domingo, 2 de março de 2014

#50 Como eu sonhei e ainda custo a acreditar!


Além da Joana, tem mais, muito mais que eu PRECISO CONFESSAR e vai ser agora na minha confissão número 50, que eu anuncio com modéstia e estardalhaço: daqui a 7 dias, exatamente no próximo dia como de hoje – no PRÓXIMO DOMINGO –  eu vou estar no meu PRIMEIRO ENSAIO NA COMPANHIA GRITO DE TEATRO DE SANTA CATARINA! 
Traduzindo: AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH, EU SOU DA GRITO!!!!!
– ACREDITAM?... eu nem tanto...
Como eu sonhei e até custei à acreditar.... – e quem disse que eu acredito que SOU DA GRITO?
Passaram dias e dias... e, mesmo assim, a ficha não compensa.... 2 anos – são 2 ANOS – me preparando psicologicamente, fisicamente, voltas e mais voltas cantando e ficando sem ar, tremendo e chorando pra cantar, exercícios e mais exercícios, aquecimentos e mais aquecimentos – meus vizinhos e minha rua que o digam.... –  tudo calculado premeditadamente pra isso... e cadê que eu acredito?
Que um sonho que começou despretensiosamente numa comemoração íntima “invadida” e que se instalou em mim assim que pude assistir The Best of Broadway, acabou de se realizar?
minipausa dramática + miniflashback
Era uma vez na época em que o Jamil e o Jull fizeram a audição para a Grito. Nesse dia, tínhamos marcado de nos reunir assim que acabasse e eles vieram ao meu encontro com a notícia de que os dois haviam passado, então partimos pra comemoração, tudo muito bom, muito bem, quando o improvável acontece: simplesmente o diretor da Companhia – Rodrigo Marques em pessoa – passa pela nossa mesa, reconhece os dois e SENTA CONOSCO. Dali por diante a noite ganhou contornos de contos de fadas, se envolveu de uma magia repentina e conversamos, conversamos, não nos separamos mais, até carona pra casa eu ganhei, além da proposta pra fazer a audição – que ainda teria no dia seguinte....
Mas como eu, que nunca tinha visto um musical na vida – até então – e não tinha o mínimo de preparo, ia me jogar assim... no escuro? Não podia... meu perfeccionismo me freou na hora, recusei delicadamente... – mas já estava mordida e nem sabia....

A prova do CRIME nº1
A prova do CRIME nº2

Meses passaram e o musical que eles estavam produzindo The Best Of Broadway – do qual já falei aqui não foi só uma vez.... vide retrospectiva 2012  enfim estreou e lá fui eu prestigiar obviamente, aproveitando pra ter minha primeira experiência com o universo musical e ME ENCANTEI!
Quis eu ter feito como a protagonista que levantou de uma das poltronas da platéia dizendo que era aquilo que ela queria pra ela e subiu ao palco se juntando ao espetáculo, aquele era meu desejo interior, sair da minha poltrona e me tornar parte do show.... eu me vi naquele figurino, com aquela caracterização inteira – cabelo, maquiagem – EU ME VI ALI!
Saí de lá com um brilho novo tão incrível, que chamou atenção de uma conhecida que encontrei por acaso quando voltava pra casa, tanto que ela fez questão de me elogiar, dizendo que eu estava mais bela sem saber dizer o que era, com um brilho diferente – era o efeito The Best em mim.
Depois daquela noite, eu sabia que era aquilo que eu queria, se tornou minha maior ambição – mesmo que eu não fosse atriz de musical, não tivesse desde pequenininha mergulhada no universo dos musicais, nem fosse cantora, muito menos bailarina, no máximo uma dançarina de Zouk amadora bem entusiasmada além de atriz de dramaturgia comum – e eu fui me condicionando pra isso, todos os treinos, preparações, tudo que eu fiz foi com esse objetivo.
Cheguei a abortar a ideia por insegurança, motivos pessoais de altíssima relevância e gravidade, mas eu NUNCA DESISTI e diante dos imprevistos, tracei a meta: antes dos 30, eu entro na Grito. – duvida? Pergunta pro Jamil Vigano!
O tempo passou, me veio Marroco, Lucicreide, Joana e no meio do turbilhão todo dela e das duas noites de apresentação que ainda estavam por vir, eu decidi dar o primeiro passo e finalmente tentar pela primeira vez a audição.  – porque se dei conta de Joana com todos os impedimentos, eu podia administrar o que fosse nessa vida. 
E eu fui, me dividi, quase pirei, mas consegui criar nos detalhes algo apresentável em cima da proposta de cena que me deram e arrisquei em cima de um gênero completamente oposto ao que estava trabalhando, avesso da Joana.
TREMI. TREMI. TREMI. Saí sem saber o que esperar.... e.... antes de sair do camarim pra partir pra minha marca e fazer a abertura dos três sinais da primeira noite de apresentação da Gota, eu peguei meu celular pela última vez, para olhar as mensagens na expectativa de ler "MERDA" e li “BEM VINDA À FAMÍLIA GRITO”, mal pude respirar nem pensar, guardei o celular e não me demorei muito a sair....
Fui pro foco e lá fiquei incrédula, perdida, feliz.... e perdida e incrédula.... – COMO PODIA?
Tão surreal, tão surreal.... me agarrei naquilo firme como se fosse o último, pensando bem, o primeiro fôlego, porque me sentia nascendo de novo....
EU SOU DA GRITO.... 
EU SOU ATRIZ DA GRITO...
Ecoava na minha cabeça.... me dava forças.... mas depois de passadas as primeiras impressões, minha concentração e ambas as apresentações de Joana, me bateu uma sensação de incredulidade absurda: eu não consigo acreditar, por mais que olhe várias vezes meu nome na lista de aprovados nem que veja e reveja mil vezes os melhores momentos do The Best – vide abaixo – eu não acredito que possa fazer parte daquilo, parece tão maior que eu.... 


Assisto e dou play e mais play e mais play e me arrepio, começo a suar, é coisa de outro mundo.... é outro UNIVERSO!
E ao mesmo tempo, é um êxtase, um orgulho tão grande que mal cabe no meu peito, me sinto uma criança prestes a entrar numa nova escola, num novo mundo.... um bebê diante do vermelho, hipnotizada!
É demais acreditar que eu conquistei tanto assim em tão pouco tempo: Joana foi meu primeiro papel em cima de um palco depois do meu registro profissional, JOANA, aquela da Bibi.... – sem esquecer da Lucicreide, que mora no meu coração e de fato foi meu primeiro papel pós-DRT, mas não me deixou passar do saguão do TAC, né... – depois isso? Enfrento a audição da Grito e passo de primeira? COMO ASSIM? Nada que eu concorri na vida, consegui passar assim, como pode, produção? 
Eu nem acreditava que tinha feito o suficiente, tremendo mais do que tremi na estreia com a Joana – a mesma perna direita, só que de repente virada num vibrador... literalmente.... 
Ai.... ai.... o que pensar? Tremor, adrenalina à parte, devo ter sido cabeluda o suficiente.... só pode ser... – e só quem estava na banca, vai entender agora.... eis a minha primeira piada interna padrão Grito, #orgulho!
Agora é tentar não tremer lá.... será que eu consigo? – é nessas horas que me sinto pequena, praticamente microscópica, independente do que já fiz e conquistei, foi exatamente assim que me senti na audição, é como se zerasse o jogo, a vida e fosse começar tudo de novo... e vai.... 
Cruzem os dedos junto comigo, porque foi dada a largada – inicialmente de extrema ansiedade até domingo que vem – que me tornará de fato uma ARTISTA COMPLETA.

...
E esse excesso de capslock? É o efeito GRITO em mim!

sábado, 1 de março de 2014

A maré foi e voltou, PAÓ...


BRASAS... 
SIMMMMM, eu entrei pisando em brasas, mas terminei me unindo à elas e me virei em chamas e fui fui fui fui me alastrando tablado à fora, feito uma boa e bela labareda que vai sorrateira lambendo e tomando conta de tudo até incendiar tudo de vez – me incendiando junto!
Fui o fogo e toda a sua força, fui força e vivi a performance mais forte da minha carreira, a mais intensa e a mais desafiadora nas primeiras 24 horas dessas 48 que prometiam ser as mais decisivas de toda ela.  
Agarrei pra mim com todas as forças essas 48 horas, como se elas fossem me dar as respostas que eu nunca tive.... e eu recebi....  uma a uma... ao seu tempo...
Antes dos três sinais, uma em uma mensagem no celular – segredo que não pretendo revelar agora... quem sabe... em breve... – e muito antes deles, o estimulo do avesso, digno de Medeia/Joana, a direção perfeita para o caos, TUDO que eu precisava para descobrir do que era capaz e eu fui fui fui....
FUI disposta à me aproveitar desse tudo, de mim e me fiz ressaca: como as ondas que a Joana se entitula na obra, fui presa, me tornei solta e tão forte quanto me imaginavam – nessa me incluo, afinal a incerteza de ser profissional me atormentava, lembram? Eu disse ATORMENTAVA.... fraca...
FUI com a sede de não só me desbravar, como de provocar ressaca – e eu nunca fui tão bem sucedida nas minhas intenções... primeiras.... segundas... terceiras... quartas....
Embora, eu não tenha gostado tanto de como conduzi a abertura, muito menos de ter engasgado no meio de uma fala, ter literalmente cagado minha marcação na cena nova ao ponto de ter dado vida à expressão “andando feito uma barata tonta” – e pra eu me comparar à uma barata é porque realmente.... 
Só não cair porque meu santo é forte, Deus deixou meu anjo de guarda fazendo hora extra, algo do gênero, pois só o outro mundo, a força que a gente sente mas não vê, pra explicar como a gravidade não me fez beijar o tablado daquele palco enquanto eu ia e vinha berrando e ia e vinha berrando com as pernas vacilando e a base quase me abandonando por justa causa.... – de repente, foi isso....
Mas enfim, tiveram também meus quase infartos com as falha-nossa dos meus queridos colegas de cena... – ah os canos raspando as tiras de coco, não é mesmo, Cacetão?... sorry, piada interna do elenco!
Contudo... entretando... todavia... toda a imperfeição e toda loucura, foi ali, logo depois da minha primeira saída de cena, enquanto eu respirava que eu pude sussurrar pra mim aquela que de todas as respostas, era a mais importante: eu nasci pra isso.... se seguindo de sussurrar – não só agora  o efeito colateral daquela primeira resposta, aquela da mensagem no celular.... 
E assim que terminei de interpretar/cantar minha primeira canção dando a deixa pra minha primeira saída de coxia, que se seguia com a volta completa até encontrar na coxia do outro lado, no meu filho loiro emprestado da Joana, a terceira inesperada e mais arrabetadora resposta: um abraço apertado imediato assim que me viu, seguido de um beijo e da admiração escancarada nos olhos, que me encheu de orgulho e ali me vi como se servisse de exemplo e talvez até inspiração pra um menino que quer ser ator e que estava em seu primeiro trabalho – acredito eu.... pois ele veio de longe e começamos a ter contato poucos dias antes da estreia.... ou mesmo que fosse só por achar que eu saí de cena pra não voltar mais e fazer questão de me cumprimentar – o que acho muito mais provável mesmo assim, me tocou tanto e tão fundo...
Enfim, terminei minha noite, cantando, rebolando, batendo forte o tambor e finalmente batendo foto com todo o elenco no camarim – sonho antigooooo...


BY Elizandro Souza

E pensam que acabou aí? Que nada.... 48 horas, lembram?
Me arranjei e vim de cabelo de Joana pra casa, dormi com ele amortecendo meu travesseiro, fui com ele amortecendo assento de transporte público, enfim, partamos pras considerações das próximas 24 horas, as da segunda noite:
Como toda boa discípula de Jack Bauer, além da ação, também sei viver de um bom drama e fiz das ultimas 24 horas mais desafiadoras da minha vida, as mais emocionantes também, porque pra mim essa foi a palavra de ordem: EMOÇÃO. Me peguei pela emoção, me senti mais mulherzinha – comparada à fortaleza de antes...
E eu me conquistei, tanto que me apeguei mais nesse aspecto do que em saber/analisar o tanto que pequei, não ignoro ter caído no palco – fato inédito e que quase não me quebra as pernas, não literalmente, porque virei o pé mas fiquei bem, estou bem; mas por quase ter me feito perder a concentração, mas a sorte foi ter encaixado no contexto que resolvi inventar de improviso na hora: de desmaiar – ou de ter enrolado a língua e travado numa fala, de ter deixado o apoio escapar – não sei nem precisar o quanto, nem se cheguei a usar o mesmo... – , eu juro...
O que acontece é que consegui me envolver, me emocionar, eu chorei – e vocês sabem bem o que isso significa....
Consegui domar os 3 sinais muito melhor que antes, contracenar em cenas que pra mim eram um desafio imenso – de não cair de volta em mim – inclusive atingi um outro nível de movimentação na marcação que tinha executado feito "barata tonta", tive base e me senti inteira e intensa pra tudo.... – como se fosse a última... mesmo já sabendo que não....
E mesmo que tenha falhado tecnicamente, incrível como eu me agradei, agradei à minha expectadora interior – uma fulaninha extremamente exigente, chata e perfeccionista, dona de um senso crítico absurdo – e me satisfiz num grau.... que nem sei como definir em uma palavra!
Comecei FORÇA e terminei EMOÇÃO... fui caos... tragédia... arrepiei e fui de dar medo – como alguém na plateia fez questão de dizer em voz alta, apontando pra mim, literalmente – e isso é o que me marca: Joana se provou ser minha prova maior, minha banca maior, meu sangue, meu suor, minhas lágrimas, minhas dádivas, com ela eu me revirei do avesso desde a raiz do cabelo até a força que não sabia que tinha pra arrancar de mim e as emoções, respostas que não encontrava....


Eu sou grata à todos – meu diretor Carlos Marroco, meu produtor Rafael Fernandes e meus colegas de cena – os responsáveis e culpados por todo o processo, pois me revelaram pra mim em 3 grandes lições, essas que chamam de apresentações.


segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Vale a pena cair DE NOVO!



E num é que o ano começou e começou pra valer como NUNCA? Pela primeira vez encerrei o ano, com expectativa de PALCO – sabendo que em fevereiro voltaria com a Joana ao palco da Ubro – e já está aí batendo na porta...

TOC TOC - Saiba mais em www.facebook.com/events/199197863611907 
BASTA UM DIA – literalmente – e na véspera do cabelo armar e ganhar vida própria, de eu deixar de ser dona de mim e das luzes e os três sinais comandarem minha existência – inclusive quando respiro ou não – me deu essa vontade irresistível de vir aqui e escrever!
Porque a experiência pede, é inédito na minha carreira – ok, agora já dá pra chamar assim... só não me questionem se me sinto profissional, porque aí, já são outros quinhentos – retornar a apresentar um espetáculo que já apresentei e apresentar além de um dia – eu até já apresentei 3 sessões num mesmo dia na época da “Partilha”, mas como eu mesma disse foram no MESMO DIA.... e mesmo eu tendo ir apresentar mais uma vez, fora das dependências do Colégio, no Teatro de fato, ainda sim, definitivamente não é a mesma coisa.... –, um dia seguido do outro não.... e retornar aos ensaios? Outro processo à parte...
Parece que é fácil retomar aquilo que você já conhece, reviver o que já viveu? – sendo que isso não se leva tão ao pé da letra, já que sempre se acha o que ajustar, surpresas pra providenciar, principalmente prevendo aquela parcela do público que conquistamos ao ponto de querer bis! 
Não, não é! O buraco passa a ser bem mais embaixo e fundo do que se pensa! As imperfeições ficam evidentes – principalmente depois que você confere aquele cineminha de feedback com todo o elenco e todos reagem junto e além de você, dando a dimensão real de cada uma das cagadas, acertos e improvisos – e as direções mudam, nuances, pequenos detalhes, fora a dança de cadeiras no elenco mesmo, sempre tem quem se vá, quem chegue, como se fosse um trem trocando de interior por parar em uma determinada estação....
Enfim, a ordem é se adaptar aos efeitos colaterais dos que se foram, do que foi feito e revisado, pra que se reinvente e se faça algo novo diante de todas as expectativas já criadas por quem foi e pretende retornar e de quem ouviu falar e já vai com aquela imagem... repetindo: não, NÃO é fácil! Ainda mais quando se tem uma obra tão densa e tão intensa como essa, e alguém como eu tenho pra dar vida, mas não é que se consegue achar forças pra ler e reler, alterar o tom, a intenção, receber novos desafios e com eles novos estímulos e impulso pra recriar e fazer disso um novo espetáculo por um novo ângulo...
E muito – se não tudo – dessa construção vem do sopro de vida que vem com as novas personas que passaram a nos acompanhar – os que vieram e garantiram assento na dança das cadeiras – porque à cada pessoa nova, vem uma carga, uma bagagem, um ângulo de interpretação completamente diferente! Cada um dá a vida de fato, sua essência e isso renova e restaura as nossas habilidades – as minhas pelo menos, que viro de novo uma expectadora, ansiosa pra conferir as novidades...
É tão ou mais suado que o trabalho inicial de uma estreia, a bendita da reestreia vem com peso extra  de no mínimo não decepcionar diante do que já foi e de evoluir....
Ah, evoluir.... 
Da minha parte garanto que haverá sutis mudanças, fiquem atentos!
Bem, enfim, vou-me lá desabar de novo e já já eu volto....

A quem for conferir com seus próprios olhos, não se apresse em deixar o teatro, que eu prometo não me demorar pra ir ao seu encontro... e quem for me acompanhar por aqui mesmo, me aguarde, que quando tudo acabar, é pra cá que eu vou voltar... é pra cá que eu SEMPRE volto! 

Making of do Making of

Making of do Making of
Eu queria falar, dizer tudo que sentia, vivia, guardar de algum jeito cada pequeno detalhe, que me transformava em uma mulher, uma Atriz. Assim, eu criei esse espaço... tão meu.... seu.... nosso.... Aqui, eu tenho a minha coxia em forma de livro... um livro aberto de minha autoria — Renata Cavalcante, 28 anos, carioca da gema, prazer.... — narrando os bastidores da minha memória viva desde a preparação de Jeam Pierre até me tornar atriz da Cia. Grito de Teatro de Santa Catarina, numa evolução que vai do querer ser profissional a ser oficialmente reconhecida como tal — o antes e o depois do DRT, aqui pra você!

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