quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Da onde vêm os bebês.... as emoções?


Agora estávamos entre nós – os mesmos abomináveis-calouros de sempre – e o script não mudou... mas a dinâmica.... quaaanta diferença!
Aquele drama – o maior de todos – ganhou corpo, forma. Agora, partimos com ele pro corpo a corpo – e não é nada do que estão pensando hein.... HAM – divididos em duplas começamos a trazer ele pro nosso corpo – o verdadeiro condutor das emoções que fazem ele surgir, pra começo de conversa, mas vamos com calma, que ela vai ser looonga....
Pra efeito de início dela, começo dizendo que é... simples! É... são elas, as emoções que constroem os castelos de areia com os quais brincamos de viver – interpretar, sermos atores. Atuar é como moldar montinhos de areia para fazer castelos – faz de conta que fazemos de conta que são de verdade, nossas histórias de fazer rir ou chorar... – mas a nossa areia é diferente: ela é feita de emoções. Ao mesmo tempo ela é como a areia de verdade, porque ela também vem do chão, cercado pelo mar... das certezas – que quem controla é a nossa cabeça.
Muitos acreditam que as emoções vêm das nossas memórias, inventaram até uma tal de memória emotiva, um lugar onde teoricamente ficam registradas todas as emoções que já vivemos e da onde podemos tirar inspiração, senão a salvação na hora do aperto, em que você parece estar insensível e precisa se emocionar – afinal, nós, atores, também temos nossas crises, baixos.... E eu não duvido desse lugar, dessa fonte, acredito que só podemos interpretar aquilo que vivemos, e só interpretamos se vivemos, ponto.
Interpretar é viver, viver de novo, viver mais uma vez, entretanto, contudo, porém, todavia não é viver de novo – a não ser que estejamos repetindo uma cena, alterando o plano, mas enfim.... vamos voltar ao que interessa – é uma vida a mais, uma vida além da que se vive, do zero, à parte de você mesmo e tendo você como parte integrante ao mesmo tempo. É um labirinto profundo, onde se sabe como se entra, mas não se sabe como saí.... – até se sabe, quando se tem técnica e auto-controle, mas essa é uma conversa pra já, já....
E nesse nosso labirinto, dessa vez, não buscamos em alguém à frente, mas no toque de alguém, a fonte de inspiração para sentir e se emocionar, trazer pros olhos e a voz, a vida e a verdade que cada palavra queria dizer, todas as suas intenções e o seu drama.
E nessas duplas todas, eu de novo, fiquei com a bella loirinha Bella. E com ela, minha ironia e meu sarcasmo de antes se transformou numa seriedade misturada com agressividade, que deu pra sentir o quanto eu fiquei mexida com a história, vivi ela – se não me engano...
O grande desafio era trabalhar com o que o corpo trazia e como provocar ele e o do outro a trazer algo: o toque. Aprender a tocar e trazer vida à cena. Nos viramos num empurra-empurra – O empurra-empurra. E teve mais duelo, o duelo dos abraços desejados e indesejados, de se afastar e se aproximar sem querer, querendo e querendo, sem querer. Toda uma loucura – que só podia ser patrocinada por quem? – e o mais gostoso disso tudo é que não importava a dimensão ou o tamanho – se era empurrão ou empurrãozinho – funcionava do mesmo jeito que o papai ou a mamãe já fez alguma vez na vida, pra você balançar mais alto, ir mais alto.
Essa era a moral da história e foi daí que a minha ironia deu lugar a uma seriedade, que de tão séria, se tornou agressiva, porque tinha ali dor, mágoa, de ter sido abandonada, esquecida, mesmo diante de uma grande promessa – sentiram o drama?
Parece loucura, mas tudo faz sentido, a provocação faz todo o sentido do mundo, o toque, e a técnica que esteve ali o tempo, por trás dele, disfarçada de provocação, e no fim, toda ela em forma de dinâmica. Deu pra ver com ela o outro lado da moeda de uma tal vilã... que só era assim, porque estava ferida e por se sentir assim, tinha o impulso e a necessidade de ferir.
Por isso, fui quem fui antes, no duelo de abomináveis – velha guarda versus do amanhã – eu acho... não sei... Só sei que minhas intenções se transformaram – as primeiras, segundas, terceiras.... E a personagem se foi a mesma eu não sei... mas se foi, ela ganhou alma e eu, um castelo... lindo!
E nele tinha uma princesa loira dos olhos claros – errr não sei se eram verdes ou azuis, falha nossa – forte e destemida, além de mim, uma aprendiz de bruxa má, quase provando do próprio veneno e mordendo da própria maçã encantada.
Acabaram-se os empurrões, pescotapas, escoriações – mentiiira – e paramos pra discutir a relação. Já estava na hora né? Meses de relacionamento, tanta coisa entalada na garganta, que já não descia mais, então era melhor sentar e conversar, antes de acabar dando um tempo e acabando com tudo de uma vez – dramááática....
Enfim, sentamos pra colocar os pingos nos seus devidos is e não foi na hora, no fim de mais uma dinâmica em uma roda de fim de aula, dessa vez partimos pra mais de meio bloco de capítulo... de aula... em um embate acalorado pra colocar a cabeça no lugar – ou tentar... mais uma vez....
Se passou, portanto, uma semana entre o castelo de areia construído da base do empurrão e do faz de conta e nossa primeira DR prática da teórica. Isso mesmo: nossa DR foi toda de teorias em cima da técnica.
Sentamos dispostos a quebrar todos os tabus – pelo menos o Advogado do Diabo estava, né Jeam Pierre? – foram lançados na mesa: a bendita fonte de emoções – a memória emotiva- das próprias santas emoções e o misterioso subtexto, além de tudo da técnica e das emoções – que eu já falei taaaanto.
Mas afinal de contas: o que era o tal do subtexto? Até onde euuuu sabia, era a historinha por dentro da historinha, que eu criava pra dar vida à vida que tinha que viver. E acho, que aqui, parando e pensando – depois de todo o tempo real que se passou – esse mistério pra mim ainda continua um mistério. Porque ainda fica valendo pra mim, o feeling – a sensação – que tenho quando leio o texto em si, em primeiro lugar como expectadora e em segundo, como atriz – e criança – que busca descobrir o tesouro no meio das palavras, a aventura que ninguém nunca antes imaginou, que simplesmente o autor, diretor e o preparador nos dá aos pouquinhos e em pistas, que devemos perseguir. É brincar de descobrir, descobrir e brincar de sentir.
As emoções – eu sei que já falei demais delas hoje – são necessárias, mas antes de tudo devem ser vivas, e, acima de tudo, devem ser vividas. Nesse dia ou depois, não me lembro muito bem, eu só sei que me foi dito e repetido praticamente com as mesmas palavras, as máximas do Jeam – e eu acredito em todas elas; já acreditava, quando tinha ouvido só da boca dele e só veio à reforçar todas as outras bocas importantes que também disseram... – que no fim, é o corpo e o olhar que nos dão as ferramentas e que são elas.
Nossa alma se reflete através do olhar, e ela se alimenta do nosso espírito, que é espiritual, emocional, enfim.... e o corpo reage, quando não provoca todas as emoções que sentimos, ele prova o tamanho, a cor e a forma das emoções que nos tomam.
Naquela última quinta, partiu do desaforo, um abraço, e esse abraço soou mais desaforado que o próprio desaforo, o impulso de empurrar, de querer afastar ir pra longe, ir pra longe, enquanto no fundo se quer estar perto, tudo isso a história pedia, mas no fim, foram mandamentos da dinâmica, foi o corpo a corpo necessário pra chegar ao desequilíbrio, um desequilíbrio orientado, guiado – santo seja quem inventou a preparação de atores!
No fundo, no fundo, essa é que é a grande moral da história de ser ator/atriz: é aprender a se desequilibrar pra se equilibrar, perder o controle, sabendo se controlar, aprender a viver com script, o que nega todo o nosso natural impulso de viver de um improviso simples de viver... – sem querer ser redundante, mas já sendo...licença poética valei-me – porque todos os passos que você dá, daí em diante, não serão mais seus e serão dados com antecedência, com uma emoção pré-definida, pré-programada – no script.
Sem exagero meu, discutimos o ouro da mina: como encontrar os caminhos – esses caminhos todos que acabei de falar – que se encontram e se perdem na tal da técnica. Ela é famosa – não é atoa – é a grande manha, artimanha e malandragem que faz possível, uma vida ser vivida de forma tão bela, capaz de ser admirada e assistida nos seus mínimos detalhes...
E no fim de tudo, um novo desafio, novas parcerias se firmaram, novas duplas se formaram. E dessa vez, eu pude escolher meu cavalheiro andante, de armadura reluzente e cavalo branco – que já vinha de outros carnavais extra-classe – e minha escolha ser uma ordem – submetida ao poderoso chefão, é claro!
Grandes promessas se fizeram... em forma inédita de texto... aceno de marcação e direção de cena... e tempo.... a mais valiosa de todas as ferramentas, pra se trabalhar...
quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Partindo pros finalmente...


Assistam ...de um lado ele, imenso e veterano de temporadas-luz – eles, mais de um: os nossos....
Do outro, ela, linda, loira e terrível, nada mais, nada menos que uma caloura da temporada atual – nós, os abomináveis de hoje, do amanhã... menos né? ... hummm... me auto-contrariando: eu e minha turma.
Em uma noite de duelo e espetáculo, com ares e poeira de faroeste.... – se perdeu, bebê? Segue aqui a tia.... em mais um, do meu, do seu, do nosso....
MINIFLASHBACK!!!!!
TAAAAAAN –TAAAAN-TAAAAAAAAAAN....
A luta do século, o grande duelo surgiu do nosso convidado especial.... – eu disse que ia ter, não disse? Só não sabia que ele viria ao avesso e o oposto do esperado.
E como se isso, não bastasse, ele veio em série, de bando: eram os veteranos abomináveis, abomináveis veteranos – ainda estou tentando decidir....
E falando em decidir, pra começar a dar o rumo desse faroeste em forma de confissão, serve de começo, pra começar, que veio deles – os alunos que se formam esse final de ano em sabedoria Pierre para Interpretação – a decisão de vir assistir à uma das nossas aulas – dividir, fazer com a gente, pra ser mais exata – tudo idéia, caraminhola, lançada por ele, o grande W... Marcão – ahhhha achou que era mais uma piadinha de gordo né? TE PEGUEI!!!
Acabou, acabando, que todos que se juntaram à ele e arregaçaram as manguinhas da camisa da JP Talentos – ok, eu sei que não dá pra arregaçar, porque não tem manga suficiente, mas me dá a licença poética de dramatizar? Brigada, afinal isso aqui é, ou, não é um blog de atriz, neim? – foram postos, a postos, para contracenar conosco.
A princípio, em uma fila, e, nós ganhamos a preferência, pra se candidatar a fazer o sacrifício, e de escolher com quem duelar uma contracena.... digo contracenar um duelo.... NÃOOO... contracenar.. fazer cena – ai, ufa! 
Nada mais justo, já que o dia era nosso, o pedaço também – ai juro que me senti bandida e mafiosa falando assim – e acabava aí.... A partir do momento em que se fechava o cerco e eram definidos os nomes, vinha a intervenção – com cara e corpo de direção – do nosso Advogado do Diabo, disfarçado de preparador, com pretensões de explorar todos os nossos tendões de Aquiles....
E quando eu digo tendões de Aquiles – pontos cruciais e fatais, que se atingidos, podem quebrar as pernas de um – , eu digo de cadeira, porque fui testemunha dali em diante de lutas-cenas de todos os naipes, indo desde rinha de galo à briga de pitbull, passando por uma zebra que deu, que me arrepiou a alma – atriz falando...
E falando assim, até parece jogo do bicho, de azar né.... mas deu uma sorte... me deu uma sorte.... – pensaram que eu fugi da raia, né? Nem morta.
Enquanto eu assisti, tinha quem – vulgo Cris de Moura, Cris Moura – ficasse me cutucando e cutucando, num cutuque estimulante até... porque ele queria que eu fosse pra arena, lutar, encenar, contracenar... e eu... prolongava a agonia e a ansiedade do meu amigo, só estudando o terreno, analisando o território, sabem como é...
No fim, eu escolhi fazer da minha entrada, triunfal, na hora exata para escolher como meu ‘adversário’-parceiro de cena, aquele com quem eu sempre quis contracenar, desde que a brincadeira começou: o Meeedooooo – simplesmente Lucas Machado, os créditos, seus créditos.
Eu fiz da vez, a minha, me colocando prontamente a postos ao lado do Jeam e escolhendo sem titubear o Lucas e então.... era aguardar... aguardar.... e aguardar mais um pouquinho.... até que finalmente, o Advogado do Diabo terminou de dirigir meu ‘rival’. Foi dada a congada – juro que também pensei a largada, mas nem encaixava aqui... então, vejam a figurante de figurino (estilo pano de bunda) a passar com a plaquinha de primeiro round.... aí sim, cabe no imaginário de vocês e no meu, no nosso contexto... – e enfim, a minha cena começou, óbvia que precedida do ritual do cumprimento mais tradicional da espécie abominável – o abraço – , assim, quebra-se o gelo – entre dois desconhecidos que vão contracenar – antes de se ousar tentar quebrar as pernas; Acabadas as tradições, cena, enfim, e surpresa, surpresa: o meu calcanhar de Aquiles não era mais meu, agora era do meu ‘adversário-parceiro e rival’, ele era meu reflexo e eu era sua maior vilã – ainda mantendo a mesma personagem de antes, time que ganha... não... eu estava sendo coerente e fazendo de verdade meu sonho de consumo em forma de personagem.
A estratégia de me colocar diante do meu reflexo, demonstrando todos os meus piores traços – toda a minha insegurança e meu medo perfeccionistas que me fazem me atacar e sofrer de perseguição de mim mesma... ufa – que me impediam de brilhar e me tornavam um zumbi desgarrado e que fugiu de Thriller, com a única e exclusiva intenção de minar as minhas forças, foi muito inteligente – realmente –, mas não chegou ao fracasso – já que esse nunca foi o seu intento pois foi meu combustível para ser mais quem eu mais quis ser: a má de toda aquela história, daquela cena.... 
E eu consegui em alto e bom som.... e foi um prazerrrrr.... imenso e todo meu.... – mentira, funciona assim: prazer meu + prazer que vem de quem contracena comigo + prazer de cada um que assiste = grande prazer de atuar e encenar.
A brincadeira é séria, eu sempre disse isso, não disse? E é.... mais do que pensam.... vive-se uma vida inteira assim, de viver mais de uma vez em cada cena e de se sentir uma vida inteira dentro de um espaço de tempo que se chama.... cena.
Quem venceu?...Quem perdeu?.... Ninguém. Nessa noite, nesse faroeste de elenco, de gerações com um único propósito, se veio pra ganhar e se saiu vencendo. Venceram todos, sem exceção, porque deram a cara a tapa, as pernas a quebrar e no fim, se abraçaram na merda! – pra bom entendedor, a meia piada já basta né?
quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Direto do túnel do tempo...


Difícil negar que eu levei um baque.... que me abalei e que cheguei ao silêncio, pra me encontrar, refletindo diante daquilo tudo que nunca vou me esquecer....
Ficaram marcas, até aqui.... e eu juro que dispensava.... as semanas foram passando e minhas memórias se embaralharam e eu já não tenho mais meus mínimos detalhes, pra brincar.... mas não vou rasgar páginas, colocando elas em branco – porque isso não deixaria de ser...
Quero retomar tudo, as rédeas, desse meu livro aberto, até o ponto em que parei e as reticências que deixei pra trás....
Miniflashback, por favor
...Comecei me inspirando na Beyoncé e essa faixa de trilha sonora dela, me veio de imediato e não foi só pela música em sim, foi pelo clipe – que parece que saiu de dentro do texto – e depois, por ela, que embalava as entrelinhas em que eu acreditava – de negação, hesitação diante do medo de se entregar e se decepcionar.... enfim, incerteza – e dela, eu parti pra dança e encontrei uma, em forma de duelo apresentada pelo Kent, na sétima temporada daquele reality – que vocês conhecem muito bem, e se não vide – uma coreografia contemporânea para dois homens, que tem como fundo a história de dois amigos e uma traição – a punhalada pelas costas – eu me envolvi com o personagem do Kent – o amigo de boa fé, traído.. de camisa branca – porque ele se envolvia com a minha também... e parecia que tudo se encaixava com o maior drama de todos e se envolvia com ele.... com o meu também.... – e eu errei....
Escrevendo, achando que estava seguindo as mais recomendadas instruções, na minha zona de conforto – afinal, eu voltei a escrever.... – eu acabei me desnorteando, pelo norte que eu tentei criar, estabelecer pra mim.... e me arruinei... – até a página vinte....
Diante disso, eu encontrei – como sempre – as forças, a luz e o caminho para me safar, me achar de novo e sobreviver.... Sair dessa posição, dessa inércia, que a minha pretensão, minha falta de preparo e meus nervos me colocaram e me deixaram.... Bateu aquela vontade negra – alimentada pelo meu diabinho interior e o exterior – de fraquejar e abandonar.... mas eu ainda tenho um santo forte, que me ergueu e me levou ao encontro do Cris na noite em que eu gravei esse texto pra valer....
Pra gravar, eu abandonei a minha história, todas as minhas inspirações antigas, desconstruí.... e de repente, não mais que de repente, fui dirigida – antes de tudo, da cena – eu ganhei aquele empurrão, aquele estímulo, que eu precisava, e finalmente vi a luz.... a luz pra construir em cima do que sempre sonhei, mas ainda não tinha a coragem, nem via a oportunidade: ser uma vilã....
E para a minha vilã, requintada de ironia, sarcasmo e doses fartas de ignorância, Adele foi a minha trilha da vez... a música dela era a ideal para embalar essa minha mais nova personalidade, personagem.... e eu não busquei mais dança alguma, porque aquela – do duelo entre os homens – ainda sim, era perfeita para essa minha realidade – subtexto, pra não dizer que nunca usei do termo.... mas vocês só vão entender do que eu estou falando confissões além.... – de traição pelas costas, decepção, dor e mágoa.... 
A diferença dessa vez, é que a “minha” mágoa virava ressentimento e esse ressentimento se tornava ignorância, agressividade, violência em forma de ironia e sarcasmo – a dupla infalível..... 
E eu me aproveitei, tirei vantagem de mim, da minha bagagem  da vilã interior  dos olhos, da força no olhar do Cris e eu consegui.... – com ele, Cristian Moura e sem o boom – nascer de novo.
É.... eu nasci em cena, e sem o tapinha no bumbum, dei meu grito de liberdade e me libertei – soltei a minha voz... ela se desavergonhou, o que, não foi um milagre, já que ela estava trabalhada no sarcasmo....
Eu dei uma sorte imensa, já que foi o Jeam que escolheu nossos parceiros pra cena, e quando ele escolheu o Cris pra mim, eu suspirei – por dentro – e consegui toda a minha desenvoltura.... evolução....
Aliás evolução foi a palavra-chave da nossa noite seguinte, quando sentamos pra receber um feedback – finalmente com cara de retorno – e nos assistir, não necessariamente nessa mesma ordem.... – invertida.
Sentamos pra nos assistir... e eu me vi, no formato de vilã.... uma vilã no início de carreira, cheia de agressividade, amargura e ironia.... – parece repetitivo, mas não dá pra escapar dessa palavra e daquela outra mágica: sarcasmo. Não vi nada de extraordinário, mas eu me ouvi e isso sim, foi extraordinário... minha voz soava em alto e bom som, e não só para o meu eu interior – sendo que nem ele mesmo sequer escutava – as intenções estavam lá, os erros também, mas que se dane... – com o perdão dos maus termos.... 
A perfeição é inatingível, ela está longe, fora do alcance.... é uma mera ilusão e que só faz enlouquecer, quem a persegue... eu quero largar ela de mão – a intenção eu tenho, de resto, só você me vendo de fora pra saber e me dizer se eu reflito ela nas minhas atitudes....
Enfim, ficou mais claro, o Advogado do Diabo resolveu – finalmente – nos dizer tintim por tintim, colocar o preto no branco, todos os pingos nos seus devidos is: fomos alertados para a questão do ritmo, em como trabalhar com a voz para se chegar aonde se quer, e, pra isso, pontuar as intenções, partindo de momentos-chave, que devem atingir quem quer que esteja nos assistindo.... da análise do texto.... como terminar uma frase, entonar e passar batido pelo que não interessa, ser objetivo, enfático, resumindo a ópera: aprendemos a dar ênfase na hora certa, no lugar certo, pra pessoa certa – você, querida platéia, que ainda é a alma do nosso negócio!
Agora aqui, cá entre nós, eu acho que se colocar no lugar da platéia faz a diferença, porque é ignorando todo o processo de criação que te envolve, que você pode saber se está funcionando ou não do jeito que você quer... e que não seja ignorando, mas pedindo uma segunda opinião, que seja, já vai ser valiosa pra você ganhar uma noçãozinha de realidade – coisinha que ator e atriz se desapega.... principalmente quando se envolve demais.... 
Não temos controle – eu não tenho – mas queremos aprender a ter e eu acredito que essa seja uma das formas de se tomar as rédeas....
Voltando aos reclames, tivemos além do aprendizado, as orelhas puxadas uma a uma.... e eu, na minha vez, soube – do que já desconfiava – que precisava de mais ritmo, mais andamento, acabamento no meu gogó de meu Deus – aulas de canto, estou precisada, Jamil... socorro!!!
Ai... e no fim.... – se é que realmente foi no fim e não foi no meio – massagearam o nosso ego – e quando digo nosso, é o meu junto com a minha turma inteira – e a palavrinha mágica saiu dos lábios de Jeam Pierre e nos fez – me fez – ganhar a noite: Evolução.... 
Evoluímos.... quer dizer, que estamos crescendo.... e não queremos mais parar.... – eu não quero.
A noite terminou em uma grande promessa.... a maior de todas..... junto com ela, a palavra do homem voltando atrás.... 
O texto não tinha acabado, íamos gravar mais uma vez.... e com um convidado muito, muito especial....
sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Deja vu... e dos grandes....


E foi além da dor que senti quando faltei, daquela que senti quando a enchente que me fez ficar em silêncio por uma semana... e foi aquém de tudo que eu poderia imaginar...
Não morri, não literalmente, mas sem perdão, vou abusar da licença poética e dizer que morri aos poucos há três quintas atrás, exatamente onde parei....
Na primeira noite do grande close, da primeira gravação com o maior drama de todos...
Eu revivi um dos momentos, que do curso inteiro, eu preferia ter esquecido que vivi algum dia – mas me fizeram questão de lembrar.... Eu revivi tudo de novo, desde o momento que pisei naquela sala, com o coração querendo arrebentar o peito, sangrar e sair vibrando no chão frio – nem estava no clima do texto.... profuuuuunda... passa....
Meu peito estava disparado diante daquele tripé com a câmera a postos e a TV imensa, com as cadeiras de frente, garantindo a platéia, junto com o fato de eu ter eu corrido feito uma condenada – já que estava atrasada... pra variar... e talvez não quebrar meu encanto... vai, pode rir que eu deixo....
Agora, voltando... essa foi uma noite que eu preferia esquecer e que por um triz não manti em silencio só pra mim... as palavras se viraram contra mim e pareciam não existir pra fazer um sentido, que desse a dimensão do que tinha sido e tinha sentido... ou talvez, eu não quisesse fazê-las existir...
No fim – hoje – eu entendo que a inspiração que me deram não foi de escrever, foi de refletir.... refletir... e eu refleti....
Muitos... bastantes foram meus equívocos, meus erros.. lá estava eu, no meu primeiro vídeo de novo – praticamente morrendo por dentro e por fora – sem saber.
Inicialmente eram duplas, tentando se testar.... descobrir no outro, o reflexo das suas intenções... Depois, eram duplas completamente aleatórias, formadas por ele, que vocês sabem bem quem... – se não souber, acabou de chegar agora, estou falando do meu mestre e preparador Jeam Pierre, que eu ainda prefiro chamar... cá entre nós.... de Advogado do Diabo...
E dessas duplas, escolhidas por ele, um só membro ficava exposto à câmera, o outro recebia o texto... foi uma aula extremamente técnica, carregada de conteúdo, sobre posicionamentos e olhares.... era divertido de assistir e observar a teoria e a prática se completando e existindo... mas deixou de ser, a partir do momento em que eu fui convocada à berlinda...
Deja vu.. deja vu... 1000 VEZES DEJA VU: eu de novo me perdi... estava fora de mim.... e não era ninguém... escutei um CORTAAAAAAA estridente, praticamente de cara, me deu um choque... e depois... me perdi de uma vez por todas... e a culpa não era da voz baixa, rouca, intensa demais a ponto de me fazer perder o ar... eu simplesmente passei do ponto... passei longe, milhas além... e não cheguei a lugar nenhum...
Aí, eu, de repente, cheguei aonde não imaginava... um filmeBlack Swan (Cisne Negro) com Natalie Portman e eu recomendo – me ajudou a ver tudo com toda a luz e a escuridão que eu precisava, pra refletir...
Aquele filme perturbador – e que não me saiu da cabeça por dias e que só de escrever, já me faz lembrar – me fez ver e analisar toda a loucura que eu vivi nessa noite... e a analisar, me analisar, eu cheguei à conclusão de que de nada me adianta tentar perseguir o belo cisne se o negro dos diabos, é que me dá a força necessária, para realmente ir além...
A minha força eu reencontrei no fundo... no fundo... no meu próprio filme. Ele passou na minha cabeça, em cenas e porquês.... no porquê de eu ter ido fazer um teste com o Jeam, no porquê que estava em todos os pequenos – grandes – momentos que narrei aqui, dentro e fora das quintas da minha vida.... e um dos traços mais marcantes da minha personalidade se fez presente e latente – senão também latente e decisivo – a minha teimosia.... não dei o braço a torcer antes e não ia dar agora... não inventei ser Atriz, eu sou desde meus 10 anos de idade, estando dentro ou fora do palco – porque eu carrego ele comigo pra onde quer que eu vá...
Mesmo que eu largasse disso e desistisse, ainda sim, seria uma parte de mim....
sexta-feira, 9 de setembro de 2011

As cenas dos próximos capítulos e um capítulo...


E quem disse que tudo acabou quando as luzes se acenderam e os créditos subiram? 
Rebobina aí o DVD...
Aproveita e faz uma pipoca com guaraná, porque eu te garanto fortes emoções...

Naquela mesma noite que não terminou  não no fim da exibição das últimas gravações  recebemos nosso novo script, que dessa vez era uma missão impossível em forma de texto... – minha primeira impressão depois que li pela primeira vez... e ela permanece...
A história da vez é envolvente e comovente. Um drama em high definition. E eu que achava que já tinha feito drama – culpa do Jeam desde o teste, porque antes eu jurava que era engraçadinha, só tinha feito comédia... que coisa...
Nunca tive um texto tão sério na frente dos meus olhos... e não é exagero, nem dramaticidade minha em excesso – mesmo eu tendo de sobra, pra dar e vender... principalmente na minha vida privada, nada entupida – querem ter uma pequena noção do que eu estou falando e do tamanho da seriedade dessa história? O Advogado do Diabo trouxe um ator pra nos contar uma história que envolvesse o texto como um todo – com início, meio e fim – agora chuta aí quem...
Ele mesmo, o próprio Jeam Pierre Kuhl – recuse imitações.
É... eu juro! Ele resolveu brincar de ser Ator... e se revelou sendo um... – contraditório? Não... é irônico mesmo... e um tanto perturbador...
É que, de cara, eu não achava que estava diante de uma cena... me via diante de uma conversa de preparador pra elenco... Até que chegou um momento em que a história que ele contava foi ficando profunda  tão profunda  que eu cheguei a me perguntar será que ele tá só dando instruções? xequemate!!!
Eu duvidava do que parecia mais lógico e racional, do que era real – eram instruções, só que em forma de espetáculo, que ele dava, sem cobrar um cachê se quer... 
Ver ele atuar foi intrigante, porque ao mesmo tempo em que eu duvidava do que ele dizia, quase acreditava... se não o conhecesse, eu caía feito uma pata – quase caí... se é que não caí.... eis a questão... 
Ele foi interessante – no sentido mais enigmático possível... vide entrelinhas, quem for capaz.... 
E ele foi profundo... profundidade era a palavra de ordem dele, nosso comando principal, nosso AÇÃO de um mês de duração... Ele queria essa profundidade de corpo inteiro, no olhar – sem choro nem vela – e, diante da história dele. Ele exigiu que compuséssemos as nossas próprias histórias e realizássemos a mesma façanha que ele – aí, é que morava o perigo... até pra mim...
Entendam: a história contada pelo Jeam, foi tão bem bolada, que eu ainda fiquei com ela, os dois dias seguintes na cabeça... mas sem coragem, nem audácia, de usar nos meus ensaios – ele deixou isso terminantemente proibido – e não conseguia imaginar uma história melhor... até... a página vinte...
Quando eu menos esperava, a minha história começou a se esboçar pra mim... ela foi se desenvolvendo e terminou em três paginas de ficção... e elas é que me conduzem para o texto oficial... me dão um norte só meu até a minha personagem – que ainda não ousei dar um nome...
Sei que antes das minhas páginas, eu me perdia, me pegava pensando na história do Jeam e lutando pra não construir nada parecido... e eu acabei indo além... além até do que eu imaginava... Esse texto me fez parar pra analisar uma história de um jeito, que eu não fiz antes – eu não ignorava – porque não enxergava com a lucidez e a maturidade de agora. Antes de escrever a minha história de fundo pra história principal, fiquei imaginando – perdida – como eu ia fazer com tudo que eu aprendi com a Alice, pra se encaixar... Depois, com a história, eu descobri – me descobrindo – numa nova forma de encontrar alguém pra ser em cena, e desenvolvendo isso, pensei meu Deus, eu nunca fiz isso de verdade... estou fazendo isso de verdade agora....
Senti isso muito forte... eu nunca tinha de verdade estado numa cena, eu brincava de estar.... era como se só tivesse brincado disso esse tempo todo, agora parecia ser de verdade, coisa de gente grande mesmo e me fez sentir grande. 
Eu era amadora – não que tenha deixado de fazer por amor nem tenha deixado de ser, ou me tornado profissional – eu encarava tudo de uma forma tão intuitiva: era ler o texto, interpretar, captando as primeiras e segundas intenções, e traduzir isso em entonação de voz pra reproduzir. Agora eu sei que é mais... é muito mais... é mais que brincar com a voz diante das linhas: sou eu inteira! E isso só passou a fazer todo o sentido do mundo pra mim agora... a brincadeira ficou séria de verdade... estou fazendo e me envolvendo de verdade, me apoderando da história – texto, porque o dia que eu me apoderar do negócio em si, nem sei se vivo pra contar a história...
E me dividi nesse antes e depois diante da Alice e dessa história... com a Alice eu vivi teatro de verdade e com a da vez, estou vivendo drama pela primeira vez de verdade... e é do jeitinho que foi com o teatro, eu já ensaiei fazer drama antes... e agora, parece que eu estou vivendo um drama de verdade... me sinto debutando...
Debutando no jogo de olhares, no close absoluto... e em me sentir Wagner Moura encontrando Capitão Nascimento, ansiando o saco da verdade... – masoquista? nope
Primeiros efeitos, depois que se passou uma semana entre as intenções e a execução delas – dando a deixa... próximo capítulo agora... – e que me deixaram marcas e traumas pro resto da vida – juuuro... não... eu minto... mas uma raivinha, eu passei... 
Meu problema foi levar o Jeam à sério demais como eu levei. E a seriedade com que eu encaro esse homem é tanta, que eu acredito piamente quando ele diz que vamos gravar, quando não vamos – e é só mais uma pegadinha do Advogado do Diabo metido à malandro – e principalmente quando ele diz que vamos experimentar uma preparação pra Capitão Nascimento nenhum botar defeito, estalando pedaços de pau nos ombros de alguém...
Sofri, confesso.... fiquei rezando por dois algozes em especial e renegando todos os outros... já me imaginei roxa e tendo que improvisar satisfações... – mas pedir pra sair? JAMAIS!
E era maaais uma pegadinha do Advogado do Diabo... incluindo, inclusive, ele alegando falsas escoriações e lesões de almas de abomináveis passados – e eu ali, levando a maior fé...
Mas enfim... os pedaços de pau não eram pra bater, eram cordões umbilicais... funcionariam – e funcionaram – como extensões da ligação entre dois corpos – eu e meu parceiro de cena – que ligados, então, deviam fazer seu cordão dançar e interpretar com o olhar, de acordo com a trilha sonora de fundo – preciso dizer o quanto eu amei isso? Eu sempre tive a minha, pra todas as quintas, todos os personagens... vocês sabem disso... mas ter uma em aula... ahhhhhhhh... E a maior ironia da história toda? Foi o ritmo das músicas do Jeam bater com o ritmo que eu escolhi pra faixa principal da minha...
Com ela, teve também a dança das cadeiras, que não podia faltar e não deu pra enjoar nem entediar... – como se desse... uhum... – foi extremamente dinâmico – como o nome da própria aula dizia...
E houveram momentos... de passar o texto, colocando a boca pra funcionar... de colocar ela em ação de frase em frase, dando continuidade pelo outro – por ele e para ele – de perto, de longe – distaaaaante – de costas, com as palmas das mãos encostadas e separadas, mas sempre como se estivesse de frente com alguém – aquele alguém – e, principalmente, ouvindo.... – até pelas costas...
E eu não estava surda, soube ouvir. Me virei nos trinta... claro que me chateei por não ter ouvido de mercador, mas compreendi sabiamente a sabedoria Pierre... traduzindo: olhos e ouvidos na cena, que o resto é resto!
Minha cena... todas as minhas cenas foram incríveis, cada uma especial de um jeito. Teve quem me surpreendesse e quem não me decepcionasse... me jogasse lá embaixo, no inferno – afinal, era um drama...
Me senti intimidada e refletida num espelho, que me respondia do avesso, me contrariando, me contradizendo... sem ser eu... e eu fiquei sem palavras, elas me fugiram da boca... e acabaram se revelando.... assim como a ameaça de gravação  – aquela – que ameaça se concretizar...
sábado, 3 de setembro de 2011

Alice in HD-land



Enfim...
Foi encantador, mágico e durou muito pouco a minha Alice na terra da high definition, terras de uma tela de tantas polegadas, que perdi as contas...
Every little thing she does is magic...
traduzindo...
Embora não fosse de contos de fadas a minha Alice, era como se fosse... em mim, ela lançou um encanto tremendo chamado personagem. E eu aprendi do que um personagem era feito e como fazer, com ela – mesmo tendo vivido meu um ano intenso entre 1999-2000 de teatro amador.
Nunca, nem nesse um ano, nem no ano da minha última apresentação em 2006, nunca eu vivi, o que vivi com essa personagem... E nunca pude me assistir assim de camarote – foi uma loucuuuura...
Eu não me vi ali – e não venham me dizer que é assim que o negócio funciona, senão.... enfim... continuando – não me reconheci... mesmo nos momentos em que eu jurava que ia me quebrar, eu não me quebrei – aqueles momentos sem ter texto pra dar, que a Alice se perdia de mim, mas lembram que eu me encontrava com ela pelo olhar?
Isso foi o que me salvou, ela foi quem me salvou. Eu sabia direitinho como fazer ela voltar pra mim... 
AHAAAAAAAAA... e meu remix de vozes? Pra quem não estava lá, não gravou, nem nunca ganhou uma exclusiva da Alice – pessoalmente falando... é... porque eu cedi ela, além dos domínios da aula, Jeam... incluindo o meu Edélcio fajuto... pronto, confessei – vou explicar como funcionou: existiam partes do texto em que a Alice nesse encontro que ela teve com o amor da vida dela aos 16 anos de idade – profundidaaaade, sabem bem como é... quando se tem 16 anos... – ela parava e contava como ele falava com ela.... então... enquanto todas as meninas, falavam no seu próprio tom de voz, a Alice saía de cena e o Felipe entrava – sentiram, como foi bom pra mim? 2 personagens em 1..... sem malícias, gracias....
Enfim.... depois ele saía e ela voltava, e, isso, no texto, se repetia ainda mais uma vez. Esse momento, por algum acaso, me veio a calhar  se não me engano  no meu primeiro trecho de gravação – justo aquele que quase me matou do coração. E esses primeiros momentos de Alice me mataram – e mataram muita gente que eu sei – de rir. Eu ri desde o momento que ela apareceu de relance até o fim...
Mas antes do fim, uma revelação: minha dupla inusitada e incrivelmente bem bolada ao acaso com a Taís. A personagem dela era o o oposto-inverso da minha Alice, enquanto ela era ligada no 220V – se bobiar, 500V – a minha Alice era devagar, quase parando... e quando elas davam as mãos, eu... não... a Alice pegava no tranco. Foi surreal... quem quer que visse  desconhecendo  ia pensar que a dupla dinâmica estava no script. E ela nasceu do improviso – saudável – da Alice, que, enquanto esperava pra gravar seu depoimento – Jeam disse isso à ela – viu a personagem da Taís e achou ela linda, chamou ela de linda e disse que queria ficar linda que nem ela.... – ok, essa foi uma das táticas dela pra puxar conversa com praticamente todas as meninas, mas só nessa, alguma delas deu atenção de verdade...
Nós duas nos completamos em cena – essa conclusão não foi só nossa, né Jeam Pierre – de uma tal forma que só fazíamos graça juntas – aqui, créditos totais à ele – e isso foi inédito pra mim – eu nunca vivi  pra me completar em outra pessoa em cena... e, muitos menos, com isso registrado pra assistir depois...
Também nunca tinha vivido pra ver outros abomináveis em cena, além dos que são da mesma selva que eu – da minha irmandade. Foi interessante... – queriam mais? Lamento, queridos, mas eu tenho uma audiência pra segurar...

Entra o locutor...
Aguardem as cenas do próximo capítulo....
Interrompendo a locução...

Ahhhhhhhhhhhhh.... não poderia me despedir, sem falar dessa cena: foi no segundo tempo de gravação e o Jeam gravava a gente de tudo quanto era ângulo, daquele jeito – consegui ouvi funk, quando escrevi... que loucuuuuura – enfim, Jeam-cinegrafista-Advogado do Diabo de ser... numa hora, ele tava filmando a Alice de canto – ela tava no canto da cena – e ele foi se movimentando, filmando e a Alice, tava se inclinando toda pra ver quem tava falando na cena e com o movimentar da câmera, a cabecinha dela foi se exibindo em slowmotion mode queda livre... Realiza, a pessoa se inclinando, a cabecinha dessa pessoa, ali no meio da linha do lado da tela, de repente, vai se insinuando e caindo... e caindo se insinuando? Essa foi a cena que eu menos esperava e uma das que mais me marcou... durou tudo muito pouco.... como tudo, naquela noite... mas já me disseram um dia – quando resmunguei que tudo que era bom, durava pouco – que dura o tempo necessário pra se tornar inesquecível. E foi inesquecível...

Volta a locução...
Agora podem aguardar as cenas dos próximos capítulos....
domingo, 21 de agosto de 2011

Às mil maravilhas de Alice


Que semana intensa.... antes de me aprofundar em Alice e nas gravações, preciso me confessar em outro sentido... vivi uma situação de cena, que nas entrelinhas, envolveu a razão pela qual esse blog nasceu e me provou que não estou me enganando com essa carreira, nem comigo. Fui feita pra ela, pra crescer com ela, arriscando com ela, me atrevendo com ela, me descobrindo e me revelando com ela. Sendo mais eu, e, muito mais do que eu, de dentro pra fora e além.
No calor do momento, quase me traí, quis fugir... então, era um ultimato pra mim, profissional e pessoal. E, eu cheguei, sim, a pensar na fuga... por quê? Sou humana e diante do inevitável e desconhecido, tendo a me amedrontar. Sou imperfeita e passível de toda a sorte de pensamentos ruins, loucuras, altos e baixos, que possam vir – e vem – me assombrar o juízo e me confundir – as famosas caraminholas ou minhocas, a quem preferir.... Ser fraca, faz parte de tudo que sou, e é sendo fraca, que consigo ser forte. São nessas minhas fraquezas, que encontro as minhas forças e me encontro. E, eu, na minha pele, não cedo assim tão fácil – principalmente quando amo. E não fugir, seria uma prova desse meu amor, ganhar uma aposta de mim mesma, meus limites... E, se não fosse capaz, não seria uma atriz de verdade. E eu sou.... venci essa minha queda de braço solitária. Me recompus e nisso se passaram – praticamente – horas até a minha cena chegar. Me preparei. E quando acabou, me surpreendi, vivendo uma das minhas melhores cenas, desde que voltei à ela, com o aval de Jeam Pierre.
Agora, já posso partir pra minha Alice. Gravei com ela em dois tempos e quase morri do coração no primeiro. Nunca senti meu coração bater como bateu naquela noite, como se batesse no seu primeiro sopro de vida, no ritmo de uma bateria de escola de samba em pleno recuo da Sapucaí. 
A câmera estava distante, mas não foi a distância dela que me deixou tão à flor da pele, que me fez vibrar o sangue e me descompensar ao ponto dos olhos se encherem de lágrimas em plena comédia – e não, eu não chorei... Na minha cabeça, nada se passava, nenhum pensamento – me esvaí – só conseguia me retesar e vibrar por dentro e por fora – eu tremia.
Éramos cortamos numa lógica que só pertencia ao grande advogado do Diabo – Jeam. Ele nos cortava com o comando de troca, e, a partir dele, devíamos continuar o texto do ponto em que a pessoa que foi cortada, parou. Juro, que já nem sei se raciocinava, sei que me contorcia no corpo de Alice, naquela fila em L. Instintivamente, eu procurava apurar meus ouvidos... e mesmo naquela pressão toda... eu devo ter raciocinado, estava treinada e fui usando tudo que me desfavorecia a favor da timidez de menina que devia estampar o rosto da Alice. Inclusive, eu murmurava o texto pelos lábios – e mentalmente  tentando me escutar e escutar a voz da Alice dizendo exatamente o que eu estava escutando ali... se funcionou, eu não sei... mas, me perder, que é bom, eu não me perdi. Eu consegui me manter firme e forte, não me atropelar, mesmo quando recebi o sinal pra continuar – quando dei com os lábios, a última linha da história – continuei, rebobinando a fita e recontando tudo de novo, daquele jeitinho que só a Alice podia, mais ninguém.
Ela era única com aqueles óculos imensos, cabelinho cacheado milimetricamente repartido e preso pra trás num rabo-de-cabelo mal sucedido. Usando pouca maquiagem, moleton do Mickey – com o zíper mal abrindo, revelando parte de um casaquinho recatado de lã negra – jeans claro – caindo desajeitado sobre um all star com detalhes de um xadrez em vários tons de azul, incluindo branco. Ombros elevados, querendo encostar nos ouvidos, mãozinhas e perninhas juntinhas, como se quisesse fugir pra ir pro banheiro... e uma voz melosa, chatinha, infantil, carregada de inocência...
E essa voz foi meu tendão de Aquiles... afinei a minha voz e estava rouca, então ela, além de baixa, ficou falha. Depois gripei – ficando completamente congestionada – e, já não conseguia mais puxar o ar pelas vias certas.... e mesmo conseguindo falar e respirar, ainda, o volume continuava baixo demais... e aquilo me desesperava, porque a Alice sem voz, não era Alice, ela foi toda construída a partir dela... o corpo veio a partir da voz, o olhar, a personalidade dela se entendia, só de ouvir. Mas pra minha salvação, o boom estava lá, junto da câmera. E eu pude respirar aliviada. Na hora h, minha voz não falhou, não me faltou o ar... quem sabe aí, a adrenalina tenha mascarado tudo, mas acima de tudo a minha paixão estava ali, nos meus olhos... pra quem quisesse ver.
Senti muitas chamas ardendo dentro de mim, de tantas naturezas... um vulcão... e depois, pude recuperar o fôlego, assistindo os meninos repetirem o que tinha acabado de viver. Assisti, escondida dentro da Alice, e vi um em particular me surpreender, outro corresponder ao talento, no qual eu já acreditava, e de resto, foram tantas, tantas decepções – que se estenderam à praticamente todos, homens e mulheres... meninos e meninas.... Faltou muito pouco pra eu não me frustrar por completo como expectadora, e, antes que isso acontecesse, fui chamada de volta à cena.
Agora, as regras do jogo tinham mudado, permaneceríamos da mesma forma que antes, só que agora a câmera iria chegar junto da gente, apontar pra nós, junto com o comando de troca, e iria nos flagrar de todas as formas possíveis e, inclusive, inimagináveis. Aí, eu já não estava tão nervosa, estava mais calma, mais fria, o incêndio já era menor... mas a tensão ainda estava ali, me mantendo em alerta. Meus ouvidos começaram a me trair, e, por conta da movimentação da câmera, minha visão periférica resolveu me abandonar e eu me sentia completamente desorientada, sem noção alguma de distância e espaço – agoniada, pra ser mais exata. Cheguei dessa vez a me enrolar nas falas, mas consegui improvisar e me encontrar nas palavras certas. Mas me perder, foi extremamente interessante. E porquê? A minha Alice nascia quando dava sua primeira linha de texto e “morria” se não tivesse texto pra dar. Ela estava presa ao texto, não ensinei outras palavras pra ela, além das decoradas de cor e salteado. A euforia dela, a energia, a vida dela estava naquelas que eu ensinei. Fora delas, ela se perdia da vida, de mim – culpa minha, que não ensinei ela a improvisar, a viver além do texto. Sem ele, ela se amedrontava, pouco falava, e pra eu me encontrar com ela de novo, só pelo olhar.
Não pensem que eu fui a atriz mais concentrada, porque não fui, mas fui, definitivamente, e sem medo de errar: a mais apaixonada pela – minha  personagem. Desde que me imaginei com os óculos imensos do Jamil, que comecei a brincar com a minha voz, a pensar em que moletom poderia vestir – naquele da minha grande amiga... Materializar todos os meus delírios na casa dela e derrubar um armário, me preocupando inclusive com o prendedor de cabelo que devia dar pra Alice usar. Me produzi dos pés à cabeça, me reinventei, quis trazer a minha Alice à vida nos mínimos detalhes, provar que ela existia e que eu podia me esconder nela e não ser descoberta.
Eu consegui... me senti feliz, outra, fora de mim, com aqueles all star nos pés e aquele óculos apoiado no meu nariz – que incluía falsas sardas, que derreteram – era muito calor humano da minha pessoa em pleno dia que queria ficar chuvoso.
Eu me diverti com um texto emblemático, que independente da linha que me apontassem pra trabalhar, seria desafiador, e, abraçado por mim. Mas especialmente, com essa linha que escolhi, de acordo com as instruções que me foram passadas, como eu me diverti... me senti entretida e entreti – acredito eu....
Tudo acabou e eu me acalmei em braços amigos, recebendo feedback imediato, e recebi mais. Teve quem gravasse quais foram os meus melhores momentos, mais divertidos... e isso significa, que consegui cativar, conquistar a atenção de quem me assistia. E, não me importa quantos foram. Se eu consegui prender nem que seja um único alguém no meu ato, já posso me considerar mais que realizada.
E eu me considero, sim, mais, muito mais. Eu me conquistei, eu me cativei, eu me prendi na minha menina... não queria abandonar seus óculos, mesmo que não se encaixassem comigo particularmente – senti a separação. É ruim voltar a si, quando se ama tanto sua personagem – corremos esse risco, ou pelo menos, corro eu – é, como se fosse um filho, que você quer se negar a deixar ir embora. Mas os filhos, assim como os personagens, saem um dia, das nossas asas e ganham o mundo – ou, aqui, pra nós, nosso imaginário.
Juro, que desejei mais falas, mais tempo só pra ela... poder vivê-la mais... mas não posso me queixar, fui muito feliz em cena, em todas as minhas cenas dessa semana, e me descobri segura na insegurança, que é a minha paixão... ser atriz.... 
sábado, 20 de agosto de 2011

I WAANNAAAAAAAAA PUUUT OOOOOOON MY MY MY MY MY MY BOOGIE SHOES...


E não é que eu também estava morrendo de saudades dos meus teasers? E da minha trilha de quinta então? Ahhhhhhhh.... 
Aqui vai mais uma faixa para a trilha de quinta: a música que me embalou durante a maquiagem de Alice... e foi escolhida pelos tênis...
Afinal, nunca vou me esquecer que a Alice me fez usar all star... e, daqueles xadrez, ainda por cima... que meus pés realmente viveram esse momento I wannaaa puut oooon my my my my my my boogie shoes...

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

E no estilo broadwaaaaaaaaay....


Faz tempo que não paro pra falar um pouco das minhas inspirações... justo agora que tive que compor uma personagem e o desafio era muito maior, por não ter experimentado receber o texto e as instruções do poderoso Chefão – quase, vai.
Então, eu me rendo... 
Meio que já me adiantei, falando da personalidade da minha Alice, pretendo agora me entregar, no sentido de como me cerquei de influências para criá-la, além texto.
Já não é segredo pra ninguém, que sou fã daquele reality show de dança americano So You Think You Can Dance...
E... sabendo da história por detrás dessa coreografia em particular, e a performance em si, ficou difícil não me inspirar também nela pra compor a Alice... assistam aqui 
E, não foi pela musa que dança, minha inspiração, mas pela personagem do menino entregador de jornal, vivido pelo bailarino, que encarna seu maior sonho: estar diante da sua musa, seu grande amor – sentiram coincidências?
Pois bem... de cara, não me inspirei no Neil (o bailarino), por razões óbvias, e, inclusive, coreográficas – de ter a minha atenção voltada para a Lauren, a grande estrela do número. Mas a minha Alice não deixa de ter um quê dessa grande estrela de cinema, dessa musa – que é quem ela deseja lá no fundo ser, ainda mais, diante do seu grande amor, pena que ela se atrapalha toda... uma pena não, porque se ela não fosse assim, não teria me entretido, muito menos sido entretenimento à mais ninguém...
Prestem muita atenção no corpo e no olhar do Neil – pistas... denunciando Alice... – principalmente na forma como ele suspira, com os punhos cerrados, desacreditando do próprio sonho, e, como ele estende os braços para receber a Lauren que se lança neles em um passo.
Ponto forte nesse sonho – nesse revés de ser o admirador e desejar ser admirado – nessa coreografia, enfim, é quando a alça do figurino da Lauren se arrebenta – em aproximadamente 1:17 de execução, queridos tarados de plantão – e a forma com que ela e o parceiro dela em cena conduzem o ato até o final. 
Ela, maestralmente, rouba nossa atenção de uma forma sedutora, com o olhar e um sorriso matador, seguidos de uma linha delineada com o braço, explorando ao longo o defeito da roupa a favor dela, de um jeito.... que eu quando crescer, quero aprender a fazer.... 
E seu parceiro, cheio de cuidados, usa os braços de uma forma – que eu vi – improvisada, para tentar resguardá-la. É tocante e linda, a forma com que são cúmplices e não deixam o show parar.... extremamente profissionais....

domingo, 14 de agosto de 2011

Do país das Maravilhas à mulher-macho – prazer, Alice... Edelcio e o prazer é todo meu!


Você recebe uma provocação... o que faz? Responde à altura. Dependendo da sua idade, sua resposta é instintiva ou inteligente. Raros são os que conseguem fazer a perfeição que é essa combinação – fatal. Independente do tipo de resposta que alcance e de reação que você tenha, passivo é que você não fica. A questão é... se você vai usar o instinto a serviço da inteligência ou a inteligência a serviço do instinto – me emprestando aqui da sabedoria de Glória Perez em uma de suas obras.
E quando a provocação é em forma de texto?
Pois bem, na minha vidinha mais ou menos, mas pra mais do que pra menos – créditos à Jeam Pierre por esse trecho de sabedoria – posso me dar ao luxo de usar meu instinto a serviço da inteligência e transformar tudo em brincadeira – é um dom – mas diante de um texto, não. A brincadeira é séria. Nossa vida não exige planejamento, raciocínio perante atitudes, não, a ponto de encará-las pausadamente e mecanicamente, apelidando de takes, pausas e marcações. 
Quando inventamos de brincar de ser outro alguém, temos um meio – texto – para se chegar a determinados fins... e, para nós, sim, “os fins justificam os meios”.
Viver outro alguém requer estudar esse meio, através dele, entender quem você irá arrancar de si. A partir de uma história que estão te contando, você consegue sentir as emoções, nas entrelinhas, decifrar a história desse alguém. E para isso, você acaba aliando instinto e inteligência, mas principalmente abusa da inteligência a serviço do instinto. Nos programamos para essa nova vida, de acordo com o script.
E o meu script dessa semana gritava. As palavras tinham peso próprio e se faziam vivas de uma forma pouco ortodoxa: eram extremamente profanas, mundanas. E qual era a orientação, Advogado do Diabo? Ignorar e ir para o lado oposto da força: a inocência. E eu fui.
Em meu oposto, busquei a menina que ainda habita em mim e a inocência perdida, criando a partir dela, alguém que diria essas palavras sem a menor noção do peso que elas tinham, alguém acima de qualquer suspeita e que jamais se imaginaria dizendo tais coisas: Alice.
A maior loucura de todas foi que eu acabei me divertindo com ela e sua história, coloquei meus óculos e ensaiei. Agora até sinto uma chama ardendo dentro de mim, é prazer e por mais estranho que possa parecer, é a prova de que ela está viva aqui dentro.
Agora, não vou falar de agora, porque a intenção mesmo é voltar direto pro túnel do tempo: última quinta. Levei a Alice comigo, mas inicialmente ela ficou de canto, pois passamos pouco mais de 1 hora dando um feedback sobre o grande encontro. Passado ele, partimos em grupos menores – meninos versus meninas – para fazer dos nossos monólogos, cena. Com quem estava, eu comecei, colocando a Alice pra fora. CORTAAA. Segundo passo, uma colega de cena fazer do mesmo jeito que eu, só que além de me imitar, tinha que exagerar – fazer uma prima da Alice no superlativo. Confesso que aí eu me diverti. A loirinha que me imitou, minha colega de cena – Isabella – foi no ponto. Depois, troca-troca. Agora tínhamos que estar em grupinhos unissex – homens e mulheres juntos. Com a nova formação, eu novamente representei o monólogo feminino e a Alice deu a ar de sua graça mais uma vez. Depois um dos meninos, colega de cena, foi representar o seu Edelcio e logo tratou de arranjar sua Cilene.
Acabados os trabalhos, terminamos em uma roda. 
E tchaaaaaaaaaaraaaaaaaam... A grande surpresa da noite, o grande momento: tapão na mesa e a brincadeira tava invertida; inversão de monólogos – antes que alguém se perca, menina vira menino e menino vira menina. Uau?
Esse Jeam, ainda me mata. Sei que ele me torturou até me permitir ser macha de uma vez. Eu parecia uma pipoca ambulante até ele finalmente me dar comando de ação, que nem uma criança, inclusive verbalizando Ahhhhh eu quero fazer, Jeam me deixa fazer..... Mas aí tinha um porém, eu tinha que seguir o que me foi apresentado em grupo. Ok. Como mandava o script que me deram, me arranjei com a minha Cilene e protagonizei uma das cenas mais hilárias desses meses todos de aula. Não me reprimi não e expulsei toda a minha testosterona reprimida – que loucuuuuura – entre gargalhadas femininas, por vezes – bem disfarçadas – masculinas – juuuuura  eu falei palavra por palavra com a boca cheia, ali saiu o meu teatro todo pelos poros, sem pudor e eu fui feliz... mesmo sem ter a oportunidade de falar bate cachorra bate...
Aplausos, eu ganhei e feedback garantido de olhinhos que brilharam, me admirando de frente e outros que se arregalaram, sorrisos... um prazer.... imenso e todo meu....
E o que mais essa atriz aqui pode querer? Ir além, mais além ainda...
segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Eu e o grande evento da minha vida, o grande evento da minha vida e eu...


Não me aguento de tanta inspiração, mais um tantinho assim e eu saio feito uma pluma ao vento. O que foi encontrar todos os alunos de Jeam Pierre e Tonio Carvalho? Ahhhhhhhhhh...
Ok. Antes de qualquer coisa, silêncio é um artigo de luxo dispensável pra mim, embora ele permaneça a me rondar pela última quinta ter sido como foi... para quem não sabe eu sofri de um mal súbito e fui intimada a faltar pela primeira vez – parecia que tinham me arrancado um pedaço... me senti sacrificada – mas entre mortos e feridos, eu me salvei e estou aqui pra contar a história e que história...
Dessa vez não vou falar de Jeam e suas técnicas, como me prepara, embora ele estivesse envolvido nesse processo que vivi de qualquer maneira. Não é uma aula, não será a minha última quinta a bola da vez... será meu último domingo, meu encontro com os abomináveis de Jeam Pierre e o grande Tonio Carvalho.
Para quem é de fora, abominável é a forma carinhosa com que o Jeam nos chama ao invés de alunos, afinal pra quê chamar de aluno, se em latim é sem luz mesmo? E luz nós temos.... ok, alguns, porque o Sol não nasce pra todos...
Mas enfim, retornando... estar num recinto abarrotado de atores e atrizes faz bem pra pele, lava a alma, renova as forças e inspira... e como estou inspirada e leve.... me senti e me sinto menos louca e nem um pouco só....
Me cercaram num hospício de loucos que tem o mesmo sonho que eu, maior do que nós mesmos, vai além e nos faz ir além da maioria. Quem sabe, seja por isso que assuste tanto os de fora, vulgarmente conhecidos por normais...
O contato com todos eles – uns mais, outros menos – foi um combustível pessoal, me senti e ainda estou me sentindo... a felicidade dispensa palavras, eu já disse... mas quem sou eu pra dispensá-las?
Conheci e reconheci talentos natos, personalidades marcantes e cativantes – duas em especial. Me diverti e dancei como não dançava há muito tempo.... num tempo onde eu queria substituir a Scheila Carvalho – que era minha ídola  – e ser a morena do Tchan, sabendo de cor todas as coreografias, com direito à show, fechando rodinha ao meu redor, só pra eu dançar, quando ia à praia.... e não, eu não tinha começado a fazer teatro nessa época....
Tive meu direito à showzinho dançando Jamil e Uma Noites, indo até o chão, quebrando tudo.... literalmente. Eu quebrei tudo, quebramos tudo e botamos o terror, fizemos do sonho do Jeam o nosso, e daquele encontro, um grande encontro, o maior evento do ano e da minha vida, e sei que não falo só por mim nesse momento.
Agora exclusivamente para mim, nunca me imaginei num evento desses, nem que existia... mas existe e não eu precisei me beliscar para me convencer disso. Matei minha vontade de ter uma aula de canto, mesmo que em formato de Workshop, que eu tive o prazer de ter com um conterrâneo, carioca como eu, escutando a voz de casa – que se estendeu na voz do Tonio. Depois, a outra vontade louca – que eu nem sabia que tinha – de dançar, roubar bexigas dos outros no ar e gritar, porque se eu não larguei mão da garganta na aula de canto, eu definitivamente não ia sossegar se não fizesse isso na grande dinâmica que concentrou todos os abomináveis entre quatro paredes. E eu fiz, ficando extremamente rouca.
Rouca para encontrar com ninguém mais, ninguém menos que Tonio Carvalho, o diretor da Oficina de Atores da Globo. Uma sumidade. Um homem que exala sabedoria, realmente especial. Foi mágico, conhecer alguém com tanta bagagem e que transmitia a mesma paixão louca que sentimos por essa profissão que ninguém entende. E se não deu pra ninguém entender ainda, seja de fora ou de dentro do meio, é porque não se é para se entender esse ofício, e sim senti-lo. E o que se sente? Prazer. Se você não tiver ele, você não faz parte, definitivamente, desse nosso meio. Essa foi uma das grandes exclusivas que o Tonio nos deu. Ele trouxe a inspiração para voltar a ser criança e trabalhar como se fosse abrir os olhos, com os olhos de um bebê que desconhece o mundo e a vida, capaz de experimentar sem medo de errar.
É impossível colocar em palavras, todas as palavras dele e o que elas significam. Elas foram de uma intimidade, que me tocaram profundamente, me fizeram ter certeza de que eu não estava errada, quando finalmente percebi que a brincadeira era séria e que eu queria me envolver e mergulhar nessa intensidade tamanha de que sou feita... mundo, vasto mundo, maior e mais complexo dentro de mim do que o exterior que me cerca  – inspiração mais que evidente na fala da minha colega de cena, Ana – e me emprestar à outro alguém que tiro de dentro desse mundo tão meu pra viver, compartilhando com vocês na forma do que chamam de personagem...
Esse, enfim, é do que nosso ofício é feito: ser humano, mais humano que muito ser, isso em dose dupla... tripla... até se perder nas contas...
É o ar... é meu ar.
segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Não gafearás!


É hora de tirar o pé do acelerador e dar uma freiada... a última quinta foi em clima de talkshow, estilo Altas Horas...
Montamos uma mesa redonda improvisada e começamos a conversar, no que foi nosso primeiro laboratório profissional.... mesmo não sendo para um personagem....
E a minha impressão era de que tinha um quê de orientação de conduta e boas maneiras no ar, me senti numa aula de etiqueta pra atores. Vocês podem até pensar que não, mas nós também precisamos dela, principalmente quando temos um grande encontro à vista. É importante não colocar os cotovelos na mesa, palitar os dentes, fazer barulhos desagradáveis - chupar os dentes, sopa -quando se está nela, equivalendo à nós a sacar a arma poderosa da palavra engatilhada na ponta da língua ou se favorecer da arte de se silenciar...
O que, resumindo, se trata de repertório, pertinência e muito, bastante, desconfiômetro. Existem assuntos entre atores e diretores, e, todos, sem exceção, se classificam entre os extremos: ou proibidos ou interessantes.
Informação é poder, e não se desperdiça. E com esse poder habilmente manuseado, se conquista conhecimento e inteligência. E não existe nada mais abominável que um ator burro, não é? A burrice em si já é abominável.
Daqui, particularmente, eu já garanti as minhas conquistas, e a partir delas, formei um manual de etiqueta, mandamentos, incluindo pecados capitais, aqui na minha cabeça. E ele é, claro, confidencial. Afinal segredo é alma do negócio e pré-requisito pra não se rescindir um contrato. Mas um segredo eu posso revelar: com ele, gafes no more, baby!
sexta-feira, 22 de julho de 2011

Ai cena bandida....


A personagem não mudou... o texto e cena também não.... mas a intenção... quanta diferença.... chega de amor, eu quero é raiva, abominável!
Ok, não foi assim que o Jeam pediu, mas foi quase, vai...
Nessa noite, ele inverteu a hierarquia das emoções e não queria saber mais daquele amor todo, queria ver o circo pegar fogo e jogou a lona da raiva no picadeiro. Trabalhar com a raiva seria mais ou menos parecido com um trapézio nesse circo, onde uma vaciladinha de nada, faria o ser cair das alturas do seu clichê e se espatifar todo feito bagaço da laranja do shampoo do meu comercial que eu parafraseei no início – me peçam pra fazer o original ao vivo depois.
Finalmente, ele resolveu escolher nossas parcerias, as duplas em cena. O dedinho foi apontando e eu naquela torcida secreta, rezando pra não cair em mãos erradas, sem duplo sentido. Depois de um longo suspense, não é que eu tirei a sorte? Calhou de eu fazer dupla com um dos meus amores dos ensaios, o Harrison Reis.
Me senti ganhando um presente e olha que eu estava me preparando já pro pior antes de formar a minha dupla. Mas enfim... recapitulando, fizemos um exercício pra poder induzir as emoções que as personagens pediam... sem desviar os olhos um do outro... depois, um dos dois devia pegar no braço do outro, e então ação.... Esse primeiro exercício pra mim, não valeu muito, não senti, não surtiu efeito.... mas quando o Harrison me pegou pelos braços com as mãos cheias – entenda como apertando FORTE – aí eu senti... oh se senti... os olhos dele estavam de um jeito que eu nunca vi, nem nos ensaios – até porque trabalhamos o oposto lá – me senti fuzilada. Se pudessem ou se tivéssemos efeitos especiais, aqueles olhos pegariam fogo, e me atingiriam num raio, me fazendo virar atriz em pó....
A força que eu senti no olhar daquele homem, me mostravam que eu estava lidando com um homem, não conseguia mais ver ele como ele, ele estava fora dele mesmo, com o diabo.... digo, o personagem no corpo. E eu realmente me senti envergonhada diante dele, enquanto ele me olhava daquele jeito e dava o texto, queria abrir um buraco no chão. E isso tudo eu senti desde o primeiro minuto que ele deu o texto até o último....
Na minha vez, o exercício era outro, esse realmente me aqueceu. E eu pude berrar, crianças!!! Tudo que mamãe me proibia quando eu era pititinha, tio Jeam, deixou hihihi
É, eu berrei. E pude dar meu texto berrando.... minha garganta quase pediu pra sair, mas foi de uma libertação aquilo... não sei se os berros saíram com aquela intenção toda que eu queria, mas quando eu abaixava o tom de voz sim.... raiva, e eu tinha que estar com ela, juntou a de não poder falar pra reagir ao meu parceiro dando o texto antes, daquele olhar fuzilante, e eu carreguei o meu... se aí eu passei a intenção? Ainda não consigo sair do meu corpo e me assistir de fora... droga!
Enfim foi libertador, agoniante e empolgante. O meu parceiro, meu amor, me surpreendeu. E como eu nunca imaginei. Vi nele, a veia artística saltando. Ele sabe porque eu já disse à ele em particular, e eu faço questão de repetir que pra mim ele é a maior revelação de todos. Morri de orgulho dele e de mim, por estar lá, testemunhar, e fazer parte dessa história. É como se eu tivesse visto um menino envelhecer 10 anos e virar um homem na minha frente num piscar de olhos. Em termos de ator, foi de mirim à principal. Vi isso nos olhos dele e eles me inspiraram muito, e eu tentei respondê-los à altura.
A certeza à uma atriz não pertence. Mas sei que o acompanhei porque fui contagiada por ele e acredito que ele tenha encontrado nos meus olhos o reflexo de tudo que ele queria me passar.
E como a ópera termina? Com um casal de verdade em cena, com dois personagens juntos e misturados em uma coisa só: uma história de linhas e entrelinhas contada e compartilhada em comunhão total de atores.
Adorei no fim, que tenha se invertido a intenção e ter a prova viva de que um texto pode ser visto e trabalhado de mais de um ângulo. Envolvendo não só a cena, marcação, mas indo desde a leitura até o tom de voz. Num mesmo texto, trabalhamos seus lados opostos, os nossos opostos. E moral da história é que com isso dá pra ir até o infinito... mas sempre existirá um diretor no fim da linha pra te trazer de volta, pro chão... porque se deixar, somos capazes de voar. E com o que eu fiz, entre os ensaios e esse dia já dava pra alcançar as nuvens.... num é que tá ficando cada vez mais bom?

Ai amor bandido...


Mais uma faixa pra trilha de quinta, dessa vez, fui buscar em uma coreografia de lyrical hip hop do reality So You Think You Can Dance de Lauren Froderman e Dominic Sandoval, a minha primeira orientação de todas, porque a história por trás dessa coreografia envolvia um casal que vivia uma relação de abuso e violência. As entrelinhas da história que eu tinha e trabalhei com os meninos nos ensaios não chegava à tanto, mas se aproximava pelas emoções envolvidas: a raiva, o ressentimento, a decepção.... 


E onde entra a Beyoncé? Ela era a música de fundo da coreografia do reality. A música dela se encaixou perfeitamente com toda a história que eu estava tentando contar, com a personagem em si. E essa performance em especial, também tem mais um dos movimentos que me inspiraram na hora do rebolation, o outro, tão tchan quanto vide reality, guys.
domingo, 17 de julho de 2011

1+1


Durante o banho, passava o texto, quando tive essa brilhante idéia, uma inspiração... Ensaiar com alguém seria um sonho... já sabia quem... mas aonde? Meus pensamentos foram se encaixando e um homem se desdobrou em três. No fim, conseguimos estar juntos todos num mesmo espaço e em cena. Eu e os homens que se tornariam meus amores.
Em dois dias, nos amamos. E acima de tudo nos inspiramos. As segundas e terceiras intenções estavam ali, em mim e em cada um dos três atores que estudaram comigo nessas duas noites seguidas.
Quebramos vários tabus, enormes para homens e conflitantes para mim, enquanto mulher. A intimidade, dar-se e se permitir à liberdade de tocar, de se aproximar de verdade de alguém e se olhar a ponto de cegar, de se deixar trair pelos instintos, de não se reconhecer mais. E ter um brilho no olhar, um fogo, uma chama acesa, provocar brasas e esquecer como as linhas de um texto se encaixam em frases, formam parágrafos e a ordem que eles têm... dos movimentos, onde começam e terminam, qual vem antes do quê e depois? Foi como delinear com um lápis um rascunho sem saber como ia ficar, se ia ou não terminar em uma obra de arte.
E fizemos arte sim. Meus homens, em cena, me mataram de orgulho, não só por não ter medo de chegar perto de mim, de me tocar, como de me provocar, me fazer sentir viva... eles rebolaram. A cada rodada, eles se desafiavam e não tiveram vergonha de mim, muito menos de errar, o que pra mim é lindo. Eles se desprenderam dos pudores, me escutavam e seguiam me surpreendendo, me encantando mais do que eu poderia antecipar e imaginar.
Parece rasgação de seda pura, mas ter homens dispostos a se concentrar e focar nos olhos de uma mulher ou nos olhos de outro homem, é de um desprendimento, que mal conseguimos apontar à um único homem, que dirá à três. E eu fui privilegiada.
Eu, pessoalmente, encarei meus altos e baixos, meus pontos fortes e fracos, tanto na aproximação como na própria concentração. Não achem que é fácil ter uma cena de casal pra fazer, porque não é e acredito que nunca vai ser. Inicialmente, você por mais experiência que possa ter tido, sempre se choca no primeiro contato, e é sempre um desafio imenso estabelecer uma ligação tão forte como uma passional num estalar de dedos diante do desconhecido.
E eu, sou nova nisso. Nunca na minha vida tive cenas assim pra fazer, textos em que as palavras que estudo seriam ou já foram ditas por mim, e todos de momentos conflitantes, se encaixando na minha história, em momentos meus... e não podendo ser minhas.... eu nunca estudei e fiz drama antes.
Imagine você tentando estabelecer essa ligação, tendo o amor como sua matéria bruta e prima de trabalho e ter que ir além disso partindo pro conflito? Além do amor, você tem que estabelecer toda uma intimidade que está nas entrelinhas, junto com o amor, e faz a relação a dois parecer ter sentido e verdade aos olhos de quem vê.. isso sem se trair e cair no clichê da raiva... faz sentido...?
É, mas não é fácil... é estranho.... e prazeroso, sem malícias infantis, mas sim daquele prazer de quando conquistamos além, o ir além de nós mesmos. E eu fui, fui tocada, fuzilada, intimada, intimidada, sensibilizada e inspirada. Junto com os três, consegui essa intimidade, esse amor e todo esse conflito...
Descobrimos muito de nós mesmos, nos dando feedback antes e depois de cena, e com calma.... nos conhecemos mais, nos testamos, nos desenvolvemos, evoluímos. Olhando um pro outro, podendo apontar o exterior que somos incapazes de atingir quando estamos contracenando com um batente de porta, por exemplo.
Quando que sozinha, eu ia descobrir que minha voz começa num timbre forte e vai murchando até o final das frases? Que estava me movimentando demais e precisava diminuir e me concentrar com os pés no chão? E o mais engraçado é que imediatamente depois, estávamos já nos ajustando, tentando nos adaptar, minimizar as falhas nossas.
Em teatro, temos a sorte de uma preparação real, mais prolongada e intensa, para TV é tudo tão novo e automático. Temos uma indústria prestes a nos engolir, se ousarmos ficar fora do compasso, do timing.
Mas quem disse que não podemos abusar de velhos truques? Ensaiar com um texto para esse fim, para nós, que estamos nos descobrindo, para mim, significa nos preparar pessoalmente e até para um preparador. Nos deixa capaz de experimentar mais emoções, e digo isso em intensidade e versatilidade.
Eu experimentei tudo que podia naquelas noites e foi intenso....
Incluindo um beijo, meu primeiro beijo em cena, e sem ninguém pra cortar. Esse instante em particular, me fez sentir fora de mim, e o que passou na minha cabeça? NADA, me esvaí de qualquer pensamento.... e analisando de fora depois, foi como se eu revivesse um passado, sem reviver, sem saber onde colocar as mãos, como fazer... mas as mãos e todas as partes do corpo criam vida própria  nessas horas, e, por instinto sabem pra onde querem e devem ou não ir... foi estranho e foi natural − de um desprendimento − que eu acho que é no fundo o que significam os beijos em cena. Você se desprender de si, para se doar ao outro, tentando formar em 1+1 mais que dois, como se fossem dois em um, e esse um de arte, estética e uma intenção. É importante não perder ela nunca nem nessas horas, saber se entregar sem perder o controle, esse é o segredo que guardamos à sete chaves para que uma cena realmente aconteça de verdade.
Qualquer um, diante de uma confissão dessas, de fora, e sem o menor conhecimento de causa, poderia julgar e taxar o que fizemos de pegação, indecente ou vulgar. Mas fomos além das aparências e superficialidades, que só uma mente maliciosa poderia alcançar: tudo que foi feito foi cena, e, além: foi arte! Um profissional de longe saberia distinguir como comprometimento e busca, fomos atrás de uma essência, da nossa...
Humanidade é a chave para interpretar de verdade, porque nossos personagens são humanos como nós e suas relações também o são. Nada mais justo e coerente que buscar outros seres humanos para fazer da nossa própria arte mais humana ainda, mais pulsante, viva. Concentramos e nos envolvemos, mergulhamos fundo num abismo, que eu pelo menos nunca tinha entrado.
Nas entrelinhas que delineamos, eu confio, nas histórias que construímos, eu confio, nas cenas, eu confio, neles, meus três amores, eu confio, e, principalmente, muito mais em mim agora, eu confio. E posso garantir que não cheguei lá.... e não tenho pressa.... está ficando bom.... 
quinta-feira, 14 de julho de 2011

21


Virando a página vinte, eu tenho a vinte e um, que em algarismos é 2 e 1, que nada mas é que do que 3...
3 homens, 3 razões pra ir além....
Aqui vai um teaser, para esquentar os corações que irão receber as linhas que vão dar conta de como foram minhas noites de segunda e terça ensaiando com Jamil Vigano, Tiago Vianna e Harrison Reis....


PS. E não, não tivemos cenas proibidas pra menores, até porque tínhamos um conosco....

Nem duas linhas...


Não estava mentindo quando disse que com o que fiz não gastaria nem duas linhas escrevendo... mas e com o que senti? Várias.... mas prefiro uma única palavra: DECEPÇÃO. Além da técnica e da preparação perdida, o parceiro me frustrou. Pensa numa atriz perdida? Era eu, entrando como a traidora, nos 45 do segundo tempo já era a traída e nos acréscimos já era uma terceira personagem pra compor uma história que nem sabia qual era. Fazer por fazer pra mim, simplesmente não rola, me broxa. Como você sente algum prazer em interpretar, olhando nos olhos de alguém, cheios de lágrimas e encarar um vácuo, um vazio, um NADA. E eu sei o porquê dessa sensação: não existia intenção ali. Como eu ia me encontrar numa cena a dois, de dois que se amavam, se meu parceiro não sabia o que estava fazendo, onde estava e, principalmente, o que queria passar, pra mim e pra quem quer que visse?
Tenho pra mim, que nós temos um propósito de sensibilizar, em dois tempos, com segundas e terceiras intenções. Nosso encanto está em deixarmos as emoções tão à flor da pele, que sejam capaz de tocar além de nós mesmos. Emoções que acompanham palavras, e que são seguidas dessas intenções e de sentimentos, que devemos ser capazes de despertar além de em nós, como em quem possa estar nos assistindo.
Eu não menti nem me trai ao dizer aqui tudo que disse... ainda considero que tenha me confessado essa semana que passou ao vivo, não aqui... mas pra quem não estava presente, ao meu lado, mas aqui, que possa entender, e quem sabe sentir nas minhas palavras, o tamanho da raiva que senti e que carreguei comigo... até a página vinte....

FAIL


Gravação NOT. Rebolation NOT. Dinâmica NOT. Texto NOT. História NOT. Intenção ZERO.
Pra que escrever então? Vamos ler um livro.... ver um vídeo.....


Que ganhamos mais....

Making of do Making of

Making of do Making of
Eu queria falar, dizer tudo que sentia, vivia, guardar de algum jeito cada pequeno detalhe, que me transformava em uma mulher, uma Atriz. Assim, eu criei esse espaço... tão meu.... seu.... nosso.... Aqui, eu tenho a minha coxia em forma de livro... um livro aberto de minha autoria — Renata Cavalcante, 28 anos, carioca da gema, prazer.... — narrando os bastidores da minha memória viva desde a preparação de Jeam Pierre até me tornar atriz da Cia. Grito de Teatro de Santa Catarina, numa evolução que vai do querer ser profissional a ser oficialmente reconhecida como tal — o antes e o depois do DRT, aqui pra você!

Ibope