quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Caiu.... DESPENCOU!




fotografia de Elizandro Souza


É, eu esperei mais do que os três sinais que não terminavam nunca com aquele soluço que não findava nunca, passar todo o suspense, o drama por trás do drama, o flash de tudo se passando, a ressaca de tudo – dela – e a ficha cair.... e enfim, depois de esperar isso tudo, nada caiu nem as palavras parecem se encontrar direito no meu pensamento, mas o instinto pede que meus dedos se movimentem e cá estou.

fotografia de Rafael Fernandes

Confesso em primeiro lugar que não me reconheço nem nas fotos – vide acima – nem com a imagem em movimento, muito menos nas palavras que recebi, nas reações que decifrei nos rostos que se aproximaram de mim.  Ao mesmo tempo que sei que falam de mim, parece não ser de mim que estão falando... é estranho... porque se sonha em ter reconhecimento e quando ele vem é tão surreal, tão intimidador e tão intrigante.... parece uma teia que te envolve e quer te sufocar  – seja no bom ou no mau sentido....
Sei que mereço, tenho meu merecimento: fui além de mim, das minhas forças – literalmente , tanto que retornei ao treino físico por conta de um dos ensaios – fui além do que achava que era capaz de fazer  – cantar é o exemplo, fiz, mas não acredito que... se me perguntarem, respondo que interpretei as canções, não vão me escutar dizer eu cantei, por não me considero cantando – incluindo, inclusive, além dos meus limites físicos, os emocionais, toda uma preparação que tive que ter, uma estrutura – técnica – que precisei adquirir em tempo recorde, consegui chegar no que estava lá na cabeça do gênio-criador-excêntrico-louco-maravilhoso que eu chamo de meu diretor – o recém imortalizado Carlos Marroco – e eis aí a missão mais impossível de todas que cumpri e custo a acreditar que – mesmo com o próprio me informando do feito – consegui dosar o tanto de instinto e o tanto de técnica, mesmo me sentindo como me senti na penumbra, no escuro até o breu total...


fotografia de Manuella Pelegrinello


Desse breu todo ao breu do teatro, das pessoas entrando, do calor do foco, das luzes pra marcar, de toda a batalha pra fazer do meu cabelo mais uma obra à parte, do meu rosto uma máscara, do meu corpo um instrumento tocado por fora: por espasmos, por falta de movimento, de som, o desespero, a agonia de tudo... do tempo que parecia ter parado nas minhas mãos e como administrar na base do soluço, tapas e socos, do mais puro improviso.... assim tudo começou....
Daí pro novo breu, me erguer de sobressalto pra me revelar no mais completo caos, alimentado por tudo aquilo que acabei de dizer, combustível que pude abastecer no tempos dos 3 sinais – aqueles mesmos famosos e tão ansiados 3 sinais que anunciam a entrada do público e a contagem regressiva para o início de fato de um espetáculo – e dessa explosão toda eis eu a ruir de novo, antes é claro, trombando em algum coleguinha de elenco e me arrastando literalmente para chegar no foco – pra quê mesmo fiquei contando os passos?

fotografia de Manuella Pelegrinello

fotografia de Manuella Pelegrinello


Passada essa louca transição entre parar, conter, crescer, explodir e ruir pra depois explodir.... e ter que ouvir e sentir tudo que falavam ao meu respeito em cena e só poder reagir respirando até enfim a deixa pra poder crescer, explodir e ruir.... depois conter pra explodir e tentar não me perder no timbre da voz – até agora espero ter sido no mínimo coerente – do início ao fim, construir uma unidade, alguém mesmo e não várias em um...

fotografia de Manuella Pelegrinello
fotografia de Manuella Pelegrinello


fotografia de Manuella Pelegrinello



A única dó que tive foi de sair de cena – eu não queria sair mais – em contrapartida, se não houvesse saído, não existiria minha cena favorita onde o ego e o alter ego – Joana e Medéia ou Medéia e Joana – se encontravam e juntos se fortaleciam para atacar o inimigo e havia ali uma enlevação da “minha” pessoa e o conjunto todo da obra que por isso ficou prima – eleito o clímax da noite!

fotografia de Manuella Pelegrinello

fotografia de Manuella Pelegrinello


Foi complexo, tudo tão complexo, tão intenso, que desconfio que nem esteja conseguindo me expressar direito nem me fazendo entender, muito disso é culpa também de como me senti, como tudo está se processando em mim AINDA, se passou tão rápido.... – tirando o início de tudo que me veio de presente e que pareceu durar uma eternidade –  numa agilidade, na velocidade da luz e eu fui no limite do meu fôlego, senti as pernas tremerem, os pensamentos se esvaírem, sumirem no ar, vivi literalmente aqueles momentos, e só tinha cabeça funcionando pra saber quando devia falar e tudo saía da minha boca como se nem tivesse que pensar nem respirar, mas respirava e tinha os pés bem fincados no chão.
Olhando de longe, não reconheci nem humanidade ali, é como se fosse uma criatura, algo perdido de algum documentário, do tempo, que saiu das cavernas, era uma força da natureza, um grito, um desespero... Joana foi meu inferno, meu céu.... paraíso desejado e calculado, purgatório de todos os pecados... foi tudo, foi nada... combustível, me fez eu me sentir viva, sobreviver... meu maior desejo de todos!
Foi “alguém” e alguém por quem fui longe, por quem arrisquei, passando inclusive da linha da racionalidade, tomada de uma paixão minha pela personagem e por uma boa dose de coragem não propriamente minha, enfim, resolvi bancar a cega e passional.
Eu sei que arrisquei muito, corri o risco de encerrar a carreira tentando começar, porque com “Gota” não existiria um meio termo: ou era sucesso ou fracasso. Não digo isso pelo volume e a densidade do texto que me era familiar e queira ou não eu tinha fresco na minha memória, mas era pela densidade orgânica de dramaticidade – tentando traduzir o que seria o método próprio do Marroco – que me foi exigida, da linha de concepção da direção e por conta dela como tive que me preparar, fora as músicas que de início me amedrontaram, mas que aos poucos senti e percebi que não seriam minhas nem cantadas por mim, muito menos cantadas, elas foram dramatizadas, interpretadas, talvez por isso tenha conseguido dar conta – aparentemente – do recado, sem passar vergonha – esse era o meu grande objetivo... – não envergonhar ninguém, muito menos à mim diante de mim e da minha exigência fora dos padrões, encontrar a minha linha, a minha expressividade sem ser caricata nem esbarrar em toda teoria que investi em aprender pra TV, enfim, me descobrir como uma atriz, como uma profissional de fato...

Se sou, não realizei – mesmo sendo – mas sei que estou muito perto disso – de sentir e realizar –, pelo menos o maior desafio de todos eu venci – ele e todos os outros que me foram feitos em forma de proposta de cena, em poucos termos: imobilidade, queda, altura, intensidade, força, fraqueza, sedução... – que era ousar passear na montanha-russa de Chico Buarque e Carlos Marroco....

Por pouco – medo – não deixo em exibição as imagens e que elas falassem por mil palavras nas linhas e entrelinhas.... mas ao mesmo tempo, precisava vir aqui, precisava me abrir pra filosofar à minha maneira, mesmo que confusa, abstrata e até poética, porque é desse turbilhão de emoções e intenções que sou feita e é desse mesmo turbilhão de intensidades que foi feita a MINHA Joana.....

fotografia de Manuella Pelegrinello


domingo, 10 de novembro de 2013

Basta 3 semanas... 3 sinais...


É, não deu pra me manter aqui toda santa semana como – eu juro – que pretendia, afinal eu tenho o digníssimo – agora – imortal Marroco como diretor, sendo assim, 40 e tantas páginas eram o meu dever de casa semanal – porque sim, atores tem deveres a cumprir, conteúdos a estudar, sendo suas ferramentas de trabalho seu maior objeto de estudo: a voz, o corpo... enfim – assim sendo, ficou humanamente impossível me manter aqui ao mesmo tempo.
Mas se não me falha a memória, eu avisei que não seria fiel à pontualidade, mas sim à lealdade que devo manter, portanto.... fim da DR. Vamos pro que realmente interessa:



Nesse meio tempo em que sumi, rolou de tudo: muito disso aí no vídeo – uma das minhas primeiras referências e inspiração de ser Joana. Tapa, pescotapa, empurrão, socos e supapos e toda a sorte de impropérios, o maior desafio de todos – e nem é só de cantoria que estou falando.
De cara, já vou confessar que não cumpri o que prometi, me rasguei toda de novo – ainda estou pegando o jeito, mas evoluí legal já nesse sentido, não que me garanta ser A expert, até porque a matéria-prima do meu trabalho como atriz é a emoção, por isso, tudo se torna um tanto vulnerável – e definitivamente se teve um estado em que eu permaneci nessas semanas foi na vulnerabilidade: minha estrutura ameaçou ruir, quis desabar, tremeu. – método próprio desenvolvido por Carlos Marroco que chama...
Teve dia de ficar de canto, à espera – não de um milagre  em standby mesmo e teve dia de partir pra cima feito uma besta danada – piada interna há – e terminar frágil feito a própria gota d’água. Tive também meus momentos de glória – além dos de luta no meio de toda a história  começando por conseguir estourar o balão com a boca e não foi só um: foram DOIS! – menos um trauma na lista da mamãe aqui o/ – e continuando por cada uma das sensações que descrevi antes, o que resumido de uma forma simples e altamente compreensível fica: fui da imobilidade ao ataque, da vida à morte – em todos os sentidos – e do sangue que ferve à pressão em negativo. – aprendi, Marroco?
Deixei a Joana vir à tona pra que todos vissem, se revelar de dentro pra fora no meio desse turbilhão de Chico Buarque, Paulo Pontes e senhor Carlos Marroco, ah! senti o Jasão e ele me fez sentir mais Joana – muuuuuuuito obrigada, seu Felipe Küchler Biro Birooo –  em dias de paixão, de agonia, de tortura, de fúria e ressaca, de vida na sua mais absoluta INTENSIDADE e essência que eu respirei, senti em cada um dos meus poros!
Passaram-se meses, pares de meses e eu estou aqui sem acreditar que se passou tanto em tão pouco, a riqueza da sequência dos detalhes eu perdi, mas das sensações que eu vivi e de que essa é a MAIOR experiência que eu já vivi – literalmente eu VIVI – NUNCA nem que eu quisesse poderia esquecer, apagar de mim. Ganhei novos olhos, ombros pesados, uma nova metade, um sonho de presente, um compromisso de marcar a minha carreira... a minha história....
Sei que pode parecer meio confuso, mas é tudo – e nada que posso revelar no momento, nas entrelinhas se traduz no vídeo ali de baixo:



Mais uma de minhas grandes inspirações que de novo se encaixa perfeitamente na trama e em toda a proposta marroquinizante – traduzindo marroquina de Marroco + eletrizante – com a qual eu e meus colegas de cena devemos nos apresentar, é nesse nível bem nesse patamar e falta muito pouco... tão pouco pros 3 sinais...



Se você quiser conferir de perto, basta dar o ar da graça em plena sexta-feira – dia 29 de novembro – no Teatro da Ubro em Florianópolis na sessão das 20h. Ingressos R$15 e R$30. Maiores informações aqui.

Mas eu volto antes.... durante... depois...


quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Ela vai cair de novo...


Eis a razão de todo o suspense no capítulo anterior, mas não é o fim do dito cujo... – já explico...

A famigerada da Gota D’Água vai cair de novo em minha vida.... ah vaiiii!
E simmmm, eu tive a mesma reação que você está tendo agora quando o Marroco anunciou este como o seu mais novo projeto, de cara – não tenho ideia da cara que fiz – me espantei com o meu destino de ter ela de novo na minha vida em menos de um ano depois e me convenci que aí tinha um karma pra resgatar, algo do gênero....  – de fato, muito eu queria ter feito e não pude realizar naquela época.... eu senti que ficou faltando algo...
Agora eu NUNCA podia imaginar que ela voltaria pra minha vida e que ia ser com ela a minha primeira vez em cima do palco pós-DRT, justamente ela, a tragédia musical de Chico Buarque de novo e mais uma vez....
E a coincidência começa e termina no nome da peça e no texto – até a página vinte, afinal ele ganhará uma nova adaptação  porque a direção é completamente oposta e inversa: a gota não vai cair, meus caros leitores: vai despencar no mais puro estilo marroquino!  
Agora, queria eu chegar aqui nesse ponto da história e dizer quem vou ser dessa vez, só que não.... meu diretor não me permitiu isso!
Quando cheguei para o ensaio esbaforida – porque... adiviiiinhaaa... –, eu dei foi de cara com a benção de estar unida à todos na "alegria" e na tristeza de estar totalmente atrasada!
Isso já garantiu o primeiro – só o primeiro de muitos – soco no estômago, a primeira chamada pra responsabilidade que se tem que se ter, afinal não importa o motivo que você tenha para não chegar na hora, você tem que estar lá. – ao contrário do que imaginam as más línguas, temos nossos horários, prazos e curtos deadlines a cumprir como qualquer profissional, a pontualidade faz parte da nossa carreira como artista. Fora que deve se adiantar, porque tem uma voz pra aquecer, um corpo pra alongar, enfim...
E a decisão que já estava tomada – e que nunca saberei qual era – foi abortada, estávamos em teste-surpresa e lá se foram as dinâmicas marroquinas de INTENSIDADE, sempre explorando o andar, a postura, só que agora o corpo devia ter percussão e de uma forma aleatória e “desorganizada” com que devíamos nos movimentar, se abriria no meio de todos um espaço e ele chamaria quem quisesse pra preencher esse vazio entre a gente, com texto e a intenção dirigida por ele....
Adivinha quem foi a primeira a ir pra fogueira? – sem piada interna.... ahhh vá, talvez uns 50%  Eu mesma! E como sempre, ele me queria quebrando tudo, indo até o telhado – com a voz, que fique beeeeem claro – com as palavras de Joana – sim, fui pra cima dela de novo!
Rasguei o que dava no momento – literalmente, e, crianças, não façam isso em casa – e foi se seguindo um a um, até finalizar todos....
Aí começou a parte de começar a rabiscar o que seria o espírito da coisa – do espetáculo, enfim – , só um pequeno aperitivo com as cenas iniciais, algumas marcações provisórias e pitadas de direção marroquina... dessa vez, quando tive a deixa, eu me voluntariei pra ir pra fogueira, e fui ser Joana, e deu pra sentir mais ou menos o que poderia ser...
Extamente: MAIS OU MENOS, porque com Marroco tudo é sempre indefinido.... nada se adivinha, se supõe, tudo se cria e se transforma até mesmo no mesmo dia – fora que toda semana, tudo muda e nada definitivamente, é definitivo!
Na base daquela agonia delícia.... só que não... se passaram os dias e quando acreditava eu – e todo o povo do elenco – que nosso último encontro serviu de teste e que a escalação de elenco iria ser definida, lá veio a pegadinha do Marroco:
Simmm, ele tinha dito antes que queria ter 2 opções para cada personagem, deixou claro que nada seria fixo e que qualquer um podia mudar de papel dependendo do desempenho, desenvoltura, postura, enfim, o que nunca passaria na minha cabeça nem no meu MAIS DELIRANTE de todos os delírios é que ele iria querer uma disputa entre papéis, ou seja, todos os personagens principais teriam 2 atores interpretando entre si por um mês...
Resumo da ópera: eu era Joana e a Karoll – meu Joanete – também era... Jasão também tinham 2 e assim sucessivamente....

Pausa dramática, que me senti subitamente em Smash...

Paro, paro, paro, que não é tão simples, esse meu Smash é marroquino, portanto adiciono requintes de Tropa de Elite, porque o que se seguiu foi pra neguinho saber bem com quem estava lidando e se fosse pra pedir pra sair a hora era aquela!

Agora sim, mais no clima...


Pera, que eu me adiantei um pouco, deixa eu rebobinar... inicialmente formamos nossos núcleos – cada um com um ator em um personagem, contando com todos os principais juntos – e devíamos montar uma dinâmica de cenas onde todos apareciam, cruzando as presenças com uma seqüência lógica em 3... 2.. 1... – porque com ele é assim, irmão!
Daí sim, veio o momento Tropa de Elite que anunciei precocemente, em duplas de Joanas, Jasões e toda a quadrilha – piada interna – , ganhamos um circuito sensacional de preparação: era tentar andar com o outro te segurando pelos ombros dando texto até chegar do outro lado da sala, depois era só fazer flexão dando o texto, abdominal – sem voltar, encostando as costas no chão – dando texto e enfim levantar e encher um balão até estourar... sem dar o texto né.... – e ai, preciso confessar que nunca estourei um balão na boca na vida, fora que estava precisando de um outro naquele exato momento: de oxigênio! – e quem disse que eu estourei a criança? Me faltou o ar, não conseguia manter a boca na boca do balão , tive que escapar pra puxar ar e passei mal... não cheguei a ver a luz, mas foi puxado... caos e enfim, meu querido Jasão – Elizandro  fez o favor de estourar meu balão “cá mão” no mais puro estilo “quantos anos você tem, 4?”...
Depois disso, fomos convocados a apresentar nossa seqüência de cenas de núcleo – aquelas esquematizadas e decoradas na base do susto – e quando eu me apresentei... MORRI completamente! – ainda no feeling de que a preparação tinha me sugado ao invés de exibir tudo que ela me fez sentir no sentido energético da coisa – fiquei com raiva de mim na hora, como se estivesse desperdiçando tudo aquilo que tive a oportunidade – e fiz o sacrifício – de sentir pra fazer acontecer o que era pra ter acontecido ali – ahhh as frustrações... sempre assombrando a vida... a carreira... – e, assim que tive uma segunda oportunidade, já fui me portando mais como deveria.... como a Joana pedia...
Dali em diante, tinha nosso primeiro ensaio com texto de fato pela frente. O texto dividido em 3 partes e o primeiro terço era pro mesmo... a adaptação deve ser feita por nós atores em conjunto com o Marroco a medida que formos avançando... mas enfim, eram por hora 64 deliciosas páginas e eu cheia dos bifes suculentos... ai ai...
E depois de tanto confete... opa... depois de tanto aguardar: chegou o grande dia, o primeiro e oficial primeiro dia de ensaio de todos! Dimensões do palco riscadas no chão – isso já tavam desde o último encontro, só eu que esqueci de mencionar – aquecimento e alongamentos à parte e experimentações pela frente.... coro pra lá... Joana pra cá, depois pra lá.... revezamento, primeiro Karoll, depois eu.... e enfim, a marcação que eu jamais imaginaria na vida – de novo, e mais uma vez, Marroco me matando de surpresa e susto... susto e surpresa, não sei nem definir a ordem das coisas, digo dos sentimentos – , querendo que a Joana esteja presente o tempo inteiro em cena, sabe como? – não vou contar, não vou contar, vai ter que ir ver com seus próprios olhos ouuuuu esperar pela confissão da estréia MUAHAHAHAHAH....
Mas enfimmm, o que dá pra adiantar é tudo o que eu senti, quando finalmente tive eu que assumir a proposta do homem: senti o popular “falando de mim pelas costas” na minha cara, meu ex com a outra na minha cara, meus pseudo amigos e inimigos se divertindo com a “minha” – minha, enquanto Joana – desgraça e enfim, RESPIREI isso tudo... BUFANDO inclusive.... resultado? Queria explodir com tudo, todo mundo, mas infelizmente não conseguimos ir até a minha entrada oficial em cena e eu fiquei só na expectativa e no feeling viceral do negócio....
Fora que antes dessa parte, quase esqueci de contar: tinha a entrada que ele criou – bem legaaal... de verdade mesmo, sem ironia – que me exigia uma estrutura e uma consciência fora do comum – de repente comum pra quem está tecnicamente treinado, o que não é meu caso que estou me adaptando ainda pra não ser partida ao meio já já... porque ele pode, o Marroco pode fazer isso comigo em dois tempos – pra estar em prantos, urrando praticamente do útero, numa entrada de altíssimo impacto e efeito... e pra eu fazer isso tudo e manter a técnica toda necessária? Uhhhhhhhhhhhh... posso garantir uma coisa, que iniciamente foi frustrante... experimentei o que dava na hora e errado, me rasguei toda – de novo... feio, muito feio, eu sei...

Mas corri atrás dessa parte e tenho a grande ambição de colocar em prática ainda hoje direitinho como manda o figurino....  mais tarde, eu conto.... 
segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Definitivamente Marroquinizada!



Acabou...
Não é que 2012 acabou, já estamos passando da metade de 2013 e eu ainda não voltei aqui?
Muitas emoções... MUITAS, eu garanto!
Confesso que me cocei pra voltar aqui muitas vezes, mas um pouco de silêncio não faz tanto mal assim.... afinal deu aquela saudade gostosa e enfimmmmm, depois de muito pensar, aqui estou eu!
Simmmmmmmm, depois de MUITO pensar e refletir.... 
Me tornar uma profissional devidamente registrada, me fez sentir a responsabilidade bater fundo, a liberdade é tentadora, mas a censura – com o perdão da licença poética – se faz necessária. A de parar e pensar bem antes de tomar qualquer iniciativa, pra ser mais exata.
As palavras tem poder e já não me sentia – sinto tão à vontade pra usar e abusar delas como sempre fiz...
Não dá – nunca deu pra se expor tudo, tudo, ABSOLUTAMENTE TUDO, o bendito do pudor também é necessário, pois se corre riscos – e riscos beeeem sérios – afinal de contas, as palavras ferem, marcam e resistem ao tempo – pra te condenar ou te assombrar – , além de que existe principalmente a questão de ter de se preservar pra sobreviver, do sigilo necessário quanto à projetos e toda uma sorte de subtextos que passaram a me envolver a partir do momento que assumi o compromisso pessoal e profissional de me tornar uma profissional – agora, com o perdão da redundância.
Por mais que achem que a carreira artística e a exposição andem de mãos dadas, acreditem: é uma querendo derrubar a outra.
Há que se ter filtro....  
Para tanto, minhas intenções mudaram: a maior é fazer esse espaço aqui crescer junto comigo e ultrapassar as expectativas de quando criei – pura e simplesmente para registro da que considero ter sido minha primeira faculdade: JP Talentos.
Não vou perder a graça juro nem vou ficar chata ou deixar de confessar, nada disso! Só não vou mais ter nenhum compromisso com a pontualidade, aqui vou abusar do charme de contar tudo "atrasada", sem fidelidade nenhuma com o tempo... e o que tiver – e puder – contar antes e durante, aqui estará...
O esquema agora é sem regras, com moderação!

Já sei... depois de tanto suspense, tantos meses e essa dose cavalar de filosofia, vocês querem é saber o que se sucedeu comigo né mesmo? O que finalmente aconteceu com a atriz depois de conquistar o DRT? Como é depois dele, afinal?
Bommmmm... meses se passaram e nada! – vida real, meus queridos, de gado!
Claro que tecnicamente não fiquei parada, estudei nesse meio tempo, fiz oficina de monólogos com o brilhante diretor Carlos Marroco e emendei estudos regulares com ele e seu método marroquino. Com ele garanti até minhas primeiras cenas – inteeeensas – em inglês, acentos marroquinos de agudo, um andar de cena, cocada – piada interna – , fui siamesa depravada, diaba, mocinha, advogada e até gralha metida à corvo; além de ter feito o Avançado da JP com o Gringo Starr, ter sido de época, o grande amor de um melhor amigo, feito DR, improviso, virado traficante e prostituta de minha própria autoria e finalmente filmado meu primeiro curta-metragem – "Sou eu e você" de Jeam Pierre que foi apresentado mezzo cinema, mezzo teatro no IV Encontro de Alunos da JP Talentos e está em fase de finalização fora meu primeiro contato com a dublagem – o que pra mim foi um capítulo à parte, me encantou profundamente, pena aqui onde me encontro (Florianópolis, SC) não ter por onde me aprofundar , enfim, confiram tudo em fotos, rolando daqui pra baixo!


Oficina de Monólogos com o Marroco




Elisabeth - If The Sun Tells Me Good Morning


Elisabeth versus Magdalen



















Natasha - Avançado JP
Dublando Natasha
...

Até que em um sábado despretensioso de junho, recebi uma mensagem dele – Marroco – no meu celular me fazendo a proposta de ser performer na entrada do Teatro Álvaro de Carvalho, interpretando uma mendiga que deveria abordar o público pedindo esmolas e entregando o programa da peça que ele iria estrear com um GRANDE elenco: Homens de Papel.
Primeiramente? Quase infartei! Era meu primeiro trabalho!!! Em segundo lugar, continuei infartando, pois vi a mensagem com atraso e apavorei! Achei que poderia estar fatalmente atrasada – o que cá entre nós, é meu charme hahah – respondi a mensagem ansiosa, no fundo queria mesmo era telefonar, mas como já era tarde da noite.... enfimmm....
Ele me respondeu e acabamos conversando pelo telefone, deu tudo certo, tudo acertado e combinado! Daí se seguiram dias de pura obsessão na construção da caracterização da personagem: era um tal de cata roupa daqui, fotografa de lá, pentelha o diretor, repetir todas essas etapas freneticamente até encontrar com o diretor pra ele bater o martelo e fechar a bendita combinação fatal! – que só estaria completa de fato pós sessão de maquiagem trash que estava garantida para o grande dia!


A inspiração

E lá fui eu estrear – finalmente era a primeira vez que ia para o TAC trabalhar, literalmente trabalhar – ,  no esquema da pegadinha, como você nunca me viu.... mas guenta aí, que antes de partir pra hora h, ainda aconteceu coisa....

Claro, passadinha estratégica no camarim pra uns comes e bebes – simmmm, atores comem, bebem – , ajudar em alguns por menores – porque sempre existe algo que precisa da sua mãozinha e teatro se faz à mil mãos, produção não é Big Brother pra ter olho pra tudo quanto em canto o tempo todo, proatividade a gente se liga em você – , ganhar inclusive meus 5 minutos de assistente de direção, e, enfim, partir pra minha tão esperada sessão de maquiagem trash! – e eu estava tão, tão, TÃO ANSIOSA POR ELA!

Foi dos sonhos: saí toda imunda e mulambenta! Olheiras aprofundadas tipo panda, unhas, roupa, não sobrou praticamente nada meu que não tivesse preto! – e eu adorei!
Depois de exibir para todos os colegas de elenco meu estado, fiquei aguardando com meu parceiro de núcleo e cena, a nossa hora...

E enfimmmmm, parti pra realidade do negócio propriamente dito....


Lucicreide e Josemilso prontos para atacar no TAC


Matei muita gente de susto – vide foto ao lado  , e pasmém: ganhei dinheiro! – meu couvert artístico, cá entre nós!
Teve de tudo: quem desse o dinheiro por livre e espontânea vontade ou por livre e espontânea pressão, quem oferecesse comida – inclusive, deixei uma marmita no esquema pro final da noite , quem tentasse me chamar pra mim – eu enquanto Renata, a atriz – , quem me reconhecesse e aí é que morava o perigo...
Porque quem me reconhecia, esperava minha resposta pessoal, como se estivesse me encontrando casualmente, só que não, eu não era eu! E além disso, manter o foco e a concentração de ser estranha diante das reações espontâneas de quem tentava ter um contato natural comigo, era O desafio da noite! Não vou dizer que me mantive um monge em alfa de tanta concentração, tive meus momentos de quebra, mas conseguia dar as reviravoltas necessárias, amém!
Agora, uma unanimidade: todos ficaram com nojiiiiinho da Lucicreide – ahhh esqueci de dizer que meu parceiro Jarves me batizou e eu em troca batizei ele?... pois então, surgem Lucicreide e Josemilso! – , as pessoas tentavam desviar e me obrigavam a fazer da subida da escadaria do teatro uma parábola – ê meus tempos de equação de segundo grau – daquelas literalmente triste, sabe? – pra quem não está por dentro dos macetes de cursinho da vida, equivale à boquinha do smile triste, vulgo :(
E quando eu pegava no braço então? Nossa....
Aí quando descobriam finalmente que era uma performance e que eu era atriz, desarmavam e queriam puxar conversa comigo como se eu estivesse fantasiada – notem: mesma postura de quem já me conhecia e reconhecia...
Mas enfim, dada a entrada de todo o público e a inevitável espera até o soar dos sinais, parti pra segunda parte do show – por minha conta : continuar distraindo a galera, e lá fui eu – altamente trabalhada na comédia – me intrometer no meio das pessoas e conversar, pedir mais dinheiro, e dar – de improviso – várias risadas!


Num tem uma moedinha pra completar meu cachorro quente?

Confesso que, por isso, talvez tudo tenha ficado tão leve e eu não tenha sentido tanto a rejeição, eu percebi ela, mas não me deixei atingir por ela, não mergulhei tão fundo à esse ponto – ainda bem – e no fim, quebrei a seriedade que tentei manter de cara e parti pra comédia, onde tudo fica sempre bem mais leve!
Eu tive liberdade pra criar, e como estava livre, deu no que deu!
Fiquei bastante orgulhosa, cheia de moedinhas – das grandes – na mão e da primeira fila assisti o espetáculo incrível que o elenco fez no palco... ao final, subi pra me encontrar com eles e receber os aplausos, a missão foi cumprida com louvor! Não esqueçam que eu tive a proposta de ganhar marmita no final, fora os feedbacks que me mataram.... – muuuuuito obrigada, Marroco!
Meu primeiro espetáculo pós-DRT foi do tamanho de um, pra cada um que abordava, um solo – já que eu e meu parceiro íamos cada um em uma direção, tendo algumas raras ocasiões em que nos uníamos pra cercar os fujões mais impetuosos hahahah – de improviso e um senhor desafio, que não é pra qualquer um, de fato minha cara de pau e eu estamos de parabéns! HAHAHAH
Foi uma oportunidade e tanto! – muuuuito obrigada de novo, Marroco! 
Ahhhh! Antes que eu me esqueça, no meio disso tudo nasceu meu site – calma, calma, muita calma nessa hora que aqui não deixará de existir, é só mais um espaço! – , confiram aí renatacavalcant.wix.com/atriz o/
Quê mais? Mais alguns testes, algumas decepções e vários hiatus se passaram e cá estou eu me preparando para... eu conto.... na próxima! – isso mesmo, pra ficarem com água na boca!

MUAHAHAHAHAH

Making of do Making of

Making of do Making of
Eu queria falar, dizer tudo que sentia, vivia, guardar de algum jeito cada pequeno detalhe, que me transformava em uma mulher, uma Atriz. Assim, eu criei esse espaço... tão meu.... seu.... nosso.... Aqui, eu tenho a minha coxia em forma de livro... um livro aberto de minha autoria — Renata Cavalcante, 28 anos, carioca da gema, prazer.... — narrando os bastidores da minha memória viva desde a preparação de Jeam Pierre até me tornar atriz da Cia. Grito de Teatro de Santa Catarina, numa evolução que vai do querer ser profissional a ser oficialmente reconhecida como tal — o antes e o depois do DRT, aqui pra você!

Ibope