quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Até que a morte nos separe... e eu fuuuuuui a noiva do Oscar!



É chegada a hora, minha gente....eu escrevi, escrevi e escrevi mais de 50 páginas..... e todas com um único objetivo: essa noite....  essa grande noite!
Me casar com o ofício de ser atriz... e foi nesse sábado que passou – dia 15/9 – que finalmente me uni pela lei dos homens e do Sindicato dos Artistas à categoria de Artista/Atriz profissional,  numa grande cerimônia de coroação desses 18 meses de preparação com o Advogado do Diabo e sua supervisão atenta. 
Fomos unidos à profissão por meio de um documento registrado, carimbado, assinado e extremamente ansiado por 9 de cada 10 atores e atrizes: o Registro Profissional – o famoso DRT.
E essa história dessa nossa união estável, matrimônio com a carreira num é que me subiu à cabeça?.... Tanto que, literalmente, eu fui a noiva da noite! Não só pela 1 hora e meia de atraso – eu disse 1 HORA E MEIA DE ATRASO – que acabou atrasando tudo, mas estava eu desde a véspera, na noite anterior, pegando esse espírito da coisa, sem conseguir dormir nem parar de pensar – principalmente de ansiedade, por não saber como iria ser minha make, pra ser bem franca.... confesso que estava completamente mulherzinha na expectativa.... 
Independentemente disso, meu dia começou muito antes, caindo da cama às 6h pra dar tempo de organizar minha humilde residência e dar plantão na frente da lavanderia pra fazer o resgate do vestido de noiva quase perdido, nisso, perder carona pra ir fazer a organização da estrutura pra grande noite, correr pra fazer depilação – mulher sofre – e ir de cabide no bus rumo ao salão, porque a organização, mesas, toalhas, cadeiras e arranjos ainda me esperavam..... além de um churrasco político de terrorismo com as minhas narinas, me tirando o foco da labuta organizadora.... com direito à puxão de orelha e tudo e tals.... afinal deveria me comportar bem, não importasse à agressão que meus sentidos recebessem, ou qualquer espécie de traição que me provocassem....
Enfim.... depois de tudo muito lindo, bem arrumado, organizado e extremamente transparente,  nos separamos e partimos cada um para o almoço. Do almoço à produção, um caso à parte..... – vamos focar na produção, produção? 
Ai... ai.... essa foi digna de noiva, eram dois profissionais no cabelo, uma na make e outra nas unhas.... teve momentos em que estavam todos em mim, todas atenções voltadas na minha pessoa, me senti importante e curti muuuuuuito meu momento de Penélope Charmosa, terminando Beyoncé: de moicano – topetão, now put your hands up o/ – num rabo de cavalo daqueles de levantar qualquer crina, litros de spray, quilos de make importada, resumo da ópera saí que era uma estrela pronta pra brilhar e balançar o coreto, estremecer o cronograma..... correndo contra o tempo.....
Nunca me vesti tão rápido na vida e ainda saí sem nem me despedir direito, pra ir de encontro com o trânsito morbidamente lento da BR..... praticamente infartando no carro de tanto nervoso e ansiedade – noiva feelings – ainda “deu tempo” – hahaha – de me perder e eu cheguei – como já estraguei a surpresa – exatamente uma hora e meia além do programado.
Tipo: a noiva entrando e causando, com direito a entrada anunciada e tudo. Ainda deu pra recuperar o fôlego, bater uma, duas fotos, apertar o nó frouxo atrás do vestido e me preparar pra desfilar até meu assentinho marcado próximo ao altar..... – diga-se de passagem, eu como modelo sou uma excelente atriz....
Todo um cerimonial em nossa honra, com apresentações que variaram entre discursos motivacionais, poéticos, muita música e até piada – eu mesma, me auto-ridicularizando..... bulliyingnando ai.. ai....
Enfim, consegui de improviso fazer – o que eu acredito depois que me assisti – stand up.... caí nas graças, provocando algumas gargalhadas gostosas quando resolvi dar conta bem do meu jeito de homenagear o Advogado do Diabo.... e me convenci que se não acabar em nenhuma novela, em nenhuma companhia, dá pra me virar como comediante e não morrer de fome.... – dilema de sobrevivência resolvido, pai, mãe, a palhaça da casa se sustenta na base da palhaçada, oh que beleza!

 
Concordam? 
Bem, depois de mim.... veio mais uma pessoa ainda render homenagens ao Jeam, depois ainda, se não me engano, vieram duas colegas minhas apresentar um texto que eu escrevi – à pedidos, sob encomenda – em homenagem aos pais, uma delas não se conteve e deixou as lágrimas rolarem quando tinha que dizer em voz alta algum trecho, que agora eu não vou lembrar qual era, mas enfim, me matou por dentro ver aquela loira linda e deslumbrante – Rapha, que dúvida  sem se importar com a maquiagem ou o que fosse, com os olhinhos claros inundados, deixando as lágrimas rolarem pelo rosto, isso realmente me comoveu, me tocou bastante, e me provou definitivamente – caso eu não tenha percebido ou duvidasse que minhas palavras causam efeito . Logo mais, algumas palavras em vídeo do nosso grande cerimonialista de coração, o gordo – WMarcão – e por fim palavras de Jeam. Para encerrar de fato, a voz de diamante do meu galã – mezzo playback, mezzo a capella de surpresinha...
Enfim, uma noite encantadora, que encerrou uma era. A nossa era. 
De quebrar todos os recordes da história e da carreira do Jeam, sendo a maior turma que ele já formou, e, com direito à toda pompa e circunstância!...Marcamos ele, e, definitivamente, saímos marcados por ele!
Eternamente abomináveis...
Um título, um espírito de ser, um orgulho que vou carregar pra sempre de ter sido: uma das Abomináveis,  preparada por Jeam Pierre Kuhl – a honra foi toda minha!

Sem ele, não haveria começo, não haveriam os caminhos que percorri e que me levaram para os que estou hoje..... difícil de parar..... 

domingo, 9 de setembro de 2012

Season finale de Pierre, DRT em minha vida.... e mais inspiração.....



Tanto se passou... tudo se passou... finalmente fiz a prova final do Jeam, que de prática não teve nada e foi extremamente intrigante – inteligente, aliás a mais que fiz nos últimos tempos – depois veio a do SATED – Sindicato dos Artistas – que perto da do Jeam até me decepcionou.... mas enfim, como vocês estão de prova – sem trocadilho com as avaliações – meu caminho até o famoso DRT – Registro Profissional de Atriz – foi chorado, suado e sangrado, não foi só de uma ou duas avaliações dissertativas. 
Considero todo o processo, os 18 meses inteirinhos, pra fechar a conta... e eu fechei.... com sucesso! Saí mais consciente e ciente do que realmente é ser uma Atriz e profissional, graças ao choque de realidade que levei do Advogado do Diabo, à ele mesmo!
Tirei meu registro profissional, mas estou longe de ser uma, pessoalmente, sinto que cresci, envelheci e rejuvenesci – nasci de novo. Parece que tudo está começando... e está.... agora virei adulta na profissão mas ainda me sinto uma criança por dentro e por fora.... só vou me sentir grande mesmo, quando conseguir ser completa, uma artista completa.... – interpretando, cantando e dançando....
 Isso quer dizer que a inspiração não terminou.... e recomeça aí – claro que nesse meio tempo me envolvi em um projeto que me trouxe um dia para respirar e relembrar como era de verdade gostoso fazer uma leitura de mesa com direito à saga atrás de comer após.... no fim, terminamos num final precoce porém nada infeliz, já que me envolveu onde estou agora..... e é bom sair dos parênteses, não é mesmo?
Então, hoje estou envolvida em um novo estilo de preparação de atores, de musical! Minha preparadora não tem nada de diabólica, é o extremo oposto: minha fada-madrinha-musical Tina Yoshizato!
Com ela, tudo é mágico.... encantador.... a profissão toma forma, cor... trilha sonora.... tudo se transformou... eu já me transformei em 1 mês, que foi uma loucuuuuuura.... 
E, me lembrar que conversando num passado não muito distante, eu temia o que seria de mim depois do curso.... depois do Jeam.... Hoje não só continuo firme no propósito de ser uma atriz profissional, como ganhei o novo de ser completa – sem querer me repetir, já me repetindo....
Mas não vou estragar a surpresa.... em breve vou revelar passo a passo dessa preparação nova... dessa nova estrada que estou ousando me arriscar a percorrer....  enquanto issooo, fiquem com um pequeno teaser do me inspirou a entrar nesse novo universo – BROADWAAAY....


Foi a partir daí, do primeiro musical que assisti na vida "The Best of Broadway", que eu me vi no palco  –  até aí nenhuma surpresa, isso sempre ocorre quando estou assistindo uma peça  –  mas eu me vi com aquele cabelo, aquele figurino, aquela maquiagem.... dançando..... não precisava estar cantando  –  porque eu tenho bom senso  –  enfim, me vi como a protagonista real da história, que queria abandonar esse mundo pra viver naquele de sonho que se apresentava no palco.... 
E o que antes era só admiração por ver alguém cantar – Jamil Vigano, Tiffy e cia Grito ilimitada – e uma vontade que eu tinha de começar a fazer aulas  –  pentelhando séculos o  próprio Jamil a respeito –  tudo passou a se encaixar numa única performance.... ali naquele palco, tudo passou a fazer sentido.... e o universo conspirou.... agora é só confessar.....
segunda-feira, 3 de setembro de 2012

As cortinas fecham, abrem e vem a luz.... Aquela gota que faltava....





E tudo começou com uma bacia, depois virou um foco de luz... mentiiiiiiiiira!
Começou mesmo aprendendo a andar e caminhar, montando na sela no cavalo – maneira meiga de associar rapidamente o andar cênico no teatro. Temperaturas e mais temperaturas de voz e movimento.... Alongamento, Absurdo, Brecht, Stanislavski, teste e reviravolta na vida pessoal, provocando meu afastamento por um mês – eu disse UM MÊS FORA DOS ENSAIOS.
Um processo completamente avesso à tudo que já vivi no teatro antes, um tanto enlouquecedor com um fundo de enriquecimento – não posso negar – mais requintes de uma estranha solidão – independente da minha ausência em si – já que o teatro é em essência uma arte de grupo, coletiva por natureza. Sensação de falta de comunicação, direção e marcação. Proposital, sei que não foi – até porque isso foi me dito com todas as letras – mas teve um propósito bastante intrigante, que eu não sei se entendi até agora.
No fim, ensaiar sozinha, por minha conta, adiantava o meu processo.... e um processo que, vou contar pra vocês, que foi uma montanha-russa..... montanha-russa de direção, marcação e cena – porque não?
O que era só uma cena de água com bacia, virou bacia e água, várias nuances, até chegar na bacia com água e música! Num misto de Iemanjá e Samara (O Chamado), eu – repito – quase enlouqueci tentando acompanhar o raciocínio da diretora, tentando me encontrar dentro do espetáculo que ela via na cabeça dela.
Nos apresentamos duas vezes – ao menos, eu considero assim – uma bastante intimista só pra calouro ver, numa das salas do Doze e a outra no palco do Pedro Ivo – mas dessa eu vou falar já já....
Quero falar da primeira, primeiro – que oficialmente só foi um ensaio geral com público – pois pra mim foi a mais intensa, a que mais bateu fundo, era como se eu estivesse no palco, eu sentia como se aquele chão de sempre, tivesse se transformado, e mesmo com tudo improvisado – sem cenário, luz, maquiagem – foi extremamente profissional e me marcou por eu ter trabalhado minha voz como nunca trabalhei antes, fui pro grave – não me pergunte como – e cantei – continue sem fazer perguntas – e dei meu texto, fiz minha cena com uma paixão, que eu nunca tinha encontrado antes!


Não consegui agradar muito minha diretora – não agradei mesmo – com toda essa performance que fugiu de tudo que ela queria, mas fui notada, percebida e elogiada por uma das presentes, o que me surpreendeu de um jeito e me envaideceu ao ponto de fazer meu olho brilhar diferente, me fazer iluminar de dentro pra fora – sem perder a linha.
Mesmo assim, a maior interessada não estava feliz, e como pra atriz aqui, autoridade máxima é a direção, dei meu jeito de desconstruir toda a cena uma semana antes de ir ao palco – sendo que num ensaio extra as marcações e a cena em si se transformou completamente 2 dias antes...
Enfim, cheguei ao Pedro Ivo..... passei lá com meus colegas de cena e palco um dia inteiro até finalmente cair a noite e soarem os três sinais – intermináááááveis  numa escuridão dos infernos entre reclames da JP – chamadas mais chamadas sem fim....
E no fim, entre a tensão muscular e distensão – no sentido de relaxar mesmo – finalmente a cortina se abriu ao som do samba que abriu nosso espetáculo e a luz que faltava atrás das cortinas se revelou na ribalta fulminante – não querendo quebrar seu encanto, mas já quebrando, se você me viu chorando no início da peça, não foi emoção, foi a luz mesmo que me feriu os olhos. 
Foi diferente.... diferente daquela primeira apresentação.... diferente de todas as vezes que já pisei num palco.... eu estava calma.... estranhamente calma.... fria....
Antes, me encantei com o teatro que era lindo, com a marcação de luzes – que não me lembrava de já ter feito – me dando conta que ia ter um foco todo em cima de mim – efeito inédito na vida, que dirá na carreira.....


Na hora h, pra valer, enchi minha bacia além da conta necessária, e quando saí, tinha um peso muito maior pra carregar até a minha marca, o que se traduz num rastro molhado da coxia – bastidor, lateral de palco, por onde atores entram e saem, meus queridos – isso tudo, com meu cabelo completamente na cara – como a foto mostra – no meu melhor estilo Samara saindo do poço, repousei minha bacia lindamente – nem sei se foi tão lindo assim – e lá fui eu me lavar – estranhamente quase sem me molhar – cantando o samba que me deram, abri os cabelos e encarei o vulto de imensa escuridão na minha frente – sentindo pouco calor humano bem próximo e imaginando no fundo da minha consciência que o teatro estava completamente vazio...
Num dado ponto do monólogo – também primeiro da minha vida num palco – começaram a rir e não era por mim, era pelo estilo Samara adentrando o palco, mas na hora eu encarei como se estivessem achando graça do meu drama – ao menos na minha cabeça era isso que eu estava fazendo e aí eu fiquei com raiva e o resto todo saiu espumando pela boca..... – e eu de tanto levar a sério o que dizia, não percebi a graça que tinha na desgraça de texto que eu anunciava com os lábios.... – sentiram a sutileza?


Queriam que eu assustasse, acabou que saiu ao natural – o objetivo da cena era fazer quem me visse se sentir mal... horrorizado consegui um efeito beeeeeem significativo, quando me levantei e fiquei de pé, realizando toda a energia raivosa que estava – vide foto de cima senti o ar pesar e parar de expectativa e até um suspiro alto eu escutei e aí tudo se encaminhou pro fim da minha participação solando.
Depois voltei à cena para fazer composição de cenário – cenas que pedem mais gente pra dar credibilidade ao que está acontecendo ou aonde está acontecendo, nosso caso era o que estava acontecendo: barraco – e voltei ativamente para fazer a cena da macumba – ahhhh a cena da macumba – de desfecho da nossa história, agora eu era praticamente a vingança da minha personagem – porque voltava ainda nela, só que em pleno terreiro – mudei a postura, o “penteado” – taquei o cabelo todo pro lado – e fui tacando pétala de rosa vermelha pelo palco, finalmente resolvi destoar do “coro” – de coral – das macumbeiras e dei vida à um daqueles gritinhos clássicos “Valei-me meu pai” e riram.... e eu me espantei – estranhamente e de novo, só que dessa vez, não tive acesso de raiva – cheguei a pensar em repetir a dose, só que ponderei se ficaria de bom tom e me auto-sabotei, me dei uma censurada básica....
Muito mais tarde, descobri que minha colega, que era a última a entrar jogando as flores e cantando, voltou pra trás – pra coxia – pra respirar fundo por conta do bendito gritinho e eu morri de rir, mais ainda quando finalmente descobriram que fui eu a autora do grande caco da noite – improviso, texto que surge na hora, que não tava no script...
As cortinas tinham se fechado, a gota que faltava finalmente caiu, o copinho transbordou.... fomos aplaudidos de pé pelo público e pela crítica – de quem mais? Advogado do Diabo e a Luz que era nossa diretora – sobrevivemos, enfim....
Eu sobrevivi, mesmo achando que estava mergulhada no caos – e realmente estava profissionalmente e pessoalmente falando – mas eu consegui segurar as pontas, não desistir, arranjar forças, inspiração – na Joana de Ana, na Ana enfim. 
Conquistei meu espaço sem saber que tinha conquistado um de fato, quando me revelaram que jamais pensaram em me cortar do elenco pelas minhas faltas, pois eu conquistei um artigo de luxo durante o processo: respeito.
Senti meu espaço aumentar e curti cada instante que me confiaram, me senti honrada com as palavras que escutei na nossa última noite de feedback final e eu vi a Luz brilhar.... até nas últimas palavras de feedback do Advogado do Diabo, que viriam logo depois, vieram calmas e extremamente coerentes.
Agora eu sei.... devo ir além... muito mais além!

Making of do Making of

Making of do Making of
Eu queria falar, dizer tudo que sentia, vivia, guardar de algum jeito cada pequeno detalhe, que me transformava em uma mulher, uma Atriz. Assim, eu criei esse espaço... tão meu.... seu.... nosso.... Aqui, eu tenho a minha coxia em forma de livro... um livro aberto de minha autoria — Renata Cavalcante, 28 anos, carioca da gema, prazer.... — narrando os bastidores da minha memória viva desde a preparação de Jeam Pierre até me tornar atriz da Cia. Grito de Teatro de Santa Catarina, numa evolução que vai do querer ser profissional a ser oficialmente reconhecida como tal — o antes e o depois do DRT, aqui pra você!

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