segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Aiiiii... NÃOOOOOOOOOOOOOOO... ME FLAGRARAM, PRODUÇÃO?


E quando eu paro pra pensar no que foi essa segunda noite de preparação... UAU... no quanto esperavam e no quanto eu esperei pra finalmente colocá-la em palavras...
MAIS UAU AINDA!!!
Mas o espanto não mora só nessa expectativa tão minha, quanto sua: nossa... de começar logo... mas já vem pelo começo em si: quando chegamos vimos estranhos, pessoas estranhas e logo um burburinho se formou no ar... teorias das mais conspiratórias e delírios de toda sorte... – e azar...
No fim das contas, não vou precisar com exatidão os momentos, de um jeito que diga o que aconteceu antes do que, então sintam-se livres pra imaginar e ir além junto comigo dessa vez... preparados?
Lá vou eu!... Depois desse primeiro impacto diante de estranhos – que eu vou explicar lááá na frente quem são, o que são e pra quê estão aqui... o que realmente importa saber é: estavam lá pra nos flagrar e não eram paparazzi – e de alguma conversinha preliminar com o Jeam, fui colocada em trio com dois grandes amigos e colegas de cena mais um ser inédito – alguém com quem estudo, mas nunca estudei... deu pra entender?... não?... um colega, que nunca chegou a ser de cena... agora posso voltar? – e formamos o que era pra ser alguém condenado entre aspas com dois algozes e um defensor.... na primeira levantada – por livre e espontânea pressão e vontade – de mão se escolhia o condenado – personagem contador da grande história, personagem do texto – e eu que posso dizer... hesitei e o ser inédito levantou a mão.... ele se tornou o alvo da roda que formaríamos entre nós. Numa segunda chance – que parecia ser oportunidade – eu levantei a minha mão de imediato e me tornei a defensora – que graça... porque eu não fiquei quieta hein?... agora alguém duvida da minha alma de vilã indomável?... preciso aprender a me domar e a ser mocinha... mas enquanto isso não acontece... – e os outros dois – queridos – colegas se tornaram algozes – muito mais divertido... tá, parei – e enfim, começamos a brincar pra valer: de policial e bandido – e sem trocadilhos, mesmo tendo um realmente oficial entre nós – numa caçada divertida, tentando fazer o pobre diabo se trair e se confessar dando o maior passo de todos que alguém no mundo podia dar... e francamente?
Fiquei um tanto desapontada com nosso pobre diabo na roda... ele estava muito engessado, parecia uma múmia enfaixada no texto, era como se uma folha de papel fizesse parte dele, como se a vida dele dependesse de escapar o rabo do olho pra aquelas linhas impressas cheias de letrinhas – era muito desespero pra pouca causa... e eu como advogada e defensora, imagina como ficava?... não ficava, EXATAMENTE!.... brochava...  – mas enfim... entre mortos e feridos – e, inclusive, a passadinha de diabinho do Jeam pra fazer o menino construir uma relação, um passado e a peça mais importante do jogo mais as nossas instruções pra chegar à esse tesouro – salvaram-se todos!... eu acho...
Passamos dessa pra uma melhor, fomos pro chão... agora? Fomos... só não sei se agora... mas é agora que vai, eu vou: sentei no chão – eu e geral – primeiro pra ouvir o Jeam cantar trechos do texto em nossos ouvidos feito música, que nós tínhamos que dançar – traduzir no corpo em movimento as palavras, as pequenas histórias de cada trecho – e sabe como eu fiz?... dancei?... pensa numa mulher se contorcendo, indo da posição fetal à posições que eu nem me atrevo a dar um nome – nem sei se tem um – agora eleva isso ao cubo e abra bem seus olhos, para encarar a realidade – capturada da que capturaram...




Sentiram?... e em segundo, paramos pra ver o Jeam demonstrar uma tática muito da engenhosa de se preparar um ser para se atingir uma intensidade além do que podem imaginar em alguns instantes, vai parecer um tanto polishop ou personal trainner da minha parte, já vou avisando que só dá pra ser assim, só lamento, prestem atenção: é só ficar de quatro no chão e ir se esticando aos poucos no chão, como quem quer se deitar de bruços – sem nunca chegar à – porque o segredo é justamente é viver essa tortura, essa agonia de sentir até o cotovelo espraguejar – no seu pensamento – e quando você não suportar mais e quiser se libertar – literalmente – do sofrimento físico – deixo bem claro – existe uma única palavra mágica que pode te soltar dessas amarras que a técnica e a preparação diabólica do Jeam te impõem... três letras e uma única sílaba... aquela que você quando era bebê aprendeu antes do que qualquer outra e sem ela jamais aprenderia nada nem começaria a cena de agora: NÃO. Mas não era qualquer não, era um não que traduzisse em som toda a dor e o sofrimento que seu corpo passou por culpa do esforço sacana que você fez ele passar, era esse o propósito... e nós vimos o Jeam servir de modelo, de cobaia... de exemplo – quem diria.... brincadeirinha... nunca deixou de ser...
E, depois dele, era a nossa vez... detalhe pequenininho pra uns e enoooooooorme pra outros: estávamos sendo filmados – e nada daquele sorria... sob pena de ser degolado pelo preparador – no pior e melhor momento.... dependendo do ângulo de quem vê.. ou não... estava eu de quatro, querendo me esticar.... quase me esticando.... esperando a dor chegar, praticamente uma grávida esperando a contração e quando ela vem, sabendo, porque alguém sempre diz, que tem que fazer força, toda a força que tem e que não tem... Aqui a minha contração era a traição dos meus músculos do braço, podiam ser os joelhos, mas foram os braços, definitivamente eles... e quando eles não me suportassem, não me agüentassem mais – meu peso – eu iria fazer uma força... a força tamanha de um NÃOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO só meu: esgoelado, arranhado, berrado, doído, sofriiiiiiiido... era um monólogo inteiro cabendo em um som – assim como meu grande amigo e galã Jamil Vigano sabiamente disse no fim...
Mas não chegamos nem nos aplausos.... portanto, preparem-se para fortes emoções – mais fortes ainda do que as que eu já confessei – voltamos a formar uma grande roda e em mais um momento altamente inspirado, nosso preparador mor e mestre Pierre acenou com um simples pedido com requintes de intimação – oportunidade – de ter alguém no centro das atenções da roda imediatamente e eu já sei o que vocês estão pensando e eu também pensei nisso... pensei em me levantar, mas a prudência me segurou no pedaço de chão que ocupava e lá se foi a Bella, mais um ser foi convocado e lá se foi o Tiago – meu fiel leitor – e mais uma vez alguém foi chamado e eu já estava a postos e fui de uma vez – aleluuuuuia.... é, eu escutei daqui, seus exageradinhos!... E enfim, mais um, o último – um dos meus companheiros de cena prediletos, o Everson – se juntou à nós... pra quem se perdeu nas contas, fechamos em quatro seres abomináveis no centro das atenções.
O primeiro casal formado – não com essa intenção, se acalmem aí, porque a cena não pedia – pela Bella e o Tiago que seriam os acusados – os pobres diabos culpados, cada um no seu quadrado – por mim e pelo meu companheiro Everson, respectivamente – pra vocês verem que nem tudo é o que parece, os casais se desdobraram em duplas invertidas e do mesmo sexo, como ninguém previa... e quando é que a gente prevê alguma coisa?
Enfim, inicialmente era pra eu provocar a Bella, fazer ela confessar um crime quer ela tenha cometido ou não – dentro do script, vale dizer – fazer ela se trair.... e eu não poupei ela nem esforços meus e fui pegando ela pelo braço, sacodi, desafiei – excelente – e eu não via mais ninguém além dela e da minha sede de fazer ela cair do cavalo... – isso quer dizer que eu desconfio que os meninos do lado foram pelo mesmo caminho.... só desconfio... – até que o Jeam mandou partir pra cima e ninguém sabia o que fazer.... ele foi e desenhou que era pra ficar por cima da pessoa, de quatro, com chance de imobilizar – eu nem preciso dizer que adorei, preciso?...praticamente uma campeã de MMA falando, se sentindo no octógono... – os meninos – nessa hora de receber as instruções eu vi – que eram os mais envergonhados e constrangidos, perderam pra nós, donzelas, quem diria? Eu me aproveitei da situação, queria mais era ver o circo pegar fogo e quando eu recebi o aval – porque eu perguntei com todas as letras o limite – do Jeam, que disse que só não queria ver arranhão e puxão de cabelo, eu me realizei: parti pra cima da Bella como ele mandou, agarrei ela pelos pulsos e fuzilando com o olhar, metralhando com as palavras, fazendo questão de não deixar ela sequer ter tempo de pensar no que ia falar ou dizer, querendo que ela se traísse.... e ela podia revidar, mas teve medo de me machucar – bonitinha ela né gente... e eu que antes cravei as unhas nos braços dela e fiquei sacudindo, nem pensei em poupar.... sou uma ogra mesmo.... – e no fim, ela realmente não conseguia mais pensar, não sabia mais como reagir, eu fui a arma, o Jack Bauer, o Capitão Nascimento em forma de gente e foi revigorante pra mim, esses instantes, essa cena, essa tática de....
Pressionar, qualquer estúpido consegue, mas fazer isso sem perder as estribeiras, isso requer um nível um pouco acima... e se permitir pressionar, níveis além também! Quer dizer que o que eu fiz não teria sido a metade sem o que eu recebi de volta da Bella – em mais uma parceria sensacional – claro que eu tive o estímulo – não tive medo de partir pra cima – e eu abracei o desafio, e, quis desafiar, mas um desafio não é nada sem o outro lado: o desafiado. Ali era tudo muito claro – agora que estou aqui, óbvio, que não ali no calor do momento – que a intenção era se sentir acuado ao ponto da verdade vir à tona, fosse ela qual fosse... era gerar um campo de pressão, onde até o pensamento fosse barrado, qualquer capacidade mínima de se racionalizar uma maneira de se defender, tudo passava a ser nosso, físico, parte a parte, extremamente natural, desde a frieza do chão contra as costas até o peso de quem estivesse por cima – creio eu que foi muito bem calculado e pensado, pra causar a pressão física, a sensação fiel de realidade ao que estávamos experimentando... todos os pontos ao Jeam, por isso... realmente genial da parte dele, ou de quem ele aprendeu com.... enfim... – e pra quem estivesse por cima, a sensação de pesar, e, por, pesar de sentir o poder, se sentir poderoso, por saber que está sob controle, controlando a vontade e a ação do outro a seu favor, se a intenção era fazer com que se traísse, era só pressionar com precisão, entupir os ouvidos e os olhos de informação, que nunca cessa, acusação que nunca termina, tendo razão ou não....
E sabem no fim, o mais me impressionou? Quando tudo se acabou, até o Jeam já tinha passado por nós, tentado arrancar o texto da Bella e ela não conseguia nem falar nem pensar, e tudo já tinha passado, já estávamos sentados conversando sobre como tinha sido tudo e ela me disse, sentadinha do meu lado, já não sei se antes ou depois, ela falou – desconfio que antes, porque agora me lembrei que foi depois disso que ela sentiu que devia falar – falou pra mim... – é estou repetindo, pra ver se eu, mesmo hoje, ainda acredito que escutei mesmo essas palavras – "sem você, eu não teria conseguido naquela hora" e isso vale mais que mil feedbacks... eu me senti grande, enorme, importante, alguém de verdade... uma atriz de verdade.... uma companheira de cena de verdade...
E depois eu falei à câmera como tinha sido tudo e ela capturou... na verdade tudo que eu senti... e foi ao ar... nem tudo que capturaram de nós em ação, é verdade... mas fomos parte de um programa que iria, como eu, mostrar o que o Jeam é capaz de fazer pra formar quem quer ser – ou acha que é – em ator... atriz como eu, de verdade!
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Las Usurpadoras y el cinturón de la preparación del Diablo!


A essas horas já era pra ter acabado, né? Texto finito – afinal já gravamos, assistimos, recebemos feedback, e não é sempre aí que terminam os trabalhos?
E quem disse que acaba quando termina?
Aqui é tudo sempre imprevisível, não se esqueçam.... a instabilidade é o nosso sobrenome menor, porque o maior é pressão. Então, não, não acabou quando aparentemente terminou, porque terminamos não com um ponto final, mas com reticências nosso último encontro, que iam além dos três pontinhos, eram uma promessa: íamos sentir como essa cena ia ficar boa de verdade.
Entrou na arena, de um lado a prepaaaaaaraçãoooooo de atooooooores, e do outro nós. E do embate dos dois: o Advogado do Diabo nos fez enxergar e entender por meio de interrogatórios, quem era o ser que estávamos representando, sua personalidade, seus ideais e principalmente a sua versão da história, sua bagagem e a definição da sua real posição perante à personagem que iria confrontar em cena.
Essas respostas, eu encontrei sozinha e em acareação com a minha colega de cena. Os moldes pareciam esses mesmo, como se brincássemos de policial e bandido – pelo menos eu me sentia bandida... UUUUUUIIIII... e sabia que era! – e estávamos mesmo, buscando primeiro em si, depois no outro, num trabalho que parte de dentro pra fora e reflete. E que além de reflexão de si, provoca a reflexão no outro também.
Não só a ruindade da minha personagem que quando viu a da frente se debulhando em lágrimas, pensou imediatamente ahhhhh vai chorar? – no tom mais sarcástico que vocês puderem imaginar – ... chamou ela de otária e se sentia mais malandra e esperta do que nunca, mesmo que não ultrapassasse a linha do deslumbre e da cegueira por ambição... fuzilava com o olhar, com ar de “superioridade” diante da fraqueza da outra. Se achar por cima da carne seca, comendo filé mignon.... ela não prestava, continuando a mesma VAAAAACAAAAAAAAAAA de antes, com um bônus – que não deixa de ser ônus – ela foi turbinada pela preparação dos diabos de Pierre, que deixou a personalidade dela tão dilatada, que chegou o meu racional apitar junto dela, me impedindo de inverter ela, subverter a sua vontade, voltar atrás e fazer dela, arrependida – ela não aceitou e nem eu confesso, eu defendo a minha cria, minha obra... e além do mais a dramaticidade era tanta na minha frente, que eu mesma não ia tolerar ao quadrado.
Era todo um conflito de interesses, vontades e personalidades, embasado pela análise fria das minhas intenções junto das intenções que a minha colega me apresentava, chegamos à conclusão – eu e ela – de que não suportaríamos nem um minuto, nem dentro, nem fora de cena. Minha colega se demonstrava abalada de uma forma, que se eu baixasse a crista da minha personagem, cairíamos na Usurpadora... no embate das Paulinas ao quadrado... no Apocalipse.... em 2012, no fim dos mundos.... então era melhor pra minha sanidade pessoal – profissional – e principalmente de quem estivesse de fora, que eu continuasse sendo a minha cover de Paola versus a Paulina Carla dela.
A nossa graça estava justamente no antagonismo, no meu olhar que fuzilava, no riso frouxo de deboche, nas mãos e na agressividade dela, me respondendo, na raiva que ela tinha nos olhos junto da ferida que eu tinha aberto e que fazia questão de deixar em carne viva. A provocação e o revide é que faziam da nossa cena interessante e da nossa dinâmica mais dinâmica que a própria.
As dinâmicas, os exercícios a que fomos expostas e testadas, deram uma forma mais clara, mais bem definida, certeza, enfim, uma alma. Tínhamos agora um pano imenso de fundo, que fomos tecendo aos poucos, a cada comando, a cada movimento. Construímos, essa é a palavra, o verbo que conjugamos.
Foi o que nos ensinaram todas as táticas do Jeam: a criar uma cabeça, uma mente e a consciência de uma história, além de respeito às vontades da sua personagem e às suas próprias também – tolerar, intolerando – transgredir, sabendo bem os limites que erguemos e pré-estabelecemos.... e eu até podia continuar conjecturando, mas até o ano já está acabando... – e não, você não está bêbado... pelo menos, eu espero que não esteja, porque leitor bêbado, comenta bêbado... enfim.... o ano já virou faz uns 2 meses já, eu sei, mas aqui, vira é agora!
2011 finda nessa confissão, que só confessei agora que vivi – e até peço desculpas pela falta de maiores detalhes, sempre ando com eles na manga, mas o tempo fez eles escaparem dos meus dedos, contra a minha vontade... e eu tentei hein, não passar por cima... não deixar nada em branco e nada ficou.
A certeza da cena que fiz nesse hoje – que não pertence à hoje – e da personagem que construí, é que foram com corpo e alma. E acabo com ela – a alma – lavada, na certeza até onde fui, foi só o começo e de que vocês não perdem por esperar.... num piscar de olhos.....
Agora, VEEEEEEEM, 2012, VEEEEEEEEEEEEEEEEEM!!!!!!!



domingo, 12 de fevereiro de 2012

...E eu... me lixei, sem me lixar.


Declaro o fim do festival saliva e agora vou contar como gravei no estilo nem se lixando... nem se lixando pro drama, nem se lixando pro texto – cacos à la vantè, pra desespero de uns, né Jeam Pierre – e pra personagem na minha frente. Considerei desconsiderar ela muito mais interessante e natural, como se fosse respirar. E nem foi só aí que minha consideração foi posta em cheque: todo o entendimento de cena que tínhamos construído, toda a dinâmica, todo o engenho foi pro ralo... – encurralado na dimensão dos ensaios.... – a lixa estava banida do set.
Porquê? Simples: minha casa não ia ser invadida, a intrusa não ia entrar porta a dentro, eu é que ia chegar em casa e constatar que ela já estava lá, de braços cruzados à minha espera. Me desapontei por um lado e não me abalei por outro – quem sabe já estava na personagem e não sabia...?... nada disso!... – fui chegando à conclusão mais racional – o que, pra mim é uma raridaaade – de que não adiantava me desgastar diante do imutável, dar murros em ponta de faca, não ia fazer o Jeam aceitar nosso raciocínio, tendo em vista, que nos equivocamos, então.... se é pra se virar nos 30.... eu me virei!
Com platéia – colaboração de um convidado especial, integrante da equipe do Jeam, produtor dele, que fez as honras de cameraman e nos deu... pra variar... um oooutro ângulo de captura – fui leviana, deslumbrada, cega, má... ruim... péssima! Fiz questão de provocar a Taís o tempo todo – assim como eu já tinha feito durante os nossos ensaios – de fazer ela querer me fuzilar com os olhos, desejar me pegar e me fazer perder o rumo de casa – como eu tive a oportunidade de fazer, quando o texto me permitia e eu ainda me dei a honra de transgredir e ultrapassar todos os limites, pegando ela pelos braços e sacudindo ela firme, pra depois largar e deixar ela completamente perdida, sem chão e tremendo... uma delícia – porém, contudo, entretanto, todavia.... o texto não dava à ela a menor deixa – que peninha.... mentiiiraaaa... nenhuma!... e não, eu não estou na personagem agora.
O prazer de saber que abalava as estruturas dela, a ponto dela começar a me empurrar, querendo me derrubar – e quase conseguindo, porque isso não estava combinado – era meu, da minha personagem, uma coisa muito louca.... e difícil de explicar! Ser má é ser livre, sem pudores, sem cesura, é a personagem mais libertadora que existe, com ela – a maldade – se brinca de verdade, se toca nos pontos mais cruciais, se traça o conflito e o clímax de qualquer história, traz reflexão.... sem ela, não há história... graça. E pra mim, encaixa como uma luva, me dêem só um parêntese, uma indicação mínima ou o mínimo de liberdade que eu me transfiguro com o maior prazer do mundo, porque prefiro trabalhar com as minhas sombras à sofrer – mesmo que esse seja meu maior desafio....
Confesso que estava na minha zona de conforto ali, queria – tinha plena consciência – abalar, destruir, trazer pro chão e eu trouxe o coração dela, a esperança eu fiz questão de matar, fazendo ela não me reconhecer nem como eu... nem como o grande amor que eu – enquanto personagem – fui pra ela um dia, eu era outra mulher. Uma mulher que desesperava ela, que fazia mal, causava repulsa. Eu inventava, criei a partir de uma personalidade que eu construí, linhas que fugiam e ultrapassavam as linhas delimitadas do texto, porque cabiam nos lábios dela – a minha personagem – e as outras eram limitadas demais.
Limites foram realmente discutíveis nessa gravação. Errada ou não, eu fiz a minha colega de cena tremer em cena, e isso, meus amigos, é de um desprendimento que poucos são capazes: demonstrar fraqueza – e seja ela como for e porque for...
Eu adorei sentir o prazer extra-cena – além da... – quando fui atravessar a fiação da camera e recebi o feedback do meu primeiro expectador – o cameraman, aquele amigo do Advogado do Diabo meu preparador querido – dizendo sarcááááásssssstica hein e me deixando boba... mal sabia ele que era tudo que eu queria ouvir e quando a platéia aumentou, paramos pra assistir – eu na posição de diaba, do lado esquerdo do Jeam – e aquele sussurro de quem se deu conta de que eu criei em cima do texto – arrisquei, porque quis dar e dei voz à minha personagem – entrecortado pelo grito final que me chamava – enquanto personagem – de VAAAAAAAACA... foi música para os meus ouvidos!
Ali, pra mim, eu já tinha atingido exatamente o que queria: minha concepção de sucesso. Contrariando, e sem pedir licenças para roubar as suas palavras, mestre Pierre, CAGUEI... ela cagou, minha personagem... cagou pro seu texto, ela se arriscou com a própria voz – fazer o quê? – além do meu aval, e deixou explícitas as suas próprias vontades, a sua verdade. Eu me arrisquei, confesso, mas não me arrependo nem um pouquinho, e sabe.... sabem por quê? É partindo dele, do risco e do erro, que alguém se torna capaz de acertar, não perseguindo os acertos freneticamente, porque assim eles não se deixam alcançar, fogem. E a razão mais importante de todas: ela foi feliz, eu fui, nós duas fomos juntas!
Em cada passo, em cada quadro, em cada reação, em cada retorno que recebi, dentro e fora de cena. Fui vista pelo meu neném – pra quem não sabe, é assim que eu chamo carinhosamente ao Jull Vigano, o irmão do Jamil, que já dispensa apresentações, né messssssmo*?
*lê-se o original, recuse imitações....
.... e não só vista, como reconhecida por ele e pelo cameraman, e sinto muito – naaada – mas eu ganhei a minha noite: me lixando... e sem me lixar hein. 
Um dos meus maiores e melhores momentos dos últimos – todos – os tempos!
sábado, 11 de fevereiro de 2012

Thuruleft...thuruleft.....


E depois da bonança, vem a tempestade... – se até a gente vira do avesso com o Jeam, que dirá a sabedoria.... – um desafio morre, para dar lugar a outro maior.... para todo o sempre – não é só luxo de Pierre, é a sina de quem realmente quer não só seguir, como perseguir e abraçar a carreira de atriz.... ator... enfim...
Hoje depois de mais uma DR – é, o relacionamento está ficando cada vez mais sério aqui, tão pensando o quê... – de sermos colocados em nossos devidos lugares... – eu aposto que fomos... eu não me lembrooo maaaaais... e não, eu não estou de piadinha com o texto – ganhamos mais um diálogo e uma nova parceria, que antes de ser firmada, formada, enfim... deu lugar à prática de um esporte, que eu já praticava e não sabia: a leitura dramática*!
*lê-se: parar e ler um texto, lendo ele com a intenção de como se já tivesse ele na ponta da língua – mesmo ele estando nas suas mãos, diante dos seus olhos – acompanhada do elenco todo que lê, além de quem contracena-lendo com você...
E enfim, eu li dramaticamente, pela primeira vez, tendo a consciência – agora – de... já que eu já fiz disso, sem saaaabeeeer... há seis e lá vai pedradaaaadaaaa.... – tá, fim do momento paródia de música espontânea.... saudaaaaaaade, Selma – acompanhada do Tiago.
Fizemos a leitura, para termos a primeira impressão – e eu, as minhas primeiras, segundas e terceiras, é claro – do texto. Era mais uma delícia dessa vez: desilusão, fossa, mais dramalhão, só que agora era à dois... – se formariam casais....
E como esse mundo é injusto e quase não existe mais homem pra tanta mulher – a proporção da realidade enfraquece – acabei eu fazendo casal com a Taís. A injustiça nem era tanta, tendo em vista que ganhei a oportunidade de retomar e reforçar uma comunhão que nasceu por livre e espontânea pressão em cena – quem não se lembra da dupla de 2 inesquecível: Alice e Rosinha, formada gravando e ao acaso? Levanta o braço aê!...ahhh é? Não lembra?... mesmo? Então, vai ler, vai meu queriiiiiido... minha queriiiiida! – saí mais no lucro que no prejuízo.... mesmo, que ainda achando que um homem ao meu lado surtiria todo um efeito – pronto, confessei – homem tem força, tem explosão, tem pegada.... mulher é toda melindroosa, delicaaaaada em cena... – tirando eu que arranco pedaço dos meus coleguinha..... mentiiiira!... mas enfim, eu sou mesmo uma exceção à regra feminina... nessas horas profissionais... profissionais, eu disse!... mas enfim...
Chegou a nossa vez de ir para o nosso quadrado e ler juntas no mesmo esquema. De cara, eu seria a mocinha desiludida, desamparada pelo deslumbramento do “machoman” que amei tanto – juuuura?
Aí eu me dei conta de que eu não podia com esse papel... – não nesse momento.... – eu vinha de uma louca bem sucedida, de uma insanidade que me valeu o Redbull que nunca tomei – me deuu asaaaaaaas.....
E eu não queria andar pra trás, não queria morrer de novo em cena... e pra isso eu precisava ser o vilão – era um homem, no script – da história... assim como eu fui no duelo dos veteranos e que infelizmente não foi capturados pelas lentes de uma camera.... finalmente saciar o meu desejo, tendo uma pra capturar: e pronto, eu GANHEEEEI – quantos anos eu tenho mesmo?.... brincadeirinha – se inverteram os papéis. Assumimos um risco juntas, afinal, já tínhamos lido algumas vezes e já estávamos quase lá, avançando rumo às falas decoradas – elas estavam querendo ser – quando resolvemos dar um tapa na mesa e virar o jogo... e já sabíamos que se derrubar era penalidaaade máxima! Mas não foi....
Uma mesa foi colocada com duas cadeiras e fomos convidados a cercá-la, sentando ao seu redor. Minha colega de cena queria porque queria se jogar e ir lá de cara.... e eu, da onde estava, analisando, sabia que já tínhamos nos arriscado o suficiente com a inversão de papéis para termos a pretensão de mergulhar no abismo de graça, observar era mais prudente... e eu segurei ela, acalmei, e observamos: agora dupla a dupla ia, se sentava na mesa e fazia a leitura dramática da cena, com todo mundo de fora, de platéia.
Na nossa vez – que não tardou muito, foi logo depois dos primeiros... lá pelo meio.... enfim, fomos, sem ser as primeiras – sentamos e fizemos o grande teste finalmente de como seria eu no papel do algoz e ela da sofredora, e deu certo, até a página vinte...
Mal sabia eu que o maior desafio não seria o texto todo demarcado e previamente dirigido, nem a gravação, seria me encaixar na agenda da minha colega e companheira de cena doutoranda em psicologia das couves – é que não sei o nome da especialidade da especialidade, sacam? – na federal, professora dos pepinos na graduação de psicologia do Cesusc, orientadora de mestrado de não sei quem em não sei o que lá, também de psicologia.. na federal de novo... além de atriz de propaganda nas horas vagas – que deviam ser de quê, de quê, de quê? ENSAIO... mas ensaio dá dinheiro? NÃOOOOO.... dá pra deixar de trabalhar? NÃOOOOO... então, comofaz?
...tchuruleft..... tchuruleft.... que que você faz da meia-noite às seis?
Então eu madruguei... maaa-druu-guei.... e fui lá pros lados do Pantanal – e não foi pra ensaiar com os jacarés, meus queriiiidos – fui lá pra percorrer 95% do caminho que eu precisava pra me encontrar com a minha personagem e minha Beyoncé... Sasha Fierce.... interior. Me encontrei com o clipe de Thuruleft... digo Irreplaceable.... repetindo os mesmos gestos, mesmos olhares e até pareceu de caso pensado, mas foi completamente espontâneo e inconsciente, eu juro! Tentei adquirir uma naturalidade, já que teria a casa invadida – na história – queria estar com a atenção concentrada e me dar ao luxo – oportunidade – de ser pega desprevenida, como a história realmente pedia.... resultado: eu lixando as unhas, quando ela entra – entrando – invadindo meu pedaço... me mantenho na minha pose.... como se minhas unhas fossem muito mais interessantes que ela... – e realmente eram.... – eu me tornei um alter ego de um antigo grande amor, uma pessoa transformada pelo deslumbramento da fama e do culto a si mesma... alguém que se perdeu no meio do caminho, cega diante da ambição e do “poder”, capaz de se revelar mesquinha, pequena, pobre de espírito... – uma vaaaaaaaaca.... aplaaausos!
E eu não tive a intenção de fazer um cover ou coisa parecida, não me inspirei nela antes.... – aliás nem sei no quê eu me inspirei antes dos ensaios – foi durante e subconscientemente – e eu ri sozinha, quando ia embora e me dei conta.... morri de rir sozinha no meu caminho de volta e quando parei pra conferir, desencarnei diante da constatação cabal do play – e encarando tudo agora, do ponto que estou, analisando friamente, eu vejo o encaixe perfeito do alter ego da minha cantora preferida que se manifesta em cena, com o ego apresentado pela minha personagem – que não deixa de ser alter – ela é o alter ego – de si própria – em pessoa, é a personalidade avessa que todos nós temos, o mal que habita dentro de nós e que tentamos conter, combater, dominar, sufocando.... E aí, um alter ego de inspiração faz todo sentido do mundo, quando a pessoa a ser apresentada e representada se torna o próprio alter ego em pessoa, essa era a minha personagem, a minha vilã – dessa vez, desde o início do processo e não por provocação de direção, um caso pensado.... calculado nos seus mínimos detalhes.
Sozinha com ela, eu percorri quase nada, deixei pra desenvolver e evoluir dos ensaios pra frente e eu fiquei muito satisfeita – grau real e palpável de felicidade, vide Luthors – com todo o processo, com toda a personagem que construí, com as reações que provocava em quem dividia a cena e em toda a cena que construímos juntas: porque eu fiz questão disso! No final, trocamos e somamos, nos dividindo, inclusive, em nos analisar e nos dar nosso feedback. Por isso que eu insisti, fui extremamente irritante e dei o meu jeito de penetrar da agenda impossível da pobre da Taís, invadir a casa dela – sentiram o trocadilho? – porque eu queria isso, queria fazer bonito – e não tenho a menor vergonha de assumir isso – e o mais bonito ainda – lindo – é que queria que ela conseguisse, que conseguíssemos e conseguimos. Que não importava se foram só algumas horas, de um ou dois dias de ensaios... mas que éramos capazes de fazer render, de construir, fazer.... e com receita de bolo dessa vez, porque sabíamos exatamente o tom, o ritmo, a intenção e as emoções – yeaaah, nós tivemos parênteses, direção de cena – que cada fala deveria ter.
E nosso bolinho cresceu e cheirou gostoooooso! Ainda recheamos e colocamos cobertura, quando finalmente gravamos.... e eu já estou parando por aqui, já que não vai ter graça nenhuma se vocês não salivarem, e vocês devem.... portanto: salivem daí, vão por mim!.... e aguardem!... me aguardem! 
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Sangue, suor e lágrimas... super ultra mega power Atriz ativaaaar!


Por dentro, eu estava contando os dias para poder vir aqui confidenciar o que aconteceu no dia em que fui gravar meu primeiro diálogo, incorporando minha persona insana non grata. Os caminhos que me levaram até esse dia e o que ele representou na minha vida abominável, inclusive o retorno disso tudo, formam o conjunto da minha obra, de maior sucesso – só perdendo pra Alice.... até porque a Alice é or concour!
Antes de tudo, antes de já chegar chegando, gravando, ensaiamos por nossa conta e risco – o Everson e eu – e tentamos construir uma cena, também por nossa conta e risco – porque em se tratando de Jeam Pierre: prepare-se para o impreparável, meu amor – além de enfrentarmos o texto mais desafiador de todos – não por densidade, profundidade – era uma grande pegadinha em forma de.... parecia um cordel... um trava-língua... um enlouquecedor de atores – e eu já era a louca heeeeeeein, oh que sortuda eu!
Decorar uma peça – não, não quis dizer montagem de teatro, daaaaaaar – dessas, realmente foi meu maior desafio, porque as falas eram curtas e completamente sem nexo – aliás pra quê?... num passa de adereço isso né Jeam Pierre? – que pediam a fala do outro, dependiam dela pra existir e era – não, não tem outra palavra... – LOUCURA!
Mas enfim, voltando... ensaiamos nessas duas semanas que tivemos – traduzindo 2 últimas confissões – ai que mentiiiiiiira!.... na realidade da situação, os planos eram lindos, mas o bicho pegou para o meu lado e o que eram duas semanas garantidas de ensaio, de encontros marcados, se resumiu a apenas dois, espremidos em uma única semana, porque na seguinte o bicho pegou pro meu lado!
Comecei a apresentar sinais – sintomas, pra ser mais franca – que me fizeram crer que eu ia dar um tiute: a virose pirou minha cabeça e o coração....? Quis morrer.... – força de expressão, é claro – desmarquei os ensaios com meu companheiro de cena, morrendo de remorso – é, eu sou dessas – e quase matei o homem do coração – ele apavorou, disse que sem mim, ele não era ninguém.... não com ESSAS palavras.... mas quis dizer.... e eu como não posso perder as oportunidades que me dão, já entrego logo.... e foi liiiiiiindo isso!
Minha garganta pegava e o meu pavor não ficava muito atrás... foi se aproximando o dia e nada... o dia chegou e eu decidi procurar um médico e o querido profissional da saúde me fez tomar o fim da picada – a própria – no bumbum mais soro na veia. Saí de lá intimada a descansar e desistir de ir gravar – não pelo médico, mas pela poderosa chefona que eu tenho em casa – e eu batia pé que me sentia bem, que estava em condições, tentava me defender do indefensável... no fim, me rendi.... – e porque estou aqui escrevendo... ainda?
Até a página vinte, foi até aí o limite dos pontinhos – minúsculos – que entreguei... depois de uma ligação e muita reflexão – incluindo a lembrança do que senti na única vez que faltei na vida – e eu já sabia que a dor de ser obrigada – mesmo que pelo bom senso – a ficar era mil vezes mais dilacerante do que a real que eu poderia sentir. Dor real, eu não sentia, mas me sentia apreensiva, e muuuuuuuito impressionada! No fim, vocês já sabem....
Eu me rendi e saí nos 45 do segundo tempo pra correr atrás do prejuízo... e eu não pensei só em mim, no quanto eu sentiria não gravar, ainda mais depois de já ter tido a oportunidade de me apresentar pra galeeeera – feelings de seu boneco, eu confesso – também pesava ter de deixar o meu companheiro na mão, ele estar lá me esperando e terminar abandonado e frustrado, não seria justo com ele, muito menos comigo, e, contra tudo e contra todos: EU FUUUUUUUUUUUUUUI – ooooowooooo.... tá, parei....
Chegando lá, jurava que estava bem e jurava que achavam o mesmo – o que é o pior – mas não era bem assim... e eu só iria descobrir depois.... no meu presente, meu agora, eu tinha um apoio e estava segura do que queria.... segura na minha insegurança – como eu mesma digo – era o meu tudo ou nada!
Deixei as cartas na mesa e fui franca com o meu companheiro, eu não estava em perfeitas condições – crianças não façam isso em casa – não sentia, mas estava impressionada, vulnerável, frágil, não era cem por cento, mas a força que eu não sei de onde eu tirei, era maior.... maior do que eu....
Ele me aceitou, sabendo disso. E a sorte estava lançada para nós dois. Observamos o jogo todo de cena mudar de figura – e não, não era pegadinha do Advogado do Diabo – as marcações mudaram em cima da hora, o cenário virou mais de um e até à figurantes – nós – e holofotes tivemos direito. O negócio era mais dinâmico e ainda engenhava a construção de uma equipe de filmagem – cameraman + apoio do cameraman + caboman+boom – todos unidos com um único objetivo: gravar sem derrubar o Jeam Pierre e passar com o boom na frente da camera.... ihhhhhh, foram dois...
Enfim, de tanta observação e entre ser figurante e parte da “equipe técnica” da coisa – cena – fomos, finaaaaalmente, fazer a coisa engrenar com a nossa cara. Chegou a nossa vez de gravar e.... faiouuuu.... entrada deu errado, fui autorizada a repetir e daí foi só correr pro abraço: cerca daqui, cerca dali, corre atrás, provoca.... e COOOOOORRRRRRRRTAAAAAAAAAAAAA! Acaba de repente e você fica pensando porque passa tão rápido? Passou.... eu não assimilei.... minha ficha não caiu.... eu só senti.... senti a maravilha que era estar ali, ter feito a minha cena, que era poderosa por ter enfrentado um mundo, e, principalmente à mim para estar ali.... que estar ali me provava do que eu era capaz pelo meu sonho de menina, eu era poderosa – super atriiiiiz ativaaaaaaaar.... não resisti...
Nas nuveeeeens... além das incertezas, inseguranças, na segurança de saber, de ser uma atriz de verdade, sem fugir da raia, jamais! Mesmo entupida e entorpecida – como disseram as más línguas por aí – eu estava presente e mais viva do que nunca em cena, eu vi isso! 
Assisti de camarote e ninguém diria, sequer suspeitaria das minhas reais condições.... não antes de um longo discurso de frear qualquer perfeccionismo e estimular o espírito errante – de errar mesmo – de se arriscar sem medo, de desejar o erro, na certeza de que correr em direção à ele, nos fizesse mais humanos, mais atores.... antes que nos tornássemos múmias, enroladas nas faixas que criamos pra nos atar e sufocar no rumo da perfeição, que é de vez em sempre, inatingível.
Fomos convidados – e mais uma vez – desafiados a caçar o que tínhamos de bom, pra variar, já que o que tinha de ruim já estava sempre em pauta e estávamos ficando irritantemente repetitivos e obsessivos autocríticos. Não precisávamos de ninguém pra quebrar nossas pernas, que já tínhamos nos engessado, entendem?
Analisando com menos crueldade a nós mesmos, nos assistimos.... e eu me maravilhei com o que consegui, até minha voz afinou num ponto em que jamais se confundiria como a Alice, eu soava uma retardada completa e estava extasiada!
Ainda escutei as palavras de anjo do Diabo em forma de preparador.... “sem dúvida, esse foi o melhor vídeo da turma... da noite”.... e aí o êxtase foi total e irrestrito, o prazer não caberia nem em cinqüenta páginas – que vocês sabem muito bem que eu seria capaz de escrever.... mas eu não preciso... a felicidade dispensa palavras.... e eu me basto com essas....
Sei que se morresse ali, naquele momento, morreria.... – feliz? – sem um Oscar.... ou no mínimo.... um Melhores do Ano né, Fausto?... um Quiquito.....? Nem morta, santa!
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Aqui me tens de regresso.... LOKALOKALOKA!!!!!


E ele voltou, voltou para ficar, porque aqui – caqui – é o seu lugar!.... Enfim, o Advogado do Diabo, poderoso chefão, nosso preparador virado no Nelson Rodrigues estava de volta pra fazer ver a vida como ela é.
Voltamos as atenções para o nosso primeiro diálogo – de maluco – que ganhamos – e mal ensaiamos – pra fazer, e, em dupla. A minha tinha se formado muito antes da decisão soberana de Pierre – não sei se lembram daquele teste com cara de desafio, que me fez pensar e encarar a carreira feito gente grande?... o do beijo técnico.... pois é, foi com ele.. – portanto não teria nenhum mistério  – certo?...Errado, aí é que vocês se enganam  – o desafio persistia – sina de nós dois contracenando?...eu hein  – no texto. Dessa vez era literalmente coisa de maluco, era um duelo de palavras que não se encaixavam, como falar sem querer dizer coisa nenhuma e o nexo disso era que um era completamente dependente do outro pra quem sabe fazer algum sentido – mesmo que no final, continuasse sem fazer nenhum.
Avançamos do estágio do tentar, para o fazer... texto mais na ponta da língua, aquela coisa... e avançamos mais na direção... da direção mesmo! – é, tivemos direção explícita, meu povo!
E com tudo que tínhamos direito: marcação de cena, “de texto” – se é que isso existe, se não, eu inventei – parênteses e ai, como eu estava morrendo de saudade deles! Ok... ok... vou parar de girar o blog, antes que queiram descer: marcação de cena é como se fosse coreografia de dança, só que é pra atores e a tal de texto – os parênteses – são quando as intenções do personagem estão escritas por entre as falas, por elas você sabe quando tem que falar baixinho ou gritar, quando deve amar ou odiar.... e por aí vai... agora vamos desligar a teclinha SAP e voltar ao que realmente interessa?... porque depois dizem por aí que não sei ser sucinta....
Fomos instruídos de toda a movimentação que deveríamos ter, incluindo as famosas deixas – palavras-chave que nos fariam sentar, levantar, sair andando... não necessariamente nessa mesma ordem. E depois de assistir uma vezinha só o Jeam fazendo, depois uma dupla seguindo as instruções dele, foi a nossa vez de nos separar do resto do mundo, num canto só nosso e passar a ensaiar com a faca e o queijo na mão – as deixas e a marcação.
No nosso canto ficamos, eu e meu colega de cena, meu colega de cena e eu ensaiaaaando... até o Jeam passar os olhos e por um cisco de segundo achar que a Alice não morreu – eu já sabia que ele ia achar assim.... afinal não posso querer mais afinar minha voz nessa vida sem ser Alice outra vez.... HUM – e cortar – achar que estava cortando – meu barato – porque não, senhoras e senhores, a Alice não estava em cena.... eu escutei um OHHHHHHHHHHHHH? – mas ele não foi embora de cara, ele ficou ali observando – ...urubuservando... – corrigindo e descorrigindo... pra no fim, nos escolher como um dos que se apresentariam no fim dos trabalhos pra todos verem – será que agradamos?... hummmmmmm....
Fato é que finalizados os ensaios, já sabíamos que íamos nos apresentar com outras duas duplas – se não me engano, porque a minha memória tá de Dolly hoje... vide Nemo – e nos apresentamos nesse nosso duelo enlouquecedor de palavras e gênios opostos, ele como um homem comum e eu completamente louca. Confesso que não foi difícil pra mim encontrar minha louca interior – já vivo muuuuuuito próxima disso... da Monga entãooo.. vixi.... enfim – ser louca não foi sacrifício nenhum, foi um prazer imenso.... e que não ia acabar ali, ia render pro próximo encontro... permanecendo e se prolongando... GRAVAAAAAAANDO!

Making of do Making of

Making of do Making of
Eu queria falar, dizer tudo que sentia, vivia, guardar de algum jeito cada pequeno detalhe, que me transformava em uma mulher, uma Atriz. Assim, eu criei esse espaço... tão meu.... seu.... nosso.... Aqui, eu tenho a minha coxia em forma de livro... um livro aberto de minha autoria — Renata Cavalcante, 28 anos, carioca da gema, prazer.... — narrando os bastidores da minha memória viva desde a preparação de Jeam Pierre até me tornar atriz da Cia. Grito de Teatro de Santa Catarina, numa evolução que vai do querer ser profissional a ser oficialmente reconhecida como tal — o antes e o depois do DRT, aqui pra você!

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