domingo, 18 de janeiro de 2015

Quase 1.0 #padrãoGrito


Dá pra acreditar?

E parece que foi ontem – sim, aqui pro blog foi... – que eu fiz a minha e estava comemorando a dita cuja! Pois é... muita água rolou debaixo da ponte – e bota água e bota ponte nisso...
Meu último ano correu, correu tanto que me escapou pelas mãos... no que se refere à Companhia – Cia Grito – foi um turbilhão imenso, a começar pelo musical que já estava em pré-produção, prestes a estrear, que eu tive a honra e o prazer de participar nos ensaios, aprender a ser standing – substituta, espécie de atriz-reserva – e o que é contrarregragem e produção de verdade... o significado de rodas, semi-rodas, de ir pro fogo, tudo....
Estar por trás das cortinas no Broadway – com o perdão do bom trocadilho me deu a dimensão real de como é estar dentro de um sonho – literalmente : ver tudo e não assistir nada, mas saber que em cada canto tinha um detalhe, a mão de mais de um alguém pra que acontecesse – inclusive a minha... 
Vai muito além de cabelo, maquiagem, cenário e adereços que devem entrar em cena, é toda uma organização desde cada pequeno objeto que vai entrar e não pode ser esquecido fora as estruturas que a gente vê.... vai muito além do que os olhos alcançam, você já imaginou na manutenção dos figurinos? Assim como nas botiques, eles são passadinhos na hora, porque não saem lisos da mala, não é mesmo? Tem quem precise de uma assessoria especial pra poder trocar de roupa umas trocentas vezes, simplesmente porque trocar de roupa em menos de 3 minutos vai um pouco além das nossas habilidades comuns, inclusive testar no cronômetro como fazer isso, também faz parte da produção de um bom espetáculo. 
Mínimos detalhes, tantos.... é como ver uma fábrica de sonhos funcionando e fabricando mesmo – sim, eu sei que essa é a famosa expressão que se usa pra Globo, Projac, mas quem disse que os sonhos são feitos só na TV? Ela tem o jeito dela de fazer e o palco também ;)
E como é maior que a gente, que eu e ao mesmo tempo cabe em cada gesto, cada coisinha mínima que se pode fazer que faz a diferença: como ajudar a secar alguém repleto de suor que precisa trocar de roupa urgente, descabelar a bailarina que precisa entrar em modo trash em cena e assim fazer parte dela mesmo sem estar..... – tão poético... romântico, né? 
No meio do caminho, me vi escalada para um projeto paralelo que traçaria a participação da Cia no “McDia Feliz”, nascia o Animal Show, o pocket encantado que abraçava a campanha e a causa do câncer infantil e que foi abraçado, porque o que eram pra ser 3 apresentações em 3 shoppings simultaneamente – sim, no MESMO DIA – virou 5, pois recebemos o convite para mais 2 shoppings, logo veio a proposta de um flashmob para divulgar a campanha e lá se foi a bicharada toda invadir o McDonalds!



5 shoppings em 1 dia... 5 SHOPPINGS EM 1 DIA.... quase nem eu acredito que fiz tudo isso e fiz.... e no meio disso tudo, ainda veio o convite pra fazer mais uma apresentação no dia das crianças do Hospital Infantil e mais a surpresa de ir parar no Aeroporto para mais uma apresentação-relâmpago no saguão!
E sabe quem eu fui? De todos os bichinhos, o menos provável, o que ninguém pensaria ou lembraria de cara e que ia tender mais a assustar as crianças.... – sim, as crianças, meu primeiro infantil! 


Jacaré, quem diria hein


Mas não é que no Hospital Infantil, eu encontrei um mini-fã de Jacaré? Pra ver como as aparências enganam e se houver a intenção certa combinada com a energia certa, tudo se ajeita! Com carinho tudo se arranja e foi o CARINHO e a ENERGIA DO AMOR, que norteou esse projeto, criação de ninguém mais ninguém menos que Jamil Vigano, direção dele e do Seu Leandro Batz, por isso que foi assim: além do ouro, de diamante à vera! Consegui em uma oportunidade só, matar duas vontades: matar minha curiosidade imensa em ser dirigida pelo meu braço direito e pelo Leandro, que eu já vinha namorando de observar no Broadway – o musical em pré-produção da Grito na época, agora em produção.... Mas enfim, não é por isso que ia ser fácil, deu UM trabalho: porque como criar um corpo de jacaré? Emitir um som de jacaré? Soar jacaré e não parecer um sapo refletido no espelho? Como não deixar o ornamento aparecer mais que o próprio rosto? Como sentir e se emocionar como animal, se animal que é animal não sente? – aí vai dose poética de criação....

Tiery (Thiery?) de 3 anos, o pequeno nada secreto admirador do Jacaré  http://ricmais.com.br/sc/ver-mais/videos/personagens-de-historias-em-quadrinhos-divertem-criancas-no-hospital-infantil-de-florianopolis/
Todas essas perguntas se encontram em todo processo de construção e preparação que tive junto com todo o elenco para construir esse encantado pocket show, para virar um jacaré, que se constrói e se desconstrói, que dança, que canta, que sorri mesmo quando está morrendo ou quase sem fôlego e que se mantém firme e forte mesmo quase perdendo a cabeça – aí literalmente... #falhanossa
Ah! E eu não posso deixar de dizer como foi exatamente no Hospital: eu me senti um brinquedo vivo e aí morou a magia do negócio pra mim, inclusive de não sucumbir, marejar os olhos com os pequenos doentes e diante dos quartos –  flores nas janelas dos quartos inacessíveis e pequenos shows exclusivos em outros  corredores – me fazendo de estátua diante de uma menina e deixar ela sentir o gosto do poder de me descongelar com os olhos brilhando, dançar-virar estátua com "Eu me remexo muito" parando a recepção da emergência –  e ainda conseguir sentir que aliviamos a tensão do rosto de algumas mães e arrancar sorrisos delas e de alguns pequenos foi um presente que não se encontra em loja nenhuma, que não cabe em nenhuma caixa, do tipo que invade a gente por dentro, aquece o coração e faz a alma vibrar! 
Eu realizei um sonho, sonhos: fui além de sessões no plural, maratona, flashmob, todos foram importantes, cada um tão especial e lindo de viver, mas essa experiência de ir ao Hospital me realizou algo que eu guardava bem no fundo e que não sabia quando ia poder realizar, mas a Grito me fez viver: MUITO OBRIGADA!
Carão, postura, jogo de cintura, disposição, energia e força pra encarar qualquer desafio, ultrapassar qualquer limite ou barreira, é isso que a Grito tatuou em mim... e em tempos de tatuagens por livre e espontânea pressão que ganhei, veio uma nova proposta de trabalho: 2 esquetes temáticas para um belo hotel fazenda numa cidade aqui pertinho, temas bem fáceis de fazer: as nacionalidades alemã e italiana – fácil foi só força de expressão viuuuu...
Imagina cantar em alemão? – só imagina MESMO... hahahahaha
Realiza a situação de memorizar uma música alemã em dias.... criar e pegar todo o espírito universal da coisa em pouquíssimas semanas? Incluindo histórias, falas, improvisos regados à interação, coreografias.... #padrãoGritonaveia
E assim, quando menos esperava me tornei uma Frida e uma autêntica Mama #madeinGrito e fiz minha primeira passagem de som no estilo batatinha quando nasce – UHUM – , o primeiro microfone que coloquei na vida e o impacto de ver o próprio reflexo com ele no espelho – tinha cochia de espelho por lá, coisa de outro mundo – de fato, é de outro mundo quando você se vê pela primeira vez com um headset encaixado e acoplado no rosto: você muda, parece maior, parece além de você, é como se desdobrar sem sair de si e ficar admirado e chocado... – eu confesso que fiquei entre os dois e sem acreditar no que estava vendo pra variar – não bastando também o peso de estar com a camisa da Companhia.... – outro sonho secreto cultivado por anos....
Quantos anos em praticamente 1 ano? Porque ele está se fechando sim em um, meu primeiro de Companhia. Longe de me sentir veterana, mais ou menos menos caloura, para sempre um peixe fora d’água e EM família, porque no fim, é nisso que a Companhia Grito se resume e define: uma nova família que te abraça, a segunda casa que te recebe e te transforma: me transformou....
Pude ir além, me sentir aquém, mas ir definitivamente além do que eu entendia por horizonte e limite... não é fácil resumir isso tudo, esse meu primeiro ano, aqui de uma vez – até porque parece que começou ontem e que se passou um século – mas vai ter que ser assim porque não tem outro jeito, ele já está terminando e recomeçando – seguindo a lógica dos anos, já viramos de... vou ficar devendo os mínimos detalhes, mas aqui está tudo que mais me marcou, que minha memória gravou, minhas tatuagens...
Estar dentro da Cia é de longe a experiência mais surreal e real: de longe ela é imensa, as pessoas são extraordinárias e você olha pra elas da plateia e de repente do seu lado e pensa “meu Deus, o que eu estou fazendo aqui?”, mas aí é que está: se você está no meio dessas pessoas, é porque você você é como elas, vocês tem algo em comum, só estão em graus de evolução profissional diferente. Não achem que eu sou extremamente evoluída porque acabei de dizer isso, pois racionalmente, aqui escrevendo, funciona, faz sentido, mas pessoalmente, na flor da pele dá vontade de sair correndo; mas junto da vontade de sair correndo, vem outra de fazer igual, que eu vou te contar! Você se auto-motiva, se inspira e se desafia a fazer como quem faz mais que você e isso é de um efeito muito efervescente, não demora muito!
Muito suor, muita lágrima, mas muita inspiração envolvida e tcharam: VOCÊ CRESCE! Eu posso dizer que cresci muito, mesmo que só de olhar e me sinto engatinhar e se eu cresci, você também pode, caso esteja interessado, curioso e deseje, vou te esperar pra dar os primeiros passinhos e espacates comigo! o/

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Making of do Making of

Making of do Making of
Eu queria falar, dizer tudo que sentia, vivia, guardar de algum jeito cada pequeno detalhe, que me transformava em uma mulher, uma Atriz. Assim, eu criei esse espaço... tão meu.... seu.... nosso.... Aqui, eu tenho a minha coxia em forma de livro... um livro aberto de minha autoria — Renata Cavalcante, 28 anos, carioca da gema, prazer.... — narrando os bastidores da minha memória viva desde a preparação de Jeam Pierre até me tornar atriz da Cia. Grito de Teatro de Santa Catarina, numa evolução que vai do querer ser profissional a ser oficialmente reconhecida como tal — o antes e o depois do DRT, aqui pra você!

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