sábado, 1 de março de 2014

A maré foi e voltou, PAÓ...


BRASAS... 
SIMMMMM, eu entrei pisando em brasas, mas terminei me unindo à elas e me virei em chamas e fui fui fui fui me alastrando tablado à fora, feito uma boa e bela labareda que vai sorrateira lambendo e tomando conta de tudo até incendiar tudo de vez – me incendiando junto!
Fui o fogo e toda a sua força, fui força e vivi a performance mais forte da minha carreira, a mais intensa e a mais desafiadora nas primeiras 24 horas dessas 48 que prometiam ser as mais decisivas de toda ela.  
Agarrei pra mim com todas as forças essas 48 horas, como se elas fossem me dar as respostas que eu nunca tive.... e eu recebi....  uma a uma... ao seu tempo...
Antes dos três sinais, uma em uma mensagem no celular – segredo que não pretendo revelar agora... quem sabe... em breve... – e muito antes deles, o estimulo do avesso, digno de Medeia/Joana, a direção perfeita para o caos, TUDO que eu precisava para descobrir do que era capaz e eu fui fui fui....
FUI disposta à me aproveitar desse tudo, de mim e me fiz ressaca: como as ondas que a Joana se entitula na obra, fui presa, me tornei solta e tão forte quanto me imaginavam – nessa me incluo, afinal a incerteza de ser profissional me atormentava, lembram? Eu disse ATORMENTAVA.... fraca...
FUI com a sede de não só me desbravar, como de provocar ressaca – e eu nunca fui tão bem sucedida nas minhas intenções... primeiras.... segundas... terceiras... quartas....
Embora, eu não tenha gostado tanto de como conduzi a abertura, muito menos de ter engasgado no meio de uma fala, ter literalmente cagado minha marcação na cena nova ao ponto de ter dado vida à expressão “andando feito uma barata tonta” – e pra eu me comparar à uma barata é porque realmente.... 
Só não cair porque meu santo é forte, Deus deixou meu anjo de guarda fazendo hora extra, algo do gênero, pois só o outro mundo, a força que a gente sente mas não vê, pra explicar como a gravidade não me fez beijar o tablado daquele palco enquanto eu ia e vinha berrando e ia e vinha berrando com as pernas vacilando e a base quase me abandonando por justa causa.... – de repente, foi isso....
Mas enfim, tiveram também meus quase infartos com as falha-nossa dos meus queridos colegas de cena... – ah os canos raspando as tiras de coco, não é mesmo, Cacetão?... sorry, piada interna do elenco!
Contudo... entretando... todavia... toda a imperfeição e toda loucura, foi ali, logo depois da minha primeira saída de cena, enquanto eu respirava que eu pude sussurrar pra mim aquela que de todas as respostas, era a mais importante: eu nasci pra isso.... se seguindo de sussurrar – não só agora  o efeito colateral daquela primeira resposta, aquela da mensagem no celular.... 
E assim que terminei de interpretar/cantar minha primeira canção dando a deixa pra minha primeira saída de coxia, que se seguia com a volta completa até encontrar na coxia do outro lado, no meu filho loiro emprestado da Joana, a terceira inesperada e mais arrabetadora resposta: um abraço apertado imediato assim que me viu, seguido de um beijo e da admiração escancarada nos olhos, que me encheu de orgulho e ali me vi como se servisse de exemplo e talvez até inspiração pra um menino que quer ser ator e que estava em seu primeiro trabalho – acredito eu.... pois ele veio de longe e começamos a ter contato poucos dias antes da estreia.... ou mesmo que fosse só por achar que eu saí de cena pra não voltar mais e fazer questão de me cumprimentar – o que acho muito mais provável mesmo assim, me tocou tanto e tão fundo...
Enfim, terminei minha noite, cantando, rebolando, batendo forte o tambor e finalmente batendo foto com todo o elenco no camarim – sonho antigooooo...


BY Elizandro Souza

E pensam que acabou aí? Que nada.... 48 horas, lembram?
Me arranjei e vim de cabelo de Joana pra casa, dormi com ele amortecendo meu travesseiro, fui com ele amortecendo assento de transporte público, enfim, partamos pras considerações das próximas 24 horas, as da segunda noite:
Como toda boa discípula de Jack Bauer, além da ação, também sei viver de um bom drama e fiz das ultimas 24 horas mais desafiadoras da minha vida, as mais emocionantes também, porque pra mim essa foi a palavra de ordem: EMOÇÃO. Me peguei pela emoção, me senti mais mulherzinha – comparada à fortaleza de antes...
E eu me conquistei, tanto que me apeguei mais nesse aspecto do que em saber/analisar o tanto que pequei, não ignoro ter caído no palco – fato inédito e que quase não me quebra as pernas, não literalmente, porque virei o pé mas fiquei bem, estou bem; mas por quase ter me feito perder a concentração, mas a sorte foi ter encaixado no contexto que resolvi inventar de improviso na hora: de desmaiar – ou de ter enrolado a língua e travado numa fala, de ter deixado o apoio escapar – não sei nem precisar o quanto, nem se cheguei a usar o mesmo... – , eu juro...
O que acontece é que consegui me envolver, me emocionar, eu chorei – e vocês sabem bem o que isso significa....
Consegui domar os 3 sinais muito melhor que antes, contracenar em cenas que pra mim eram um desafio imenso – de não cair de volta em mim – inclusive atingi um outro nível de movimentação na marcação que tinha executado feito "barata tonta", tive base e me senti inteira e intensa pra tudo.... – como se fosse a última... mesmo já sabendo que não....
E mesmo que tenha falhado tecnicamente, incrível como eu me agradei, agradei à minha expectadora interior – uma fulaninha extremamente exigente, chata e perfeccionista, dona de um senso crítico absurdo – e me satisfiz num grau.... que nem sei como definir em uma palavra!
Comecei FORÇA e terminei EMOÇÃO... fui caos... tragédia... arrepiei e fui de dar medo – como alguém na plateia fez questão de dizer em voz alta, apontando pra mim, literalmente – e isso é o que me marca: Joana se provou ser minha prova maior, minha banca maior, meu sangue, meu suor, minhas lágrimas, minhas dádivas, com ela eu me revirei do avesso desde a raiz do cabelo até a força que não sabia que tinha pra arrancar de mim e as emoções, respostas que não encontrava....


Eu sou grata à todos – meu diretor Carlos Marroco, meu produtor Rafael Fernandes e meus colegas de cena – os responsáveis e culpados por todo o processo, pois me revelaram pra mim em 3 grandes lições, essas que chamam de apresentações.


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Making of do Making of

Making of do Making of
Eu queria falar, dizer tudo que sentia, vivia, guardar de algum jeito cada pequeno detalhe, que me transformava em uma mulher, uma Atriz. Assim, eu criei esse espaço... tão meu.... seu.... nosso.... Aqui, eu tenho a minha coxia em forma de livro... um livro aberto de minha autoria — Renata Cavalcante, 28 anos, carioca da gema, prazer.... — narrando os bastidores da minha memória viva desde a preparação de Jeam Pierre até me tornar atriz da Cia. Grito de Teatro de Santa Catarina, numa evolução que vai do querer ser profissional a ser oficialmente reconhecida como tal — o antes e o depois do DRT, aqui pra você!

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