelas lentes de uma camera.... finalmente saciar o meu desejo, tendo uma pra capturar: e pronto, eu GANHEEEEI – quantos anos eu tenho mesmo?.... brincadeirinha – se inverteram os papéis. Assumimos um risco juntas, afinal, já tínhamos lido algumas vezes e já estávamos quase lá, avançando rumo às falas decoradas – elas estavam querendo ser – quando resolvemos dar um tapa na mesa e virar o jogo... e já sabíamos que se derrubar era penalidaaade máxima! Mas não foi....
Uma mesa foi colocada com duas cadeiras e fomos convidados a cercá-la, sentando ao seu redor. Minha colega de cena queria porque queria se jogar e ir lá de cara.... e eu, da onde estava, analisando, sabia que já tínhamos nos arriscado o suficiente com a inversão de papéis para termos a pretensão de mergulhar no abismo de graça, observar era mais prudente... e eu segurei ela, acalmei, e observamos: agora dupla a dupla ia, se sentava na mesa e fazia a leitura dramática da cena, com todo mundo de fora, de platéia.
Na nossa vez – que não tardou muito, foi logo depois dos primeiros... lá pelo meio.... enfim, fomos, sem ser as primeiras – sentamos e fizemos o grande teste finalmente de como seria eu no papel do algoz e ela da sofredora, e deu certo, até a página vinte...
Mal sabia eu que o maior desafio não seria o texto todo demarcado e previamente dirigido, nem a gravação, seria me encaixar na agenda da minha colega e companheira de cena doutoranda em psicologia das couves – é que não sei o nome da especialidade da especialidade, sacam? – na federal, professora dos pepinos na graduação de psicologia do Cesusc, orientadora de mestrado de não sei quem em não sei o que lá, também de psicologia.. na federal de novo... além de atriz de propaganda nas horas vagas – que deviam ser de quê, de quê, de quê? ENSAIO... mas ensaio dá dinheiro? NÃOOOOO.... dá pra deixar de trabalhar? NÃOOOOO... então, comofaz?
...tchuruleft..... tchuruleft.... que que você faz da meia-noite às seis?
Então eu madruguei... maaa-druu-guei.... e fui lá pros lados do Pantanal – e não foi pra ensaiar com os jacarés, meus queriiiidos – fui lá pra percorrer 95% do caminho que eu precisava pra me encontrar com a minha personagem e minha Beyoncé... Sasha Fierce.... interior. Me encontrei com o clipe de Thuruleft... digo Irreplaceable.... repetindo os mesmos gestos, mesmos olhares e até pareceu de caso pensado, mas foi completamente espontâneo e inconsciente, eu juro! Tentei adquirir uma naturalidade, já que teria a casa invadida – na história – queria estar com a atenção concentrada e me dar ao luxo – oportunidade – de ser pega desprevenida, como a história realmente pedia.... resultado: eu lixando as unhas, quando ela entra – entrando – invadindo meu pedaço... me mantenho na minha pose.... como se minhas unhas fossem muito mais interessantes que ela... – e realmente eram.... – eu me tornei um alter ego de um antigo grande amor, uma pessoa transformada pelo deslumbramento da fama e do culto a si mesma... alguém que se perdeu no meio do caminho, cega diante da ambição e do “poder”, capaz de se revelar mesquinha, pequena, pobre de espírito... – uma vaaaaaaaaca.... aplaaausos!
E eu não tive a intenção de fazer um cover ou coisa parecida, não me inspirei nela antes.... – aliás nem sei no quê eu me inspirei antes dos ensaios – foi durante e subconscientemente – e eu ri sozinha, quando ia embora e me dei conta.... morri de rir sozinha no meu caminho de volta e quando parei pra conferir, desencarnei diante da constatação cabal do play – e encarando tudo agora, do ponto que estou, analisando friamente, eu vejo o encaixe perfeito do alter ego da minha cantora preferida que se manifesta em cena, com o ego apresentado pela minha personagem – que não deixa de ser alter – ela é o alter ego – de si própria – em pessoa, é a personalidade avessa que todos nós temos, o mal que habita dentro de nós e que tentamos conter, combater, dominar, sufocando.... E aí, um alter ego de inspiração faz todo sentido do mundo, quando a pessoa a ser apresentada e representada se torna o próprio alter ego em pessoa, essa era a minha personagem, a minha vilã – dessa vez, desde o início do processo e não por provocação de direção, um caso pensado.... calculado nos seus mínimos detalhes.
Sozinha com ela, eu percorri quase nada, deixei pra desenvolver e evoluir dos ensaios pra frente e eu fiquei muito satisfeita – grau real e palpável de felicidade, vide Luthors – com todo o processo, com toda a personagem que construí, com as reações que provocava em quem dividia a cena e em toda a cena que construímos juntas: porque eu fiz questão disso! No final, trocamos e somamos, nos dividindo, inclusive, em nos analisar e nos dar nosso feedback. Por isso que eu insisti, fui extremamente irritante e dei o meu jeito de penetrar da agenda impossível da pobre da Taís, invadir a casa dela – sentiram o trocadilho? – porque eu queria isso, queria fazer bonito – e não tenho a menor vergonha de assumir isso – e o mais bonito ainda – lindo – é que queria que ela conseguisse, que conseguíssemos e conseguimos. Que não importava se foram só algumas horas, de um ou dois dias de ensaios... mas que éramos capazes de fazer render, de construir, fazer.... e com receita de bolo dessa vez, porque sabíamos exatamente o tom, o ritmo, a intenção e as emoções – yeaaah, nós tivemos parênteses, direção de cena – que cada fala deveria ter.
E nosso bolinho cresceu e cheirou gostoooooso! Ainda recheamos e colocamos cobertura, quando finalmente gravamos.... e eu já estou parando por aqui, já que não vai ter graça nenhuma se vocês não salivarem, e vocês devem.... portanto: salivem daí, vão por mim!.... e aguardem!... me aguardem! 

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Making of do Making of

Making of do Making of
Eu queria falar, dizer tudo que sentia, vivia, guardar de algum jeito cada pequeno detalhe, que me transformava em uma mulher, uma Atriz. Assim, eu criei esse espaço... tão meu.... seu.... nosso.... Aqui, eu tenho a minha coxia em forma de livro... um livro aberto de minha autoria — Renata Cavalcante, 28 anos, carioca da gema, prazer.... — narrando os bastidores da minha memória viva desde a preparação de Jeam Pierre até me tornar atriz da Cia. Grito de Teatro de Santa Catarina, numa evolução que vai do querer ser profissional a ser oficialmente reconhecida como tal — o antes e o depois do DRT, aqui pra você!

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