E foi além da dor que senti quando faltei, daquela que senti quando a enchente que me fez ficar em silêncio por uma semana... e foi aquém de tudo que eu poderia imaginar...
Não morri, não literalmente, mas sem perdão, vou abusar da licença poética e dizer que morri aos poucos há três quintas atrás, exatamente onde parei....
Na primeira noite do grande close, da primeira gravação com o maior drama de todos...
Eu revivi um dos momentos, que do curso inteiro, eu preferia ter esquecido que vivi algum dia – mas me fizeram questão de lembrar.... Eu revivi tudo de novo, desde o momento que pisei naquela sala, com o coração querendo arrebentar o peito, sangrar e sair vibrando no chão frio – nem estava no clima do texto.... profuuuuunda... passa....
Meu peito estava disparado diante daquele tripé com a câmera a postos e a TV imensa, com as cadeiras de frente, garantindo a platéia, junto com o fato de eu ter eu corrido feito uma condenada – já que estava atrasada... pra variar... e talvez não quebrar meu encanto... vai, pode rir que eu deixo....
Agora, voltando... essa foi uma noite que eu preferia esquecer e que por um triz não manti em silencio só pra mim... as palavras se viraram contra mim e pareciam não existir pra fazer um sentido, que desse a dimensão do que tinha sido e tinha sentido... ou talvez, eu não quisesse fazê-las existir...
No fim – hoje – eu entendo que a inspiração que me deram não foi de escrever, foi de refletir.... refletir... e eu refleti....
Muitos... bastantes foram meus equívocos, meus erros.. lá estava eu, no meu primeiro vídeo de novo – praticamente morrendo por dentro e por fora – sem saber.
Inicialmente eram duplas, tentando se testar.... descobrir no outro, o reflexo das suas intenções... Depois, eram duplas completamente aleatórias, formadas por ele, que vocês sabem bem quem... – se não souber, acabou de chegar agora, estou falando do meu mestre e preparador Jeam Pierre, que eu ainda prefiro chamar... cá entre nós.... de Advogado do Diabo...
E dessas duplas, escolhidas por ele, um só membro ficava exposto à câmera, o outro recebia o texto... foi uma aula extremamente técnica, carregada de conteúdo, sobre posicionamentos e olhares.... era divertido de assistir e observar a teoria e a prática se completando e existindo... mas deixou de ser, a partir do momento em que eu fui convocada à berlinda...
Deja vu.. deja vu... 1000 VEZES DEJA VU: eu de novo me perdi... estava fora de mim.... e não era ninguém... escutei um CORTAAAAAAA estridente, praticamente de cara, me deu um choque... e depois... me perdi de uma vez por todas... e a culpa não era da voz baixa, rouca, intensa demais a ponto de me fazer perder o ar... eu simplesmente passei do ponto... passei longe, milhas além... e não cheguei a lugar nenhum...
Aí, eu, de repente, cheguei aonde não imaginava... um filme – Black Swan (Cisne Negro) com Natalie Portman e eu recomendo – me ajudou a ver tudo com toda a luz e a escuridão que eu precisava, pra refletir...
Aquele filme perturbador – e que não me saiu da cabeça por dias e que só de escrever, já me faz lembrar – me fez ver e analisar toda a loucura que eu vivi nessa noite... e a analisar, me analisar, eu cheguei à conclusão de que de nada me adianta tentar perseguir o belo cisne se o negro dos diabos, é que me dá a força necessária, para realmente ir além...
A minha força eu reencontrei no fundo... no fundo... no meu próprio filme. Ele passou na minha cabeça, em cenas e porquês.... no porquê de eu ter ido fazer um teste com o Jeam, no porquê que estava em todos os pequenos – grandes – momentos que narrei aqui, dentro e fora das quintas da minha vida.... e um dos traços mais marcantes da minha personalidade se fez presente e latente – senão também latente e decisivo – a minha teimosia.... não dei o braço a torcer antes e não ia dar agora... não inventei ser Atriz, eu sou desde meus 10 anos de idade, estando dentro ou fora do palco – porque eu carrego ele comigo pra onde quer que eu vá...
Mesmo que eu largasse disso e desistisse, ainda sim, seria uma parte de mim....